
O violeiro e violonista Valdir Verona, ao lado do acordeonista Rafael de Boni, gravaram um dos cinco melhores discos de 2014 na opinião do crítico musical Regis Tadeu (Foto: Divulgação)
O Barulho d’água Música acompanhou em Uberaba (MG) na noite de sábado, 7, o show de encerramento do I Encontro Nacional do Circuito de Música Dércio Marques, projeto da cantora e compositora Katya Teixeira, de São Paulo, recentemente agraciado com o Prêmio Brasil Criativo. Catorze músicos de vários estados subiram ao palco do Teatro do Sesi da cidade no Triângulo Mineiro. Um deles é Valdir Verona, da serrana Caxias do Sul. Ao lado de conterrâneos entre os quais estão Agostinho Gomes (Dominus Luthier) e Giancarlo Borba (Terra de Areia), Verona representa muito bem os gaúchos no Dandô, levando entre outras valiosas contribuições os ritmos e as tradições presentes nas músicas do sul aos quatro cantos do país.
Em uma de suas edições brasileiras, a Revista Guitar Player observou que não há como negar o grande desenvolvimento recente da viola de dez cordas no Brasil, principalmente em termos de linguagem, reconhecendo entre os baluartes que contribuem para este auspicioso movimento o nome de Verona somado ao de um panteão no qual são citados ainda mestres como Ivan Vilela e Roberto Corrêa, ambos mineiros, mais Paulo Freire (SP). A Guitar Player publicou que, além de exímio violeiro e violonista, estamos diante de um pesquisador incansável da cultura e do violão gaúchos. E indica dois livros dele como referências obrigatórias sobre o tema: 14 Estudos Progressivos – Violão Campeiro e Gêneros Musicais Campeiros no Rio Grande do Sul – Ensaio Dirigido ao Violão.
O trabalho solo de Valdir Verona ponteando os dois instrumentos conta já com os álbuns Uma Viola ao Sul e Na Estrada, carinhosamente autografados para o acervo deste blog. Os discos são agradabilíssimos, com faixas permeadas por uma afinada viola e participação de vários amigos. Valdir Verona também gravou com o Ária Trio o instrumental Ad Libitum — que de cara começa com Chamamé Blues, uma composição dele que bem poderia estar na trilha sonora de Pampas,Texas, ou melhor Paris, Texas — um cult dos mais aclamados de Wim Wenders.
Duo de viola e acordeon
Dois outros álbuns de Valdir Verona também merecem aplausos, estes produzidos com o acordeonista Rafael de Boni: Encontro das Águas (2007) e Duo de Viola e Acordeon. Em recente publicação em seu blog Na Mira do Regis, o crítico musical e produtor/apresentador dos programas Rock Brazuca e Agente 93 na Rádio USP FM (SP) Regis Tadeu destacou que se Encontro das Águas “já beirava o sublime”, em Duo de Viola e Acordeon Verona e De Boni tiveram “a manha de repetir o mesmo grau de qualidade”. O elogio ao disco que traz milongas, tangos e choros consta na matéria de Tadeu “Cinco ótimos álbuns revitalizam a música brasileira”, na qual o crítico ainda indica aos leitores o DVD do novo disco, gravado no Teatro Municipal de Caxias do Sul com o “auxílio luxuoso de Yamandu Costa”.
Valdir Verona e este blogueiro viajaram juntos de Uberaba até Campinas (SP) no domingo, 8 de fevereiro, após a festa no Sesi. Viemos de carona com João Arruda (SP), e em companhia de Oswaldo Rios (PR), duas outras estrelas do timaço nacional que o Dandô tem posto em campo. A conversa durante o caminho girou de A a Z, estreitando a nossa amizade. Para a satisfação do Barulho d’água Música, na bagagem vieram exemplares do mais novo álbum e do DVD destacados pelo Regis Tadeu, mais um 14 Estudos Progressivos Violão Campeiro. Faltava uma caneta na hora e estas três relíquias o guri não pode autografar, mas sem drama, tchê: ainda vamos nos encontrar outras vezes nas trilhas da viola e do Dandô. Entre um gole de mate e outro de vinho, ele poderá, então, escrever a dedicatória, assinando-a ao lado das palavras do também querido Rafael de Boni…

Imagem do DVD que Valdir Verona e Rafael de Boni gravaram com participação do conterrâneo Yamandu Costa, em Caxias do Sul

Dez anos após o assassinato de Dorothy Stang, mandantes continuam livres e o círculo vicioso de exploração, violência e impunidade ainda impera na Amazônia. Entenda: http://bit.ly/1EW0ZHt