
Hoje, 25, o músico, compositor e jornalista Paulo Mourão, violeiro mineiro residente em Belo Horizonte, é quem recebe do Barulho d’água Música os “parabéns à você!”
O aniversariante Paulo Mourão é mais do que um artista um cidadão instigado, de grande saber e atuação política, de militância por causas que vão desde a defesa do meio-ambiente, solidariedade a minorias como o povo palestino ao livre culto das religiões. Algumas das composições presentes em sua discografia de seis álbuns, por sinal, para além de evocar e difundir as belezas do sertão, são belos hinos às crenças afro-brasileiras que professa, exprimindo por meio delas tanto o seu virtuosismo, quanto sua sua fé nos orixás, utilizando nos arranjos viola caipira com tambores e outros instrumentos de percussão tocados em terreiros.
A Bahia, mais precisamente Ilhéus, o acolheu por oito anos. E lá, na terra de todos os santos, onde animava bares e casas noturnas, Paulo Mourão gravou seu mais recente álbum, por meio do qual resgatou dez canções do começo da carreira de pelo menos quarenta anos. Flores e Feridas, produzido e arranjado por Esmera Rock, o levou de volta aos anos 1970, quando era adolescente e integrava o grupo musical Bandarra. Curiosamente, Paulo Mourão levou cartão vermelho da banda, mas já havia lavrado alguns temas que fazem parte do novo álbum que compôs entre os 18 e os 21 anos viajando entre o sertão e o agreste ou ao exterior — a maioria do trajeto a pé, quando não, na carroceria de algum caminhão.
“O legal é que são canções de minha juventude, do meu tempo de estrada, na acepção da palavra. São rocks, blues, baladas, todos compostos na viola de dez cordas”, afirmou Paulo Mourão, que conheceu várias partes do mundo em suas andanças. Além de Esmera Rock (guitarra e arranjos), Flores e Feridas conta com as participações de Ayam Ubráis Barco (baixo) e Jorge Bullet (bateria), Thiago Sales (bateria), Marco Aurélio (gaita) e Juarez Sales (viola 10 cordas); a musicoterapeuta Adriana Lopes, com a desenvolve paralelamente o projeto Flor de todo encanto, dividiu com ele os vocais dos shows na turnê de lançamento.
O repertório apresenta uma levada de blues e rock, em canções que citam Janis Joplin, Joe Cocker e Bob Dylan, entre outros ícones. Prisioneiro político em Belém, por conta de sua resistência ao regime militar que o submeteu inclusive a torturas, Paulo Mourão sentiu o gravar as dez faixas emoções e recordações fortes: “Vivi o embalo da contracultura, da droga, fui da linha de frente”. Que experiência rica para transmitir aos três netos! “Continuo querendo mudar o mundo, só que agora como um velho guerreiro”.
Paulo Mourão tem entre outros títulos em sua discografia, além de Flores e Feridas, Brilhantes Pedras Finas, Grande Viagem de Luz, Os Caboclos das Matas e Minas é Gerais, mais participação na coletânea do 2º Prêmio Syngenta de Música Instrumental de Viola, no qual gravou a bela Na imensidão do meu silêncio. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, trabalhou em veículos como a Revista Isto É, jornais como Estado de Minas, Última Hora e Estado de São Paulo, além da rádios Inconfidência, Guarani, Capital, Globo e BH FM.
N.R.: Paulo Mourão é apaixonado por bicicleta e há tempos vem planejando uma viagem pedalando de Belo Horizonte a São Paulo, mas ainda não encontrou tempo livre na agenda profissional e de shows para botar os pneus da magrela na estrada. E sabe na ponta da língua qual é o plural de arroz.