Em mais duas rodadas do Dandô Circuito de Música Dércio Marques o público das cidades gaúchas de Caxias do Sul e de São Marcos poderão curtir as apresentações de Oswaldo Rios e de Rogério Gulin, integrantes do grupo paranaense Viola Quebrada. Em Caxias do Sul, a cantoria está marcada para começará às 20 horas da quarta-feira, 12 de agosto, na Sala de Teatro Valentim Lazzarotto, casa na qual serão recepcionados por violeiros locais. No dia seguinte, a partir do mesmo horário, Rios e Gulin ocuparão o palco do Auditório Municipal Joaquim Grizzon, junto à Prefeitura Municipal de São Marcos. Os anfitriões serão, igualmente, violeiros do município.
O Dandô Circuito de Música Dércio Marques recebeu ao final do ano passado quando completava exatamente um ano de caravanas o Prêmio Brasil Criativo. Recentemente, mais seis cidades goianas entraram para o circuito, que passou na ocasião a abarcar 33, composto por São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. A idealizadora é a cantora e pesquisadora Katya Teixeira (SP), que fomenta, por meio das apresentações, a circulação de música de qualidade inquestionável por todo o país, reunindo artistas de várias regiões, e, assim, criando intercâmbios, gerando novas plateias.
Quem já se apresentou possui trabalhos reconhecidos, mas merece melhor projeção no panorama nacional, o que proporcionaria às pessoas acesso a outras linguagens e propostas produzidas fora da “grande mídia”. Um artista sai de cada cidade e passa por todos os pontos do circuito, girando a roda de forma contínua. Cada edição conta sempre com um artista do local recebendo e abrindo o espetáculo para o convidado, em shows de aproximadamente noventa minutos. Ao final, um bate-papo entre artistas e plateia fecha a apresentação.
A cada novo show, transmite-se, ainda, o legado de Dércio Marques(Uberaba/MG), não apenas para a música, mas para toda a cultura popular brasileira. Dércio Marques morreu em julho de 2012, em Salvador (BA), deixando uma grande escola que transcende a composição musical e poética e propõe, ainda, uma postura mais íntegra e solidária de viver, voltada tanto para a preservação da natureza, quanto para o aprimoramento espiritual de cada indivíduo, sem deixar de lado o engajamento político e social que costura um mundo mais justo e fraterno.
O Prêmio Brasil Criativo destacou o Dandô na categoria Artes de Espetáculo/Música, em 3 de dezembro de 2014. Promovido pelo Ministério da Cultura, pelo Projeto Hub e pela 3M, contemplou 22 projetos perante um público de mais de 800 pessoas que foram à cerimônia no Auditório Ibirapuera (SP).

Álbum novo
O Grupo Viola Quebrada foi criado com a proposta de apresentar temas clássicos em arranjos recriados do repertório caipira e tem em sua formação seis músicos, com os seguintes instrumentos: violões, viola caipira, acordeom, baixo e percussão. Os integrantes são: Oswaldo Rios (voz e violão), que nasceu em Planaltina (PR) e tem gravado um CD solo chamado Retrovisor, e músicas gravadas por Arrigo Barnabé, Carlos Careqa, Tony Bonfá e pelo Coral da Universidade Federal do Paraná, entre outros. Marinez Amatti (voz e violão) nasceu em Londrina (PR) e estudou piano, licenciatura em Música e Musicoterapia. Rogério Gulin (viola caipira) é professor de Viola Caipira e Prática de Conjunto Caipira no Conservatório de MPB de Curitiba (PR), arranjador e compositor e lançou os álbuns Tempestade, Orvalho e Alinhamento. Rubens Nunes Pires (acordeão) tem licenciatura em música pela FAP de Curitiba, é professor de acordeão no Conservatório de MPB de Curitiba e de outras escolas de música. Marcão Saldanha (percussão) e Sandro Guaraná (baixolão) completam o grupo.
Em quinze anos, o grupo lançou cinco álbuns. O primeiro, Viola Quebrada (2000), tem participações de Pena Branca e Xavantinho, Roberto Corrêa e Terra Sonora. Viola Fandangueira (2002), duplo, só de fandangos, foi gravado com a Família Pereira de Guaraqueçaba, do Mestre Eugênio e Pedro Pereira, ambos da Ilha dos Valadares. Sertaneja saiu em 2003, com participação de Zeca Baleiro cantando o fandango paranaense Balão que cai; neste mesmo ano, o Violaa Quebrada participou de uma coletânea da gravadora Kuarup chamada Caipiríssimo, juntamente com Rolando Boldrin, Pena Branca e Renato Teixeira. Já Noites do Sertão (2006) onta com Alaíde Costa. Em 2011 os fãs ganharam Viola Quebrada canta Cascatinha e Inhana, nas versões CD e DVD, com participação das Irmãs Galvão.
Após Viola Quebrada canta Cascatinha e Inhana, o grupo começou a se dedicar a trabalhos autorais que resultaram no novo álbum em vias de lançamento, Meus Retalhos, para o qual Rogério Gulin e Oswaldo Rios compuseram novas musicas e celebraram parcerias com músicos como Paulo Freire, Consuelo de Paula, Chico Lobo e os poetas João Evangelista Rodrigues e Etel Frota. Com este projeto cultural, sem deixar de lado as tradições, aborda-se entre outros que fazem parte do cotidiano do homem do interior temas contemporâneos como a defesa da natureza (Rio do Peixe, de Gulin, Rios e João Evangelista Rodrigues) e Caminhos do campo (Gulin, Rios e Frota); êxodo rural (Meus Retalhos, Gulin, Rios e Etel Frota); fé (Louvação, Gulin, Rios e João Evangelista Rodrigues); festas de interior (Margarida, Gulin, Rios e Consuelo de Paula); amor, (Ilusões, Rios e João Evangelista Rodrigues e Zóio Seco, Rios e Paulo Freire). Meus Retalhos é, logo, a compilação de seis anos de composições e arranjos inéditos reunidos em 13 faixas de variados ritmos no gênero da melhor musica caipira, entre as quais há a instrumental Estação.
O projeto Meus Retalhos já tem shows de lançamento agendados em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, União da Vitória, Rio Negro, Maringá e Foz do Iguaçu, todas cidades paranaenses. São Paulo também vai acolher uma apresentação, marcada para 17 de setembro, no Itaú Cultural.