O Barulho d’Água Música acompanhou na noite de ontem, 15 de julho, Sina de Cantadô, apresentação do cantador, violeiro e pesquisador Luiz Salgado (Patos de Minas/MG) no auditório da Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, em mais uma rodada do projeto Imagens do Brasil Profundo, que tem curadoria de Jair Marcatti. Salgado cantou músicas de sua carreira presentes nos álbuns homônimo ao show (aberto com o Canto a Oxalá), Trem Bão, já lançados, e Quanto mais meus óio chora mais o mar quebra na praia, que está em produção e terá financiamento coletivo pela plataforma partio.
Antonio Joao Galba, ao violino, e Cláudio Lacerda (Cláudio Lacerda), ao violão voz, fizeram participações das mais especiais em músicas consagradas da carreira de Salgado, como Noite e Viola, e ainda em Sinal, uma folia do goiano Domá da Conceição. O convidado de Marcatti mostrou, ainda, a novidade Flores de Outono, parceria dele com Consuelo de Paula (que estava na plateia)e gravará em Quanto mais meus óio chora…. O mineiro prestou seu tributo ao conterrâneo Dércio Marques cantando Leilão de Jardim, que ficou conhecida na voz de Diana Pequeno, entre outros intérpretes. Tudo sob as bençãos de São Gonçalo e prestigiado, ainda, pelo violeiro Sidnei de Oliveira, autor do álbum Prólogo e de um artigo recentemente publicado na revista da Editora Escala Filosofia, Ciência e Vida, na qual Oliveira aborda o risco de extinção das tradições ligadas à viola caipira pela aproximação da indústria cultural que, em breve, o blog publicará, na integra, como página especial.
Jair Marcatti explica que o objetivo do Imagens do Brasil Profundo, cuja primeira temporada ocorreu no ano passado, é trazer à tona um país mais interior. Em 2015, o programa, ampliado em relação ao formato do ano anterior, passou a abranger vários aspectos das diversas culturas regionais do Brasil, desvendados em diferentes shows, bate-papos musicais, debates e palestras que já receberam entre outros neste ano Katya Teixeira, Paulo Freire, Benjamin Taubkin e terá, também, as participações de Ivan Vilela e Zé Miguel Wisnick, entre as atrações previstas para agosto.
Luiz Salgado representou e conversou com o público sobre o Cerrado mineiro, bioma que o estimula e o inspira a desenvolver um trabalho fincado na expressão musical arraigada no Brasil profundo, na música que emana do que há de mais autêntico e genuíno em tradicionais festas populares — da folia de reis, do congado e da viola caipira. Com estes compromissos, ele celebra a beleza da tradição, da natureza, dos costumes e do folclore dessa região de Minas Gerais.
As composições de Luiz Salgado são ligadas tanto ao folclore, exaltando a biodiversidade e a cultura do povo do cerrado, quanto à religiosidade e outros costumes tradicionais. Ele as defende e já participou levantando estas bandeiras em vários palcos e festivais –, dos quais venceu o Canções para Arteiros, do Itaú Cultural, em 2009. Os discos são Trem Bão (2003), Sina de Cantadô (2007), e Navegantes (2010), além do DVD Noite e Viola (2012). Em 2013, em parceria com Katya Teixeira, fez o álbum 2 Mares.
Luiz Salgado já começou a gravar Quanto mais meus óio chora mais o mar quebra na praia, cuja faixa título vem cantando em apresentações do projeto cultural 4 Cantos, que desde 2011 ele protagoniza ao lado dos cantadores Cláudio Lacerda (São Paulo/SP), Rodrigo Zanc (Araraquara/SP) e Wilson Teixeira (Avaré/SP). Esta empreitada pode contar com a colaboração dos amigos e admiradores mediante contribuição, com direito a recompensas, à plataforma de financiamento coletivo (crowdfunding) partio. Para saber como participar clique emhttps://partio.com.br/projeto/luiz-salgado/
Após a apresentação de Luiz Salgado, o projeto com curadoria de Jair Marcatti voltará a ocorrer no dia 29, novamente a partir das 20 horas, no Auditório. O público acompanhará O Brasil profundo da Mantiqueira e da Literatura infantojuvenil e poderá interagir em um debate com Galileu Garcia Júnior e João Carrascoza.