803 – Ratos de Porão e trio “caipira” estão na programação de fevereiro de projeto do Sesc sobre o Lira Paulistana (SP)

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O Lira Paulistana começou como um pequeno teatro em Pinheiros, depois acolheu várias outras formas de manifestação artística dos integrantes da Vanguarda Paulistana engajada com a renovação de linguagens e do conceito de entretenimento durante seis anos, agitando os parâmetros culturais não apenas em Sampa, mas país afora (Foto: Arquivo Pessoal de Calil Neto)

O Sesc Ipiranga está promovendo espetáculos musicais e atividades protagonizados por expoentes da turma de artistas que formou a Vanguarda Paulista entre 1979 e 1986, inicialmente concentrada no teatro Lira Paulistana, que ficava no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo. Batizado Lira Paulistana: 30 anos. E depois?, o projeto pretende gerar reflexões e por em debate a produção contemporânea, convidando artistas daquele movimento para discorrer sobre os caminhos da criação e como se desenha hoje, em Sampa, os espaços catalisadores da nova produção e do experimentalismo. O cronograma começou a ser cumprido em janeiro e prosseguirá com novas atrações neste mês, com ingressos cotados entre R$ 6 e R$ 20,00.

Os seis anos que abalaram São Paulo e mudaram o jeito de fomentar a cultura popular e oferecer opções de entretenimento muitas vezes apoiadas em linguagens e recursos inovadores e contestadores, em um momento no qual o Brasil começava a sair das amarras da censura e os anos de chumbo a derreter, remontam a 25 de outubro de 1979. Naquele dia começou a pulsar um teatro cercado por arquibancadas capazes de acolher 250 pessoas, em um porão situado na rua Teodoro Sampaio, uma das mais tradicionais e movimentadas vias de Pinheiros e da Capital. Vivia-se a estreia da montagem teatral É fogo paulista, com direção de Mário Mazetti, conforme consta no blogue Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista.

O pequeno espaço, concebido para ser apenas um teatro, já conhecido pelo nome Lira Paulistana, passou a ser frequentado também por músicos, cineastas, escritores e poetas, artistas plásticos e jornalistas, entre outros. “Em pouco tempo, virou o ponto de encontro da Vanguarda Paulista, que nada mais foi do que uma explosão simultânea de artistas de enorme criatividade, em um dos mais estimulantes movimentos culturais experimentados pela capital paulista”, destaca os responsáveis pelo blogue que pode ser acessado com um clique no linque em azul claro.

O afluxo do público, de intelectuais, de artistas e de agentes culturais, somado à efervescência e à força do que era produzido no teatro Lira Paulistana (já transformado em Centro de Artes, gravadora e editora) em pouco menos de um ano tornaram o porão pequeno para concentrar tamanha variedade e as manifestações e atividades que ali encontravam lugar terminaram por se espraiar para diversos pontos – um dos quais a Praça Benedito Calixto, defronte à sede. Espaços populares e icônicos como a Avenida Paulista, a Universidade de São Paulo (USP),  e o bairro do Bixiga constaram entre estas extensões, mas a Vanguarda Paulista ainda desceu ou subiu serras rumo ao Litoral Paulista e a Campos do Jordão, por exemplo. E provocou filas e lotações históricas quando recorreu a palcos de casas como os teatros Bandeirantes e da Universidade Católica da PUC-SP (Tuca).

O Lira Paulistana teve um selo fonográfico que estreou com a gravação de Beleléu, bolachão de vinil com Itamar Assumpção e a banda Isca de Polícia, além do semanário cuja pauta obedecia a divulgação de projetos e de eventos culturais e de lazer e muitos serviços. Uma das edições, em janeiro de 1982, homenageou a cantora Elis Regina, que acabara de morrer.

O blogue que o Barulho d’água Música utilizou como fonte de pesquisa lembra que Itamar Assumpção era colega de ilustres da cultura nacional como Tetê Espíndola, Ná Ozetti, Luiz e Paulo Tati, Suzanna Salles, Cida Moreira, Nelson Ayres e Jorge Mautner, que também batiam ponto no teatro Lira Paulistana. Laura Finochiaro, Paulo Caruso, Passoca, Paulo Barnabé, Kid Vinil, Lanny Gordin, outros que tinham a carteirinha, sempre pintavam por lá para trocarem figurinhas com os integrantes de grupos e de  bandas tais quais Língua de Trapo, Premê, Rumo, Paranga, Ultraje a Rigor, Titãs, Ratos de Porão, Mercenárias, entre outros.

Veja abaixo a programação de Lira Paulistana: 30 anos. E depois? conforme publicado pela revista Em Cartaz,  de fevereiro*.  O Sesc do Ipiranga fica na rua Bom Pastor, 822, telefone 11-3340-2000.

5/2, sexta-feira,  21h, Patrulha do Espaço e Edu Falaschi: Banda criada em 1977 é uma das principais expressões do rock brasileiro das últimas décadas. Com a participação de Edu Falaschi, cantor e compositor da banda Angra e, atualmente, líder da banda Almah, ambas de renome internacional.

6/2, sábado, 21h , Violeta de Outono e Fernanda Kostchak: A banda formada em 1984, em São Paulo, molda sua sonoridade ao misturar as tendências correntes na época com a psicodelia de Pink Floyd e sucessos do The Beatles. Participação da violonista Fernanda Kostchack, integrante da banda Vanguart.

7/2, domingo, 18h, Cólera: Banda criada em 1979 gravou, em 1982, o primeiro álbum do punk rock nacional, Grito Suburbano 

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Ratos de Porão, atração da segunda-feira, 8 (Foto: Wander Willian/Divulgação da banda)

8/2, segunda-feira, 18h, Ratos de Porão:  A banda de hardcore punk/crossover thrash formada em novembro de 1981, apresenta show de seu mais recente álbum, Século Sinistro, além dos sucessos de carreira 

9/2, terça-feira, 18h. Mercenárias: A banda post-punk retorna como power trio e mostra o vigor seu repertório que inclui clássicos como Me Perco Nesse Tempo, Santa Igreja e Polícia.

12/2, sexta-feira, 21h, Papavento e Medusa: Chico Medori e Amilson  Godoy, integrantes da formação original do Grupo Medusa, reúnem-se para resgatar sons viscerais, relembrando temas  que fizeram história na música instrumental brasileira. O Papavento apresenta composições e arranjos do repertório antigo.  

13/2, sábado, 21h, O Terno e Suzana Sales: O power-trio de canção-rocknroll-pop-experimental de São Paulo convida a cantora Suzana Sales para, juntos, interpretarem canções dos três álbuns do grupo, além de alguns temas que foram sucessos na voz de Suzana Salles.

14/2, domingo, 18h, Gereba, Passoca e Alzira Espíndola: Passoca executa as canções do CD Suíte Paulistana, Gereba apresenta o show interativo Cante Lá que Eu Toco Cá, com clássicos populares de Luiz Gonzaga, Pixinguinha e Caymmi, e Alzira interpreta sucessos de carreira.  

19/2, sexta-feira, 21h, Pé ante Pé: O grupo formado no final dos anos 1970 era profundamente comprometido com a música popular brasileira de raiz, buscando uma sonoridade que a um só tempo fosse originalmente brasileira e que contivesse a liberdade de improvisação do jazz.  

20/2, sábado, 21h, Quinteto Pierrot interpreta e apresenta obras do repertório contemporâneo dos séculos XX e XXI. Seu nome é uma homenagem ao clássico Pierrot Lunaire de  Arnold Schoenberg.  

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O trio caipira da Vanguarda Paulista Passoca, Gereba e Alzira Espíndola (Fotos disponíveis na internet, sem atribuição de crédito aos autores)

21/2, domingo, 18h, Anelis Assumpção e Os Amigos Imaginários: Na década dos anos 1990, Itamar Assumpção convocou jovens instrumentistas e formou a Banda”Orquídeas do Brasil. Juntos, gravaram a trilogia Bicho de 7 Cabeças. Anelis apresenta seu novo trabalho, Anelis Assumpção e Os Amigos Imaginários.  

26/2, sexta-feira, 21h, Freelarmônica: Composto de músicos jovens e empreendedores, o objetvo  é a  valorização da música instrumental. 

27 e 28/2, sábado, 21h,e domingo, 18h, Maurício Pereira e Metá Metás: Maurício Pereira apresenta as composições de seu novo disco, Pra Onde Que Eu Tava Indo. 0 trio Metá Metá trabalha com a diversidade de gêneros musicais brasileiros, dialogando com referências do rock, afrobeat e dos batuques brasileiros. 

 Bate-papo grátis, 20/2, sábados, 19h30, A Importância do Cartum e das Artes Visuais no Lira Paulistana: Paulo Caruso, Luis Gê e Gal Oppido reúnem-se para lembrar o cenário do quadrinho alternativo brasileiro nas décadas dos anos 1980 e 1990 trazendo algumas reflexões sobre o humor gráfico.

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O cartunista Paulo Caruso estará no bate-papo de 20 de fevereiro (Foto disponível no portal Catraca Livre sem atribuição de crédito ao autor)

 Bate-papo grátis, 27/2, sábados, 19h30, Música Independente: do Lira ao Streaming. João Gordo, guitarrista da banda Ratos de Porão, e  Wilson Souto, um dos criadores do  Lira Paulistana, debatem em que medida as novas plataformas de streaming têm possibilitado a absorção da produção de artistas independente, com mediação de Thales Menezes. 

*Programação sujeita a alterações á critério do Sesc após a publicação deste texto

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