O cantor e compositor Mauri de Noronha (Garanhuns/SP) lançará neste sábado, 3 de outubro, o álbum De repente, um cantador, no qual conta com a participação de Chico Pedro, flautista chileno integrante do Raíces de América. O show está previsto para começar as 20 horas, no Espaço da Rosa Latino Americana, casa cultural situada na rua Santo Antônio, 1025 , no tradicional bairro paulistano do Bixiga, com ingresso a título de apoio cultural estipulado em R$ 10,00.
Se todo artista tem de ir onde o povo está, ele precisa, também, indiscutivelmente, dos meios não apenas para chegar lá e honrar sua tarefa, mas também para dar o seu recado com o máximo de recursos e ferramentas, sem comprometer a qualidade de sua mensagem e trabalho, e gradativamente se firmar no cenário cultural em que estiver inserido.
Mauri de Noronha é um exemplo entre tantos outros que estão na estrada — recorrendo a uma frase que todos entendem o que significa –a buscar e já merecendo seu lugar ao sol. Há cinco anos residente em Aracaju (SE), entre 1975 e 2010 ele viveu em Sampa e em maio retornou para ser uma das atrações em Suzano do 3º Festival de Arte Popular do Alto Tietê, atendendo ao convite do malungo e produtor cultural Déo Miranda (SE), que a exemplo do amigo também batalha para tirar do papel competentes projetos e para decolar a carreira de cantor e compositor que conduz na região de Mogi das Cruzes (SP).
(Alô, Déo Miranda: aproveitamos a ocasião para antecipar nossos votos de feliz aniversário!)
Em Suzano, a atração principal, na ocasião, era Fernando Guimarães (MG), que Noronha descreveu como sendo uma “escola”. Mas o pernambucano cantou, declamou e interpretou músicas e poesias autorais com tamanha emoção que alcançou não apenas a imediata empatia, como ainda a justa simpatia junto a todo o público, deixando a impressão de que brilha mais do que suficiente para também fulgurar em outros espaços, encantar outros auditórios onde quer permitam que ele vá e assim aumentar (ou começar a angariar) seu cordão de fãs.
O músico canta com força e notável expressão poética, além de declamar épicos e contundentes textos que retratam belezas do sertão, denunciam sem panfletarismo toda exploração ao e o histórico sofrimento dos povos do agreste. A poesia de Mauri de Noronha trata dos descaminhos e dos amores e mesmo quando canta ele está declamando; essa é sua essência. O repertório é, portanto, autoral. Ele entoa parte deste trabalho que transita entre o canto e a declamação, entre sertão e mar com a mesma maestria sempre em parceria com Chico Pedro.
“A flauta de Chico Pedro acrescenta uma roupagem ilustre ao que e à forma que eu canto”, comenta Mauri de Noronha. “Sou uma espécie de menestrel, embora o formato de meu violão não corresponda tanto àquele da idade média, quando os violeiros destacavam-se mais pela técnica”, prosseguiu. “Eu toco meu instrumento pela alma, sou mais um cantador do que um repentista”, explicou. “Adoro o repentismo e o modo de cantar que é feito de improviso, mas como dizem lá no Nordeste, eu sou um poeta de caneta: escrevo meus poemas e os coloco dentro de um contexto.”