922- Alexandre Moschella, violonista que transporta o universo de Riobaldo para as cordas, é atração da Unibes Cultural

(…) Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso (…)

Trecho de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa

A obra do escritor João Guimarães Rosa, em especial o livro Grande Sertão: Veredas, tem merecido várias adaptações e releituras nos diversos campos das manifestações artísticas e, na música, espetáculos e discos que permitem à plateia e aos ouvintes conhecer o universo de Riobaldo, principal personagem do consagrado romance no qual o ex-jagunz conta aventuras guerreiras e espirituais mergulhado em atmosferas e sensações, não apenas narradas, mas também cantadas em sua prosa experimentalista e sonora. Um destes trabalhos que procuram aproximar o público do místico sertão roseano é o do violonista paulistano Alexandre Moschella, intitulado grande sertão: variações, atração gratuita que a Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) Cultural programou para o sábado, 25 de março, a partir das 17 horas. 

grande sertão: variações estreou em Bucareste, Romênia, em 2008 e, depois de apresentações em várias capitais brasileiras, em 2010 recebeu o Prêmio Funarte de Circulação Literária, como incentivo para uma nova turnê nacional. Trata-se de uma inovadora homenagem a Guimarães Rosa concebida na ocasião do centenário do mineiro de Cordisburgo, nascido em 27 de junho de 1908. O formato, inédito, consiste em um recital de violão inspirado em Grande Sertão: Veredas, obra-prima que se tornou um paradigma da literatura moderna brasileira e universal.

Moschella, também jornalista, comenta em seu sítio eletrônico que as apresentações são introduzidas pela recitação de breves textos extraídos do livro. “Partindo de minha experiência pessoal de leitura e escuta, proponho associações entre as obras musicais e trechos do romance”, afirmou, observando que procura explorar a alquimia entre a musicalidade literária e peças escritas para violão por compositores contemporâneos de Guimarães Rosa, entre os quais Heitor Villa-Lobos. A intenção é ir além da música de raiz normalmente associada à obra do também criador de Diadorim (e de outros escritores modernos), fazendo jus à rica estética literária por meio de um repertório que renda igual homenagem ao popular e ao erudito.

A originalidade e o encontro de linguagens marcam o estilo de Alexandre Moschella, cujo talento já arrancou aplausos em prestigiadas salas de concerto do Brasil e do mundo por protagonizar espetáculos inspirados pela contemporaneidade e pela releitura das tradições que dialogam com outras artes, como a literatura e o vídeo. O músico consegue, assim, transcender o formato tradicional do concerto clássico, oferecendo ao público novas formas de aproximação e apreciação da música.

A inovação também é marcante em sua maneira de tocar: Moschella é pioneiro na adoção de uma postura na qual o violão, abraçado na vertical, à maneira do violoncelo, apóia-se em um espigão, posição que de acordo com o violonista oferece mais liberdade de movimentos, sonoridade e expressividade.

Bacharelado em Violão Erudito em 1996, Alexandre Moschella aperfeiçoou-se em cursos e master-classes no Brasil, Europa e Estados Unidos ministrados por reconhecidos mestres dos cenários nacional e internacional tais quais Fábio Zanon, Henrique Pinto, Sérgio e Odair Assad, David Russell, Leo Brouwer e Paul O’Dette. Depois da graduação, iniciou estudos avançados com o renomado violonista escocês Paul Galbraith, que viria a se tornar seu principal mentor musical. Paralelamente à carreira musical, é bacharel  em Comunicação Social/Jornalismo e coordena projetos editoriais relacionados à música e à cultura, contribuindo neste setor com artigos, entrevistas e traduções para a grande mídia e a mídia especializada.

A Unibes Cultural é um edifício acessível situado à rua Oscar Freire, 2.500, ao lado da estação Sumaré da linha Verde/2 do Metrô de São Paulo. Possui estacionamento conveniado que fica a menos de cem metros do prédio e oferece elevadores, cafeteria, wi-fi livre, ar condicionado e segurança 24 horas. Para mais informações os números do telefone disponível são 11 3065-4333.  

 


#ficaadica

O Barulho d’água Música também recomenda entre outros trabalhos que mergulham no universo de João Guimarães Rosa os álbuns Rosário (do grupo paulistano Nhambuzim); Imaginário Roseano (dos mineiros Rodrigo Delage, João Araújo e Geraldo Vianna); Rosas para João (Renato Motha e Patrícia Lobato); Cartas ao Velho Rosa (Pedro Antônio); e Mineirada Roseana (Téo Azevedo) além do espetáculo O Sertão na Canção, protagonizado por Jean e Joana Garfunkel, pai e filha coordenadores do projeto Canto Livro.

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