A cantora e compositora Sol Bueno protagonizará em São Paulo neste domingo, 13 de agosto, mais uma rodada do premiado Dandô Circuito de Música Dércio Marques, prevista para começar às 17 horas, no Instituto Juca de Cultura (IJC). Mari Ananias abrirá a apresentação durante a qual a mineira de Pitangui cantará músicas integrantes de Poeira Dançante, seu disco de estreia, lançado no final de maio em Belo Horizonte (MG) e no qual, de forma apurada, ela revela sutilezas e memórias do universo da cultura popular, vivências, sentimentos e um olhar acurado para a terra. À medida que ouve as 13 faixas, a plateia embarca em poético passeio ao Cerrado — passando pela bacia do rio São Francisco e por cenários mágicos do sertão Roseano — e conhece parte das sonoridades que ocorrem naquelas paisagens. Egressa de família de músicos e cantadores, Sol Bueno resgata com voz suave e timbre marcante a força dos ancestrais, ilustrando a cada nova canção os múltiplos retratos interiores dos Brasis que Minas Gerais carrega.
Sol Bueno toca viola caipira, violão, caixa de folia e kalimba e gosta de temperar os shows também com percussão e rabeca. Por esta versatilidade, foi selecionada pelo Projeto Mulheres Criando, iniciativa que reconhece o trabalho de cantautoras/compositoras. Em 2016, participou do projeto Elas, que valoriza a criação autoral de compositoras mineiras. Já esteve em programas de tevê e em vários festivais, gravou videoclipes e protagonizou apresentações coletivas de vídeo e de filmes. É coordenadora regional e cogestora nacional do Dandô – Circuito de Música Dércio Marques —que neste ano chega à quarta temporada nacional e terá concertos também no Chile, na Argentina e em Portugal –, produtora do documentário Mestres da Viola (ANVB/2011) — para o qual viajou ao longo do Alto São Francisco realizando entrevistas e registros de mestres da cultura popular tocadores de viola — e integra o Coletivo MundicÁ, formado por empreendedores criativos atuantes na capital mineira.
Poeira Dançante deriva de campanha de financiamento coletivo e chegou às mãos dos muitos contribuintes com capa assinada pelo irmão da cantora, Ronaldo Bueno. Sol assina a direção musical e a produção do álbum cujas faixas foram gravadas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul — tarefas que dividiu com o marido, o gaúcho de Terra de Areia Giancarlo Borba – com participações de Sérgio Pererê, Meninas de Sinhá, Erick Castanho, Letícia Leal, Rodrigo Salvador, Ana F., Gladson Braga, Marcelo Taynara e João Paulo Torres, e Dona Bela, já falecida. “O disco não é e cantos tradicionais, mas quando você o ouve, lá estão folias, congado e seu serra abaixo, modas de viola, batuques, o som da aldeia Krahô — que resiste no Cerrado –, água, grilos, passarinhos, sinos da comunidade onde vivo”, observa Sol Bueno. “As músicas falam de um lugar de verdade, de um sentimento real, de uma memória viva. É meu primeiro trabalho autoral e espero que possa de alguma forma tecer pontes, histórias, sentimentos, caminhos e memórias”, prosseguiu. “Nele coloquei meu sentimento da delicadeza, como uma poesia necessária, mas também minha expressão de força, das raízes de meu povo, de uma ancestralidade viva.”
O Instituto Juca de Cultura fica na rua Cristiano Viana, 1142, a uma caminhada leve da estação Sumaré (linha 2 Verde) do Metrô paulistano. A contribuição consciente parte de R$ 15,00.
Sobre o Dandô Circuito de Música Dércio Marques /Um canto em cada canto do Brasil
“Dandô” é uma caravana musical idealizada pela cantora paulistana Kátya Teixeira. Partindo da constatação da pluralidade da cultura brasileira, o coletivo Dandô nasceu graças à preocupação de músicos pesquisadores com a interiorização e a difusão da música do Brasil, bem como a descentralização e acesso à produção musical do país.
O projeto tem, em seu nome, uma homenagem a Dércio Marques (falecido em 2012), que foi um dos cantadores que mais fez pela arte dos “Brasis” que estão fora do eixo da mídia de massa, unindo artistas de toda parte, de várias gerações, estilos, culturas.
Desde 2013 o circuito promove diversos shows pelo país de forma contínua, sempre no formato anfitrião local e convidado (artista em circulação), corroborando para a interloucução entre os músicos e a formação de novas plateias.
Ganhador do Prêmio Brasil Criativo Minc/Sebrae (2014), o Dandô está debruçado sobre os critérios da diversidade e da representatividade das regiões e assim pretende criar uma cartografia musical.
Em 2015 lançou o 1º CD Coletânea Dandô – Um Canto em Cada canto do Brasil, em parceria com a Distribuidora Tratore.
O projeto que começou em 7 cidades de 5 estados brasileiros hoje chega a 50 cidades de 8 estados. Em breve entrará em Portugal e 4 países da América do Sul – Uruguai, Argentina, Chile e Bolívia.
www.circuitodando.com.br; circuitodando@gmail.com;www.facebook.com/circuitodando

Foto: Vivian Scaggiante
Dércio Rocha Marques
Violeiro, cantador, menestrel, pesquisador das raízes musicais brasileiras e iberoamericanas (filho de mãe brasileira e pai uruguaio). Ajudou a mapear a cultura brasileira ao lado de Marcus Pereira na década dos anos 1970. Foi um dos artistas que ao lado de sua irmã Doroty Marques mais fizeram pela arte nos Brasis que estão fora do eixo da mídia de massa. Com seu jeito peculiar de alinhavar costumes, conversas, “arreuni gentes”, ele uniu cantadores de toda parte, de varias gerações, estilos, em uma confraternização cultural sem igual.
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