Chiclete com pão de queijo: Wolf Borges faz soul falar uai, entre outras inovadoras fusões de sons e de ritmos

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Jucilene Buosi e Wolf Borges cantam “Boca de Forno” e com os microfones simulam que estão mexendo em um tacho: música foi finalista em festival da EPTV (Fotos: Marcelino Lima)

O Barulho d’água Música acompanhou a apresentação do cantor e compositor Wolf Borges (MG) que abriu a agenda de setembro do projeto “Caldos com Sons Brasileiros”, do SESC Osasco. Wolf Borges está na estrada há mais de trinta anos e neste período, sempre trilhando por caminhos independentes, tem produzido composições e obras de rara qualidade que primam pela fusão de várias sonoridades, entre as quais a da música mineira com a da música norte-americana que resultou no seu mais recente álbum, “PDQJO Soul Music Project” (Pão de Queijo Soul).

Ao longo da carreira, Wolf Borges já gravou ou estabeleceu parcerias com expoentes da MPB e da música regional como Ivan VilelaPaulinho Pedra Azul, Toninho Horta, Rodrigo Zanc e Milton Nascimento, entre outros. Em Osasco, esteve acompanhado por Jucilene Buosi (atriz e cantora, com o qual dividiu o palco), o regente da Orquestra Filarmônica de Violas de Campinas João Paulo Amaral (viola), Deivid Santos (violão) e Fábio Daros (percussão). Em pouco mais de uma hora, cantou músicas de sua autoria como “Retratista”, “Graviola”, “Fruto e Pomar” e “Boca de Forno”, esta finalista de uma das edições do extinto festival da EPTV “Viola de Todos os Cantos”.

A plateia também ouviu releituras de “Anunciação” (Alceu Valença), “Meu ninho” (Ronaldo Bastos e Wagner Tiso), que se tornou sucesso interpretada por Beto Guedes, “Lindo lago do amor” (Gonzaguinha), e “Sir Duke” ( Stevie Wonder). Wolf  conversou bastante com os presentes e interagiu várias vezes com os músicos. “Como esfriou sem querer, vamos ver se a gente esquenta um pouquinho em uma viagem poética por meio de um resumo de vários momentos de minhas músicas”, disse. Ele observou que em seus discos busca a “fundamentação da cultura brasileira”, mas que também gosta bastante de fazer experimentações.

“Quando disse que partiria para fazer a fusão da música mineira com a norte-americana um amigo chegou a me falar que eu estaria ficando louco, pois esta mistura não existe”, contou. “Ele me perguntou: quais seriam os pontos em comum entre ambas? Eu respondi que talvez sejam apenas os nomes no plural, Minas Gerais e Estados Unidos. Mas fui em frente porque sempre acreditei que há um pouco de jazz em Milton Nascimento e que Stevie Wonder se harmoniza com Minas. O fato é que deu certo e acabei transformando esta experiência no Pão de Queijo Soul Música Project”, emendou. “Além do mais, a gente que gosta de boa música, gosta de músicas de todo o mundo.”

O sítio eletrônico de Wolf Borges traz um vídeo bem humorado sobre o mais recente disco. O quarto álbum da carreira é recomendado aos filhos do Tio Sam até mesmo pelo presidente Barack Obama, em um discurso eloquente diante da Casa Branca. Locutores e âncoras de vários noticiosos de grande audiência por lá também comentam ou apresentam a notícia do lançamento de “PDQJO Soul” e a divulgação provoca corrida às lojas de discos, grandes filas se formam não apenas em cidades estadunidenses. Por tabela, o prosaico pão de queijo passa a ser tão procurado que provavelmente desbancaria do topo das preferências ianques até mesmo o hot-dog, o hambúrguer e a batatinha frita se nos States, conforme lamenta um mestre-cuca, existisse disponível naquele país para preparo da iguaria em escala industrial o “ingrediente mineiro” que guarda o segredo de tão mágico e inigualável sabor.

Brincadeiras e paródias à parte, o disco reúne um casting de primeira linha de arranjadores, instrumentistas e interpretes, entre os quais quatro cantoras (Jucilene Buosi, Bomina Bouças, Marília Barbosa e Fernanda Brito). A resultante deste alquímico diálogo do “uai”, com o “Yes, Sir!”, são faixas com doses generosas do suingue do funk, de jazz, de blues, baladas românticas, ritmos pop que transportam ao ambiente dos musicais norte-americanos, mas com acentuado sotaque mineiro. A discografia inclui ainda “Impar”, “Singular”, “Circo dos Sonhos” e a trilha sonora composta por Wolf Borges para o monólogo musical “1984, Uma leitura musical”, que interpretado por Jucilene junta tango, valsa, bolero, frevo, rock progressivo, e hard-rock com uma delicada dose de lirismo e poesia ao recriar a famosa obra de George Orwell. Wolf ainda possui a coletânea de poesias “Catedrais de Vidro”.

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Wolf Borges já soma trinta anos de carreira e nos quatro álbuns que gravou tem parcerias com vários nomes de expressão da mpb e da música regional, como Milton Nascimento e Ivan Vilela

As próximas apresentações de Wolf Borges estão marcadas para as unidades do SESC de Presidente Prudente (13 de setembro) e Campinas (21 de setembro). Consulte mais informações pelo portal http://www.sescsp.org.br. Para saber mais sobre Wolf Borges visite http://www.wolfborges.com.br.

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