A Superintendência de Comunicação Social da USP (Universidade de São Paulo) lançou neste mês de fevereiro a edição 111 da Revista USP, cujas 180 páginas oferecem aos leitores, aos estudantes, aos acadêmicos, aos artistas e ao público afins um dossiê sobre a MPB. Os textos da publicação, organizados pelo violeiro Ivan Vilela, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), são assinados por ele e mais dez professores e pesquisadores da Universidade que também gravaram vídeos para o Jornal da USP nos quais expõem ideias e abordam desdobramentos sociais e técnicos da música popular brasileira, tão apreciada ao redor do mundo, mas pouco estudada nas universidades. “O conhecimento da música brasileira pode nos trazer um outro olhar sobre nós mesmos, sobre a nossa história, sobre nossa formação cultural”, afirma Ivan Vilela, autor de Canonizações e esquecimentos na música popular brasileira. “No entanto, nossas escolas de música são, na grande maioria, escolas de música clássica europeia”, lamenta-se o coordenador.
Entre os artigos do dossiê, em matéria simultânea ao lançamento da revista, o Jornal da USP destaca A arte de compor canções, do professor e músico Luiz Tatit, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). O professor da Faculdade de Educação Celso Favaretto, outro articulista, escreveu O tropicalismo e a crítica da canção, enquanto o professor da ECA Ivan Siqueira abordou a obra de Djavan — controverso ídolo da MPB que tanto desperta admiração pública, já que considerável parcela dos radio-ouvintes aprecia as criações do autor de Flor de Lis, quanto provoca ácidas críticas dos que torcem o nariz para as composições dele classificando-as, entre outros adjetivos, por “samba inexpressivo”, conforme observa Siqueira ao lembrar que esta foi a primeira definição crítica que tentaram pespegar às músicas do alagoano, também criador de Seduzir.
O dossiê ainda oferece O ijexá no Brasil: rítmica dos deuses nos terreiros, nas ruas e palcos da música popular, de Alberto Ikeda; Gravando! A renovação tecnológica e a consolidação do papel do produtor na música popular do Brasil; de Eduardo Vicente; e Canção popular, música e poesia: períodos, categorias e níveis de articulação composicional, de Sergio Molina. O professor da ECA e regente titular da Orquestra de Câmara da USP (Ocam) Gil Jardim colaborou com O arranjo como estrutura e tecido do discurso musical. Completam a presente edição da revista trimestral Nota sobre o disco Encarnado, de Juçara Marçal (2014), de Walter Garcia; A etnografia musical como meio de desenvolvimento artístico: um relato, de Chico Saraiva; e Criar um mundo do nada, de José Geraldo Vinci de Moraes.
A Revista USP #111 custa R$ 20,00 e pode ser adquirida mediante ligação para o número de telefone 11 3091-4403.
A obra de Djavan, que tanto recebe elogios, quanto críticas, mereceu olhar mais apurado de Ivan Siqueira, um dos autores dos textos que compõem as páginas da revista da USP sobre MPB (Foto disponível na internet sem menção do crédito do autor)
O Barulho d’água Música também recomenda aos amigos e seguidores que querem desenvolver pensamentos crítico e embasado sobre a MPB os livros A Canção Brasileira: Leituras do Brasil através da música, de Santuza Cambraia Naves (Editora Zahar); Uma história da Música Popular Brasileira, de Jairo Severiano (Editora 34); e O Alcance da Canção, de Luís Augusto Fischer e Carlos Augusto Bonifácio Leite (Arquipélago Editorial).
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