744 – Próxima rodada do Imagens do Brasil Profundo terá bate-papo e lançamento de livro sobre Geraldo Vandré (PB)

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O livro de Vitor Nuzzi é um cuidadoso retrato de uma das personagens mais controversas da nossa música brasileira (Foto: Antonio Teixeira/CPDoc JB)

O Projeto Imagens do Brasil Profundo terá sequência em São Paulo nesta quarta-feira, 2 de dezembro, a partir das 20 horas, com um bate-papo na Biblioteca Mário de Andrade entre o mediador e curador do evento, professor Jair Marcatti, e o jornalista e escritor Vitor Nuzzi sobre a história do músico Geraldo Vandré, apoiado em exibição de fotos e de vídeos com o cantor, compositor e violonista brasileiro nascido em João Pessoa (PB). Em seguida, ocorrerá o lançamento do livro Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida, com Vitor Nuzzi à disposição para autografar exemplares que estarão à venda.

Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida está saindo pela Kuarup — editora que vem se destacando por colocar no mercado não apenas livros sobre e biografias de importantes baluartes da música popular brasileira, mas também valioso catálogo com álbuns primorosos. O livro de Nuzzi sobre um dos mais emblemáticos cantores e compositores de todos os tempos é um cuidadoso retrato de uma das personagens mais controversas da nossa música brasileira; descreve a vida de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias com amplo levantamento, a curta carreira que Vandré empreendeu, aborda sua vida no exílio e a volta ao Brasil, em 1973. A perseguição da censura sobre este que foi um dos artistas mais visados pela ditadura militar, lendas sobre a loucura e torturas impostas ao músico e que prejudicaram o conhecimento de sua obra também são relembradas e revelam como a repressão prejudicou o trabalho de Vandré. Algumas sequelas tornaram-se tão severas que o artista nunca mais se apresentou ou gravou nas terra que tem palmeiras e as aves que aqui gorjeiam…

Atualmente com 80 anos, Geraldo Vandré segue lembrado principalmente por participações em festivais dos anos 1960, época na qual defendeu sucessos como Porta Estandarte, Disparada e Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (Caminhando) — canção que ganhou status de ícone de resistência não apenas durante os hoje chamados “anos de chumbo”, mas que vem atravessando gerações  e conquistando novos admiradores com a força de um hino atemporal.

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores fez parte do controverso 3º Festival Internacional da Canção, com final promovida em 29 de setembro, no Maracãnazinho (RJ), três meses antes de o país ficar sob a égide que mais marcou o governo militar, o Ato Institucional 5. Aquela edição – que já registrara os vigorosos apupos do público contra É Proibido Proibir, que Caetano Veloso cantava com os Mutantes e que colocou a plateia de costas para o palco do teatro da PUC de São Paulo, o Tuca– entrou para história pela tônica de protesto ao regime militar, tanto nas canções como na reação do público. O anúncio de Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda, interpretada por Cynara e Cybele, como vencedora do Festival, fez despencar uma saraivada de vaias das arquibancadas  que claramente elegera a vice-campeã Para Não Dizer que Não Falei de Flores.

A música de Geraldo Vandré, interpretada pelo próprio autor, dali em diante, embora sem os louros do primeiro prêmio, notabilizou-se como canto contra a repressão política da época e assim vem sendo até hoje quando, por exemplo, voltou a ser lembrada nos movimentos de julho de 2013; Andança, de Paulinho Tapajós, Danilo Caymmi e Edmundo Souto, interpretada por Beth Carvalho e os Golden Boys, ficou em terceiro e Sabiá ainda faturaria a fase internacional do festival. 

O Projeto Imagens do Brasil Profundo tem curadoria do historiador e sociólogo Jair Marcatti, que o desenvolveu com o intuito de por em debate por meio de músicas, de filmes, de manifestações populares e de objetos o Brasil por dentro — aquele país que nas palavras de Ariano Suassuna, escondido em rincões considerados profundos, é muito vivo.  

Iniciado em 2014, na primeira temporada foram convidados violeiros que falaram sobre as ligações de sua música com a cultura caipira. Em 2015, com a ampliação do programa, passaram a ser abordados outros aspectos das diversas culturas regionais do Brasil, agora desvendados em diferentes formatos: shows, bate-papos musicais, debates e palestras.

Ao invés de promover abordagens tradicionais, Marcatti prefere convidar músicos, documentaristas, diretores de cinema, ativistas culturais e pesquisadores da cultura popular que em comum nutrem um modo de olhar aprofundado e amplo sobre o Brasil e promovem  trabalhos de pesquisa e resgate das nossas mais entranhadas tradições. Com cada um dos participantes, Marcatti aborda aspectos do universo cultural brasileiro, de nossas trajetórias, continuidades e rupturas; daquilo que sem nenhuma pretensão definidora poderíamos chamar de identidades brasileiras, no plural, com a vantagem dos exemplos serem pontuados no calor da prosa, ao vivo, pelo som dos instrumentos, muitos artesanais, e pela apresentação de outras formas de expressão cultural.

Serviço

Projeto Imagens do Brasil Profundo recebe Vitor Nuzzi, autor do livro Geraldo Vandré — Uma Canção Interrompida

Quarta-feira, 2 de dezembro, 20 horas, entrada franca

Biblioteca Mário de Andrade 

Rua da Consolação, 94, Centro, a menos de 1.000 metros das estações República e Anhangabaú da linha 3-Vermelha do Metrô.

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