940 – Eduardo Kusdra (SP) anuncia “Homeland”, álbum que traz música em inédita parceria com Charlie Chaplin

O músico e produtor independente paulistano Eduardo Kusdra divulgou que pretende lançar na primeira quinzena de maio o 20º álbum de sua trajetória, com campanha de divulgação organizada pela agência norte-americana Glass Onion. Homeland, nome dado ao disco, conterá dez músicas autorais inéditas (mais uma versão de Soon, da banda inglesa Yes), entre as quais Machine Man, que já desperta forte expectativa entre amigos e fãs. O motivo para que justamente esta faixa que encerrará a lista das 11 tenha se tornado tão aguardada é a parceria com nada mais, nada menos, que Charlie Chaplin (1889-1977), ator londrino que eternizou a personagem Carlitos em memoráveis filmes da era do cinema mudo, fato inédito que Eduardo Kusdra acredita que registrará “sem dúvidas o acontecimento mais marcante da minha carreira, que dificilmente será superado”.

Machine Man é inspirada no filme O Grande Ditador, no qual há um célebre discurso que na opinião de Kusdra reúne “as palavras mais tocantes, bonitas e comoventes já ditas por qualquer ser humano”. O músico atualmente residente em Araras, cidade do Interior paulista, conta que daquela fala que Chaplin eternizou em 1940 extraiu um trecho da voz do ator para compor a trilha original e, em seguida, encaminhou-a para a Roy Export S.A.S, empresa que está sediada em Paris e administra toda a obra do artista, em conjunto com parte da família do criador do amável O Vagabundo (The Tramp) das películas em branco e preto.

“Depois que analisaram minha música, a resposta veio muito além do que eu pretendia: a Roy Export S.A.S. me orientou para que a minha composição seja atribuída a Charlie Chaplin (letra) e Eduardo Kusdra (música)”, regozijou-se o autor da composição. “Portanto, passarei a ser (pela primeira vez na história) um compositor cuja obra conterá uma música em parceria póstuma com o Charlie Chaplin, oficializada pela família e pela detentora dos direitos sobre a obra dele”, emendou. “Isso é absolutamente surreal, gratificante e motivo de extremo orgulho, privilégio e honra pra mim”, completou Kusdra, deixando público “um forte agradecimento a Kate Guyonvarch e a Arnold Lozano, da Roy Export S.A.S, pela atenção e carinho comigo”.

Homeland, cuja arte da capa já ficou pronta e é assinada por Sebastião Rocha (Tião Rocha), responsável pelas 19 anteriores, contará com as participações de PJ Diniz, da banda mineira Jota Quest, Maria Eliza (cantora que pode ser ouvida também em Metropolis e Interestrelar, dois dos álbuns de Kusdra), Daniel Coimbra (vocal) e Dão (percussão). A distribuição ficará a cargo da Tratore, como já ocorre com os trabalhos anteriores, e para a qual interessados em comprar algum dos títulos podem recorrer. Outro caminho é encomendá-los diretamente com Kusdra ou procurá-los em unidades da Livraria Cultura.

Proprietário do Estúdio Arte Master, Eduardo Kusdra é maestro, arranjador e produtor musical dos mais conceituados do Brasil, além de endorser da fabricante polonesa de instrumentos artesanais Mayones. Morou durante seis anos em Nova York e na The Big Aplle estudou orquestração e piano; já participou da gravação de mais de 80 álbuns de artistas dos mais diversos estilos e dividiu o palco e os estúdios com músicos como Arthur Maia, Terry Bozzio, Maguinho Alcântara Brecht, Albino Infantozi, Funk Como Le Gusta, Tony Levin, Diego Figueiredo, Vitor Lopes, Grupo Soul Dreams, Andria Busic, Faíska e André Christovam, em mais de 30 anos de estrada; participou do seminário Mix with the Masters com o engenheiro de áudio Chris Lord-Alge, em Saint Remy de Provence (França).

“Eu não defino minha música, é sempre bom uma opinião externa para isso”, pontifica, sorrindo, observando, entretanto, que “certamente ela é uma mistura de todas as minhas influências, referências e das minhas criações individuais”. As influências passam pelo Rock Progressivo, Jazz, Flamenco, Blues “e pela música genuinamente brasileira”, frisa Kusdra. Alguns nomes que ele sempre tem em mente vão de Frank Zappa, The Beatles, Yes, Genesis, Peter Gabriel, Ian Anderson, Neil Young, Paul Simon, Al Di Meola e John McLaughlin a Egberto Gismonti, Rafael Rabelo, Mutantes, sem deixar de admirar, ainda, o que vem do mato e tem raiz  no sertão e na roça: entre os discos de Eduardo Kusdra que seguem esta vertente consta a série batizada Ao Pé da SerraA série de quatro volumes reúne 45 composições instrumentais em tributo à música caipira e ao jornalista, folclorista e empresário pioneiro Cornélio Pires (Tietê/SP), incansável divulgador da música caipira brasileira na década de 1920 quando o gênero ainda dava seus primeiros passos. 

Ao Pé da Serra tem participações de músicos consagrados como Toninho Ferragutti, Maikel Morelli, Adão Angrissani e Thadeu Romano e é apenas uma das valiosas contribuições de Kusdra para o nicho da música de qualidade e independente que o Brasil pouco conhece.

O primeiro dos álbuns soloAdamas, oferece 15 faixas instrumentais executadas por violões aço e nylon, baixo fretless, piano, hammond e synths, todos tocados por ele. O baixista norte-americano Tony Levin participa de Five Four, mas de cara a maior identificação do público nacional deverá ocorrer ao serem ouvidas as magistrais releituras de Trenzinho do Caipira (Heitor Villa Lobos) e de Palhaço (Egberto Gismonti). Kusdra assina também álbuns como Quilombos (Suíte) e em parceria com Maguinho Alcântara Brecht Brazuka Kitchen – A collection of bass & drum duets, em que ritmos brasileiros como frevo, maracatu e baião são mesclados ao soul, ao funk e ao fusion.

“Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, os gentios, negros, brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal. à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora, milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais que vos desprezam, que vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar, os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Charles Chaplin – 1940

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