Neste domingo, 1º de novembro, o programa Sr. Brasil será compromisso obrigatório para quem curte boa música: Rolando Boldrin receberá as cantoras Walgra Maria e Diana Pequeno, a partir das 10 horas, e também declamará o causo A Italianinha. As gravações serão reprisadas às 2 horas da quarta-feira, 4.
Walgra Maria é de São João da Boa Vista (SP) e estava acompanhada no dia da gravação no teatro do Sesc Pompeia por Renata Melo (voz), Vinícius Alves (viola) e Mauro César (cajón). Walgra cantou duas belas modas dos artistas daquela cidade Edvina e Fábio Noronha em disco que ela gravou, dedicado a ambos, e que deixaram Boldrin encantado por serem “simplesinhas”. Ela doou ao final das gravações um exemplar do álbum para o acervo do Barulho d’água Música, junto com Caminho da Fé, que tem a participação do saudoso Dércio Marques. Vinícius Alves disponibilizou o álbum instrumental Violas e Veredas.
Já Diana Pequeno (Salvador/BA) foi recebida com Mauro Peroni (violão), Ney Marques (bandolim) e Cássio Poletto (violino) e relembrou entre tantos sucessos que a consagraram Cantiga de Amigo (Elomar), Diverdade (Chico Maranhão) e Trem do Pantanal (Geraldo Roca e Paulo Simões).
Sobre Edvina e Fábio Noronha
Alegre e dinâmica, Edvina Noronha (1893-1985) nasceu e viveu sempre em São João da Boa Vista. Ainda criança manifestou veia artística aprendendo piano com o pai, instrumento considerado nobre no início do século XX. Mas a menina gostava mesmo era do violão, este apontado como supostamente vulgar para época e só tocado em botequins, o que não ficava bem para uma mocinha.
Ignorando as convenções, Edvina fez do violão o instrumento de sua paixão e teve participação ativa na vida cultural da cidade organizando musicais, saraus e peças teatrais apresentados no Teatro Municipal. Foi titulada membro honorário da Academia de Letras de São João da Boa Vista e compôs cerca de 500 músicas, todas para violão, a maioria ligada à vida simples do campo, ao folclore são-joanense e à exaltação patriota. As músicas Cateretê e Bolinho de Fubá tornaram-se nacionalmente conhecidas ao serem gravadas por Inezita Barroso.
Fábio Noronha (1918-1991), também são-joanense, aprendeu as primeiras letras no Grupo Escolar Coronel Joaquim José. Portador de um grave e raro defeito físico, ainda criança, examinado por especialistas, acabou desenganado pelos médicos, mas não se abateu. Atuou como jornalista, radialista, cronista, músico, poeta e escultor e desde jovem afirmou-se como um dos expoentes da intelectualidade local. Trabalhou na Rádio Difusora, depois, como filial da Rádio Piratininga de São Paulo, tornou-se diretor- gerente.
Escritor dotado de fina sensibilidade, em 1971, Fábio Noronha foi um dos fundadores da Academia de Letras de São João da Boa Vista, instituição na qual ocupou a cadeira 17. Como músico dominava cinco instrumentos. É coautor do hino Oficial de São João da Boa Vista ao lado da professora Lucila Martarello Astolfo e deixou valioso acervo de trabalhos literários.