947 – Lulinha Alencar e Mestrinho tocam e lançam álbum para Dominguinhos em Sampa

A unidade Pompeia do Sesc da cidade de São Paulo receberá no sábado, 6 de maio, Lulinha Alencar e Mestrinho para lançamento do álbum que ambos gravaram em homenagem a Dominguinhos. ToCantE  reúne em dez faixas criações tanto do cantor e compositor pernambucano que morreu em 2013, como dos próprios Alencar e Mestrinho nas quais estes reverenciam outros mestres que os influenciaram: Chiquinho do Acordeon, Jackson do Pandeiro e Pixinguinha. Richard Galliano, renomado sanfoneiro francês, também subirá ao palco como convidado especial da apresentação, prevista para começar às 21 horas.

“Esse nosso trabalho não é apenas uma homenagem a um dos maiores sanfoneiros do mundo: é também um desejo, quase uma obrigação, de mantermos viva a arte de tocar sanfona!”, exclamou Lulinha Alencar. Nascido em Rafael Godeiro, cidade do sertão do Rio Grande do Norte, Alencar teve os primeiros contatos com a música ainda em casa, onde acompanhava o pai, o sanfoneiro Zé de Cezário, tocando triângulo e zabumba. Ao final de 1999, veio para São Paulo, inicialmente pensando em seguir carreira como pianista e sem imaginar que ganharia fama também como sanfoneiro. Autodidata em ambos os instrumentos, hoje destaca-se ao revisitar suas origens sertanejas e também impressiona ao tocar ritmos considerados mais urbanos.

Com Mônica Salmaso, Benjamim Taubkin e Teco Cardoso, Lulinha Alencar integrou a Orquestra Popular de Câmara e, atualmente, é um dos membros  do grupo de choro Moderna Tradição. Além de Dominguinhos, coestrelou shows de Richard Galliano, Regis Gizavo e Martin Lubenov. A obra do potiguar é conhecida fora do Brasil e admirada em países nos quais promoveu concorridas turnês: Inglaterra, Espanha, Bélgica, Holanda, França, Alemanha, Itália, Suíça, Áustria, Marrocos e China, entre outros. Em 2013, lançou Cem Gonzaga, reverenciando o centenário de Luiz Gonzaga e interpretando composições instrumentais menos conhecidas do Velho Lua.

Mestrinho, por sua vez, não conteve a emoção ao falar do disco e dos legados de Dominguinhos: “É uma oportunidade de homenageá-lo e ao mesmo tempo agradecermos por ele ter feito tanto pela cultura do nosso país, com tantas canções lindas e seu jeito particular de tocar sanfona”. Neto de tocador de oito baixos e também filho de sanfoneiro, Mestrinho já se entendia com o instrumento aos seis e aos doze anos arrancava palmas em espetáculos que promovia na região da cidade natal, Itabaiana (SE). Cinco anos depois, ao lado da irmã Thaís (triângulo e voz) trocou a capital sergipana, Aracaju, por São Paulo, centro no qual criaram o Trio Juriti, ao lado de Scurinho (zabumba) Juntos, os manos e Scurinho ainda participaram de festivais e se destacaram pela composição da música autoral Mais um dia sem te ver.

O Juriti gravou os álbuns Forró irresistível e Cara a Cara, ambos com a participação dos emboladores Caju e produzidos por João Silva, compositor e um dos mais próximos parceiros de Luiz Gonzaga. Além de Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Rosa Passos, Antônio Barros e Cecéu, Zélia Duncan, Geraldo Azevedo, entre outros, tocaram e cantaram acompanhados por Mestrinho; com Elba Ramalho a parceria durou três anos e rendeu participação em Vambora lá dançar, álbum que o projetou para turnês nacionais e pela Alemanha; com Gilberto Gil abrilhantou  festivais de jazz na Europa, em Israel e no Uruguai. Em setembro de 2014 estreou em disco com Opinião.

Repertório do show do Sesc Pompeia

  1. Xote Pro Miudinho (Dominguinhos)
  2. Homenagem A Pixinguinha (Dominguinhos)
  3. Noites Sergipanas (Dominguinhos)
  4. O Meu Último São João (Lulinha Alencar)
  5. Só Deus Sabe (Mestrinho)
  6. Ilusão Nada Mais (Dominguinhos)
  7. Homenagem A Jackson do Pandeiro (Dominguinhos)
  8. Tocante (Lulinha Alencar)
  9. Cutucufole (Lulinha Alencar)
  10. Choro Sentido (Mestrinho)
  11. Um Abraço No Romeu (Dominguinhos)
  12. Ciao São Paulo Richard Galliano (Participação Richard Galliano)

 O disco de Lulinha Alencar e Mestrinho pode ser encomendado mediante envio de mensagem ao correio eletrônico nucleocontemporaneo@gmail.com

 Viola para Dominguinhos

O violeiro Rodrigo Zanc, nascido em Araraquara e residente na vizinha São Carlos, cidades do interior de São Paulo, também é protagonista de um projeto em homenagem ao sanfoneiro de Garanhuns. Em Viola para Dominguinhos, que estreou em fevereiro de 2016 acompanhado por Ricieri Nascimento (baixo), Bruno Bernini (bateria e zabumba), Gustavo Camilo (teclados), Thiago Carreri (violão e guitarras) e Thadeu Romano (acordeon), Zanc revive a sensibilidade de Dominguinhos por meio de um bem costurado repertório que ele pesquisou e ensaiou durante meses para poder interpretá-lo à altura do homenageado.

“O Dominguinhos é um dos mais generosos compositores que conheço”, observou Rodrigo Zanc. “Com toda a capacidade e talento que possuía, sabia que a arte estava acima dele e se colocou a serviço dela”, prosseguiu. “As pessoas como Dominguinhos passam, mas deixam um legado imprescritível. Cabe a nós, artistas que ficamos, levar esta mensagem adiante, com humildade e muito respeito”, completou, anunciando que estará saindo para novas rodadas de shows do projeto no meio do ano, com a primeira parada confirmada para o Sesc de Ribeirão Preto em 17 de junho, a partir das 16 horas, entre outras cidades com as quais já está negociando.

Dominguinhos era de batismo José Domingos de Moraes e com apenas seis anos de idade estava na ativa, tocando em feiras livres e às portas de hotéis, entre outros locais de concentração popular. Era os tempos do Trio Pinguins, que fundara com dois dos seus quinze irmãos, Moraes e Waldomiro. O guri tocava pandeiro e triângulo nesta formação cujo nome até poderia ser considerado exótico para quem vivia no agreste. Em 1950, conheceu o Rei do Baião, ídolo que estava hospedado em Garanhuns e, para o qual, a convite deste, os rapazes foram chamados a tocar. O Velho Lua, então, deu uma sanfona a Dominguinhos. A princípio como Nenén do Acordeon, começava a trajetória aliada ao instrumento do qual nunca se apartaria e por meio do qual inovou no sotaque, introduzindo um estilo diferenciado.

Em 1956, Nenén do Acordeon gravou junto com Gonzagão pela primeira vez, e, um ano depois, adotou, então, o nome artístico com o qual se consagrou — outra indicação do patrono mais famoso que, com certeza, já previa que o pupilo chegaria ao estrelato. Em 1964, Dominguinhos lançou o primeiro LP, na Cantagalo, de Pedro Sertanejo, um pioneiro do forró em São Paulo. Exímio sanfoneiro, como mestres teve, além de Luiz Gonzaga, Orlando Silveira e temperou sua versátil formação musical (registrada em mais de 40 discos autorais ou como participante) com influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote, e jazz.

Esta variedade despertou admiração em parceiros e amigos como Chico Buarque, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Nando Cordel, Anastácia, Fagner, Fausto Nilo e Abel Silva, entre outros ícones da nossa música. O fim deixou o país nos braços da saudade: após um longo coma decorrente de problemas relacionados a um câncer pulmonar, associado a arritmia cardíaca e a infecção respiratória, subiu no dorso de uma Asa Branca e partiu para reencontrar os mestres, em São Paulo, no dia 23 de julho de 2013.

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