755 – 2º Prêmio Grão de Música é entregue, com quatro atrações no palco, a 15 contemplados na Galeria Olido (SP)

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Socorro Lira (Foto: Daniel Kersys)

Quinze expoentes com trabalhos de qualidade indubitável ligados à produção e à divulgação da música independente receberam na noite de sábado, 5 de dezembro, o 2º Prêmio Grão de Música, iniciativa da cantora, compositora e poetisa Socorro Lira (PB) com apoio de parceiros e de entidades culturais, em cerimônia que transcorreu na Galeria Olido, em São Paulo. Os contemplados representam diversas vertentes musicais e vieram de vários estados do Brasil e até de Portugal para receber o troféu: uma estatueta, em bronze, idealizada por Elifas Andreato, artista plástico consagrado e que prestigiou a festa complementada por apresentações de Thamires Tannous (MS); Luiz Felipe Gama e Ana Luiza (SP); Cláudio Lacerda (SP); e Luanda Cozetti e Norton Daiello (duo do Distrito Federal que reside em Lisboa e forma o Couple Coffee), todos premiados.

Além da entrega do prêmio, Socorro Lira e os organizadores do 2º PGM  gravaram coletânea com faixas de cada um dos 15 agraciados que poderá ser ouvida e baixada, gratuitamente, do sítio do PGM. Duas edições anteriores, de 2009 e 2014, respectivamente, também estão disponíveis em www.premiograodemusica.com.br .

ttnanous blogluiza e gama clacerdaccoffee“Este prêmio é um esforço que nasce de um desejo compartilhado e que vai contagiando outros corações de artistas, e técnicos, de apoiadores, de pessoas que vão se juntando em torno desta ideia”, disse Socorro Lira ao agradecer àqueles que se somam a ela para a empreitada — a partir do ano passado, quando Salvador (BA) a acolheu, a premiação passou a ser anual.  O Prêmio Grão de Música busca promover a valorização da música brasileira de todas as regiões do país e, especialmente, dos artistas que a representam, referendando trajetórias e obras artísticas.

A lista deste ano, além dos que subiram ao palco da Galeria Olido para cantar, continha o grupo Moxuara (ES); Anchieta Dali; Gonzaga Leal; Antônio Madureira (PE); Mariana Baltar (RJ); Escurinho; Giovanna Farias; Vates e Violas (PB); Susie Mathias (PA); Makely Ka (PI); e Ninah Jo (PR).

mbaltar gfarias moxuara“Penso no Prêmio Grão de Música como um campo significativo e significante de valorização da música brasileira de todas as regiões do país”, disse Gonzaga Leal, de Pernambuco. “Cantores, compositores, intérpretes e instrumentistas, cuja criação contempla as características e sotaques diversos dessa nação, formam o Prêmio Grão de Música, senhor dos sopros e dos ventos, dos zumbos e das vozes, das modulações e vibrações”, complementou Leal, lembrando que a semióloga e ativista norte-americana Susan Sontang escrevera: “uma obra de arte é uma coisa do mundo, não apenas um comentário sobre o mundo”. Ainda para Leal (que está na coletânea com a faixa Na primeira cadeira que encontrei, de Juliano Holanda, a primeira do álbum), a iniciativa de Socorro Lira “é um prêmio que muito em breve o Brasil vai se orgulhar dele”.

“Estou muito feliz e honrada em receber o Prêmio Grão de Música pela música Meu Cordel, de minha autoria e do meu querido amigo e parceiro Paulo César Feital”, afirmou a paranaense radicada no Rio de Janeiro Ninah Jo. Ela emplacou na coletânea a primeira música que compôs já que até então se destacava como intérprete.

O casal que forma o Couple Coffee também marcou sua estreia em disco como compositores: Luandando é de Luanda e Norton, em parceria com Tiago Torres da Silva. Pela primeira vez em solo brasileiro nos últimos dez anos, o Couple Coffee abriu sua apresentação justamente com esta música e, depois, prosseguiu com sucessos brasileiros como Desafinado (Tom Jobim e João Gilberto) e Conversa de Botequim (Noel Rosa) intercalados com obras do português Zeca Afonso — como Balada de Outono e Vampiros; o refrão de Vampiros “Eles comem tudo/Eles comem tudo/E não deixam nada” colocou o público em pé.

A Galeria Olido fica na avenida São João, há poucos metros da rua Ipiranga, onde está na região central da cidade de São Paulo a sede da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, via que durante a cerimônia do 2º Prêmio Grão de Música estava ocupada por estudantes secundaristas, fortemente vigiados por cordões de policiais militares. Os garotos fazem parte do grupo de alunos que ocupou mais de 200 escolas em todo o Estado em protesto contra a intenção do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) de por em marcha um projeto de “reorganização” da grade escolar por ciclos e idades e que poderá fechar 93 unidades de ensino, sem consulta à sociedade.

Na sexta-feira, 4,  Alckmin decidiu adiar o início da reestruturação, provocou a demissão do então secretário de Educação, Herman Voorwald, mas não convenceu os estudantes — que, agora, exigem o arquivamento da matéria.

O movimento dos secundaristas rendeu vários discursos de apoio entre os contemplados do 2º PGM. Luís Felipe Gama, por exemplo, afirmou que os jovens deram exemplo de coragem e de resistência que há tempos não ocorria no Brasil; Makely Ka revelou que cantaria para eles em uma escola ocupada, no dia seguinte, e Luanda Cozetti comentou que a atitude dos estudantes comprova: “o poder pode estar, de fato, nas mãos do povo, embora tentem nos dizer o contrário”.

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Elifas Andreato também deixou homenagem aos estudantes exibindo a camiseta branca que usava por debaixo da camiseta e onde estampou a mensagem “É proibido pecar contra a esperança”, contendo imagem que ele desenhou de um garoto carregando a bandeira do Brasil. “Aos senhores que cuidam da cultura, da política brasileira, que gerenciam estes departamentos todos quase falidos: eu os proíbo de pecar contra a esperança, que está aqui, oh!”

Ao explicar a concepção do troféu que criou, Elifas Andreato acabara de protagonizar contundente discurso contra a “grande mídia” que “se dá ao luxo” de esconder “esta magnífica música que é a verdadeira música brasileira” representada pelos quinze contemplados do 2º PGM. Para ele, a iniciativa nasceu pequena, “mas com uma poderosa semente” que dará “frutos esplendorosos” e fará valer a máxima de Nelson Sargento, aplicada ao movimento independente, “agoniza, mas não morre!”. “É nosso caso aqui: agonizamos às vezes, mas morrer, jamais!”

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