Há pouco mais de dois meses homenageado com um belo programa especial, gravado no auditório da Sala São Paulo, na Capital paulista no dia 20 de julho e levado ao ar em 20 de setembro para comemorar 10 anos do programa Sr. Brasil na TV Cultura, Rolando Boldrin recebeu na sexta-feira, 25, o título de Cidadão Guairense, concedido ao cantor, compositor, ator e escritor pela Câmara Municipal de Guaíra (SP). A honraria, aprovada por unanimidade, é indicação do vereador José Mendonça (PDT) e Rolando Boldrin a recebeu ao encerramento da II Feira do livro e Fórum Regional de Educação de Guaíra, em solenidade que transcorreu no Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça.
Sétimo broto de uma família cujos patriarcas tiveram doze filhos, Rolando Boldrin residiu na infância com pais e irmãos em Guaíra, situada a pouco mais de 60 quilômetros da cidade onde nasceu, São Joaquim da Barra. Costuma citar o município guairense como referência em sua formação cultural e recorda que lá começou a cantar formando a dupla Boy e Formiga — este personificado pelo irmão Leili. Veio de mala e cuia com apenas 16 anos para a Capital, e, sozinho, encarou trabalhos como sapateiro, como garçom, e como frentista, além de servir ao Exército em Quitaúna, hoje bairro de Osasco, cidade que se emancipou de São Paulo em 1962. Durante um ano e meio, trabalhou sem remuneração e conta que chegou a passar fome.
“Em Guaíra, havia (e há) muito peão de boiadeiro”, recordou Boldrin. “Na época era uma cidade muito pequena, com boiadas no meio das ruas de terra”, prosseguiu. “Eu tinha 7 anos, minha família não tinha rádio e as músicas que ouvia naquele tempo vinham do alto-falante da praça – rua 10, defronte à praça São Sebastião. Comecei a mexer com viola nessa época, porque toda cidadezinha do interior absorvia a música caipira tradicional, que eles hoje chamam de música de raiz”. Neste contexto Boldrin começava a fazer valer a vontade que nutria de cantar, tocar violão e “deitar prosa”. E ao atender ao que o próprio coração ditava, terminou por cultuar Guaíra várias vezes em sua obra, mencionando-a, por exemplo, em um crônica que ela é a cidade “da primeira viola e da primeira lágrima”.
Declarações como estas convenceram o proponente José Mendonça a prestar o tributo a Rolando Boldrin. Em sua justificativa, o pedetista observou: “O Rolando Boldrin é ícone da cultura brasileira, temos de reverenciá-lo. Ele não esqueceu suas origens e é um exemplo para as futuras gerações”.
Ao tomar conhecimento do título, o Sr. Brasil enviou mensagem à Câmara Municipal agradecendo pela deferência. “Em Guaíra nadei pelado nos ribeirões, cacei passarinho, brinquei de pião, bolinhas de gude, e tive os primeiros contatos com a música por meio dos alto-falantes do saudoso Lacativa, além dos primeiros ponteios de viola”.