Evandro Camperom é de São Lourenço da Mata (PE), mas está em São Paulo há mais de vinte anos. Conta que onde cresceu a música se entranhava na paisagem e estava de corpo e alma dentro das quatro paredes já que o pai é igualmente cantor e compositor. Com tais estímulos muito cedo se interessou por canção popular, violão e poesia e desde a adolescência vem cultivando o ofício de compor melodias e letras que já desaguaram nos álbuns Algazarra e Ferramenta Quente, lançados em 2009 e em 2014. O abre-alas já colocava em campo um compositor atento às múltiplas possibilidades de nosso cancioneiro popular. Em algumas canções percebe-se uma sonoridade mais próxima da tradição brasileira, já em noutras rola uma paquera com o rock.
A banda que o acompanha é praticamente a mesma há dez anos e com ela Evandro Camperom gravou também Ferramenta Quente, com canções que se sustentam sobre uma estrutura enxuta, sutil e certeira, com afinados baixo, bateria e guitarra ao vivo, produzido por Fabá Jimenez (Ana Cañas e Filipe Catto) e Caio Andrade, com participações de Junio Barreto, Rodrigues Camperom, Bruno Tesselli e Daniel Brita.
Um dos coleguinhas da redação do portal Catraca Livre escreveu que “ouvir o sotaque pernambucano de Evandro Camperom acompanhando harmoniosamente suas letras bem traçadas e suas melodias bem executadas é um prazer. Daqueles que você tem ao ouvir grandes nomes da música brasileira”. O crítico prosseguiu observando que “Camperom é algo como um operário da canção e fazendo disso sua labuta diária, trafega maduro e seguro entre a poesia, o frevo, o baião, o Recife e a Avenida Paulista”. Ex- aluno de José Miguel Wisnik, Luis Tatit e Eduardo Seincman, conforme artigo de Daniel Brasil no blogue Revista da Música Brasileira, o “pernambucano-paulista (…) faz marchetaria com a linguagem poética”. Para Brasil, Camperom “tritura, corta em pedacinhos e recompõe de forma inusitada significantes e significados”; “Brinca com citações de clássicos da música popular, acrescentando nuances surpreendentes”; “faz uma bricolagem de versos arquetípicos (o samba que fiz pra ela não tem flor nem violão, não tem cravo na lapela, nem estrelas sobre o chão, não tem laço nem tem fita, não diz ‘cabrocha bonita, eu te dou meu coração’)”.
“Conheci Camperom ainda menino no Bar do Afonso, em Osasco, no começo dos anos 1990, depois nunca mais o vi”, recorda Paulo Netho. “Até que anos mais tarde Salatiel Silva começou a me falar que eu precisava ouvir as músicas do filho do Rodrigues Camperom, que eram boas demais e o escambau. Nessa época, o Evandro estava compondo as canções do seu primeiro CD, o ótimo e ainda desconhecido de muitos Algazarra“, prosseguiu Paulo Netho. “Claro que fiquei impressionado com o que ouvira; aí o cara lança outro trabalho de fôlego, ousadia e puro talento intitulado Ferramenta Quente, um encontro feliz entre palavra escrita e música”, emendou o anfitrião do Poesia Futebol Clube, arrematando: “Não tenho dúvida de que estamos diante de um dos nomes mais promissores da música de qualidade produzida no Brasil.”
Para saber mais sobre Evandro Camperom há a página virtual do artista cujo endereço é http://www.evandrocamperom.com.br. Neste endereço também estão disponíveis para serem ouvidos e baixados os dois álbuns, mas quem mora em Osasco e região poderá prestigiá-lo e adquirir cópias físicas dos discos no Sr. Glutton, situado na Rua João Teixeira Machado, 243, na Vila Campesina, há menos de 1.000 metros do terminal de ônibus da Vila Yara e do atual Paço Municipal de Osasco. Não há cobrança de entradas e o telefone para mais informações é (11) 3682-3592.
Nos próximos dias 11, 25, 31 e também em 1º de novembro, Paulo Netho e Salatiel Silva estarão com o Balaio de Doi2 e Ciranda de Cantigas no SESC Jundiaí como convidados de Priscila Modanesi para apresentações na Biblioteca, das 16h30 às 17h30, e Ciranda no Teatro, das 11 horas às 12 horas. Os projetos Balaio de Doi2 e Ciranda de Cantigas contam com as participações de Gustavo Pompiani, Ricardo Kabelo e Vinícius Bini.