O Centro Cultural da Penha, um dos bairros mais populosos e tradicionais da zona Leste paulistana, receberá neste domingo, 28, um cantor jovem, da nova safra da cidade, Edu Sereno, que nasceu e cresceu naquele reduto cercado por diversidade musical e cultural das mais significativas. Em pouco tempo de estrada, Edu Sereno já conquistou admiradores em mais de sete capitais e vem ganhando notoriedade cada vez maior. O que impulsiona são letras provocativas para arranjos urbanos do repertório que fará parte de O pão que o Diabo ama sou, cujas composições, mescladas a outras de Esquinas, Janelas e Canções (2013), comporão a apresentação de 60 minutos prevista para começar às 19 horas, com entrada franca, no Teatro Martins Penna.
Edu Sereno, conforme destaca a assessoria de imprensa do músico, por meio de uma sonoridade que pode ser classificada como universal e ao mesmo tempo brasileira, compartilha com o público tão somente o que o mundo compartilha com ele. Gosta de abordar em suas obras tanto sensações provocadas por paisagens de seu bairro, quanto o impacto que experimenta ao vivenciar amores e desventuras, além de “toda sorte de coisas que se pode cruzar”. Ao cantar, portanto, divide experiências em relação à vida e ao mundo e assim “estabelece laços, arranca aplausos, sorrisos e até lágrimas por onde passa”.
O pão que o Diabo ama sou chegou em outubro. de 2015. Neste disco de estreia, Edu Sereno traz um registro das canções nascidas e amadurecidas durante a turnê de Esquinas, Janelas e Canções, com a qual circulou por mais de 40 palcos Brasil afora situados em Recife, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, e São Paulo, atingindo lotações consideráveis em teatros e projetos do circuito Sesc e da Virada Cultural, além de casas como o Palácio das Artes, o Solar de Botafogo, e Centro Cultural São Paulo. O título do disco, a primeira vista, sugere um velho ditado popular, mas exige atenção, pois os enigmas e dilemas mesclados em suas faixas não param por ai. “Eu sou raro feito estrela cadente, nas noites de São Paulo.”
Faixa após faixa, retratando sutilmente o cotidiano da maior cidade do Brasil, as canções vão acessando memórias e experiências mais íntimas, resinificando antigos valores e percepções por meio de de uma poesia imagética, deixando na boca a sensação de que mais importante que as respostas, são as perguntas.”Confesse a si mesmo o que sente a cerca de nós, se apresse lentamente, abra sua mente a cada pôr do sol”, ele propõe.
O Barulho d’água Música assistiu videoclipes que Edu Sereno gravou com várias de suas músicas e deixa a dica: escutem com ouvidos de quem quer ouvir e com muita atenção (e carinho!) o que este jovem poeta repercute e compartilha em suas surpreendentes composições, apresentadas em arranjos dos mais ecléticos que goleiam clichês e vão bem além do combo bem comportado guitarra, percussão e violão. Mantra, crônica por ruas de Sampa ambientada em uma loja de bugigangas, uma lanchonete e esquinas&quebradas como a avenida Brigadeiro Luís Antônio com a rua Humaitá, no bairro Bela Vista, na região do Bexiga é um exemplo de sua veia artística e composicional — elementos de renovação da música popular que também temperam criações do Vanguart, de Lineker, de Peri Pane, de Roberta Campos e de André Salomão, entre outros novos (se assim podemos chamá-los) vanguardistas: narra os primeiros “sintomas” e evidencias de de uma paixão que começa a brotar entre um rapaz recém demitido e uma moça durante a correria de ambos no dia a dia paulistano, sugerindo um novo Eduardo e Mônica que apenas o olhar mais atento poderia captar em meio ao frenético vaivém de um grande centro e seus ambientes hostis nos quais costumamos esbarrar e cruzar com tantas pessoas sem ao menos percebê-las, passando por nós e por elas como se todos fôssemos apenas fantasmas ou autômatos.
O Teatro Martins Penna do Centro Cultural da Penha fica no Largo do Rosário, 20. Para mais informações há o telefone (11) 2523-9200
* Com Leonardo Almeida, assessor de imprensa de Edu Sereno. O autor da foto do cantor, no destaque, é Cleiton Tiburcio.