A cantora e compositora paulistana Katya Teixeira está com single novo já disponibilizado pela Tratore Digital para audição. Violetas e Margaridas retrata a mulher dentro do contexto social e histórico, do campo às grandes metrópoles, e apresenta duas versões da mesma canção, em português e espanhol. A música integra a coletânea Herencia Rebelde – Trovadoras Sin Fronteras en la Ruta de Violeta, lançado no Chile por Cecília Concha Laborde em homenagem ao centenário de nascimento de Violeta Parra, em 2017, com 51 cantautoras latino-americanas.

O centenário de nascimento de Violeta Parra foi comemorado em 2107 no Chile e em vários lugares do mundo que admiram músicas como Volver a los 17 e Gracias a La Vida, que ela compôs
A exemplo de Violeta Parra, que foi uma mulher a frente de seu tempo e deu voz a seu povo por intermédio de sua arte, dentre tantas temos Margarida Maria Alves, no Brasil, a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar e que acabou pagando com a vida por suas posturas e convicções, abatida na cidade onde nascera (Alagoa Grande), em 12 de agosto de 1983, uma semana depois de ter completado 50 anos, na presença do marido e do filho.
Postumamente, Margarida recebeu o Prêmio Pax Christi Internacional em 1988. Todos os anos, na semana que antecede o dia 12 de agosto a população de Alagoa Grande traz à tona a memória da sindicalista, que foi a precursora feminina na Paraíba na defesa dos direitos dos trabalhadores do campo.
(Em 16 de março, Katya Teixeira e vários artistas promoveram na Unibes Cultural, espaço situado em São Paulo, uma apresentação pelo Dandô Circuito de Música Dércio Marques. Na ocasião, ela cantou a música do single, entoando em alguns momentos durante o refrão e que floresçam Violetas e Marielles, em homenagem a vereadora do PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada a tiros dois dias antes em atentado que custou também a morte do motorista de Marielle, Anderson Gomes. O poeta e compositor Paulo Nunes e a cantora Anabel Andres também homenagearam a ex-vereadora.)
Em Violetas e Margaridas Katya Teixeira buscou retratar e dar voz à essas mulheres representadas pela chilena e pela brasileira para que a história possa ser contada e cantada a partir de uma percepção feminina. As canções tocadas com uma Guitarra Transpuesta foram gravadas em São paulo, no Estúdio Aipim Música da Terra, do compositor e violeiro Júlio Santin.
Andanças e intercâmbios
Cantora, instrumentista e compositora, além de pesquisadora da cultura popular brasileira, Katya Teixeira imprime em sua obra musical o resultado de suas andanças pelo Brasil e por vários países da América Latina e da Europa. Garimpando saberes e sonoridades que incorpora a sua musicalidade, faz reverência aos mestres populares e às manifestações culturais autênticas do nosso país, ao mesmo tempo que estabelece diálogos com tradições e artistas de outros povos. Autora de uma rica discografia, formada por seis álbuns, soma, ainda inúmeras participações em discos e shows de artistas consagrados da Música Popular Brasileira. Os discos que assina já receberam indicações ao Prêmio da Música Brasileira e também a levaram à final do PPM (Prêmio Profissionais da Música) de 2017 (categoria Artista – Raiz) e a receber o Troféu Catavento das edições 2012 e 2016, entregues por Solano Ribeiro, apresentador da Rádio Cultura de São Paulo.
Paralelamente ao trabalho fonográfico e à carismática presença nos palcos, Katya Teixeira coordena vários projetos culturais dentre os quais se destaca o Dandô – Circuito de Música Dércio Marques (criado para fomentar o intercâmbio e a circulação de música popular em várias cidades brasileiras e do Exterior), além da realização de vivências e de oficinas integrando e valorizando a cultura popular pelo país. O Dandô recebeu o Prêmio Brasil Criativo (ProjectHub/MINC/SEBRAE) em 2014 como melhor projeto de música na categoria Artes e Espetáculos e também chegou à final do PPM 2017 (categoria Projetos Culturais Musicais).
Veja abaixo os os principais linques para ouvir Violetas e Margaridas/Violetas y Margaridas.
Spotify: http://open.spotify.com/album/1uvrTqByjOl8QNo2fkg8HR
Deezer: https://www.deezer.com/fr/album/58519972
iTunes: https://itunes.apple.com/us/album/violetas-e-margaridas-single/1356672043?l=pt&ls=1&app=itunes
Apple Music: https://itunes.apple.com/us/album/violetas-e-margaridas-single/1356672043?l=pt&ls=1
Google Play: https://play.google.com/store/music/album/K%C3%A1tya_Teixeira_Violetas_e_Margaridas?id=B5anyb24x5acr3s76atjfbf4j2i
Napster: https://br.napster.com/artist/katya-teixeira/album/violetas-e-margaridas
TIDAL: https://listen.tidal.com/album/857275604
https://www.katyateixeira.com.br/biografia

Imagem estilizada de Margarida Alves, que entre outras bandeiras de luta, reivindicava a posse da Usina Tanques (PB) para os camponeses
Em 17 de setembro de 2014 o portal do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) publicou que depois de 31 anos a Usina Tanques, no município de Alagoa Grande fosse desapropriada e destinada à Reforma Agrária. Trata-se de uma das mais emblemáticas áreas para a Reforma Agrária no Brasil, já que foi nela que a líder camponesa Margarida Maria Alves foi assassinada em 12 de agosto de 1983, calando a voz que tanto se destacava na luta por melhores condições de trabalho para os companheiros.
A desapropriação das terras da Usina Tanques se tornou, desde a época de Margarida, uma das maiores bandeiras de lutas dos trabalhadores que defendem a democratização de acesso à terra no Brasil.
O assentamento ocuparia cerca 860 hectares, área na qual poderiam ser acolhidas 60 famílias camponesas, muitas delas de antigos posseiros que moravam nas terras há anos. A área da Usina Tanques apresentava potencial para produzir batata-doce, banana, mandioca e cana-de-açúcar, constituindo-se em um polo de produção de alimentos capaz de atender programas como o da merenda escolar, conforme informações tanto do MTST, como do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/PB)
História
Fazendas como a Usina Tanques, na década dos anos 1970, eram usadas na Paraíba para a produção de cana-de-açúcar, mas à época da desapropriação, desativada, estava em ruínas. A luta da líder Margarida buscava, entre outras reivindicações, que a Usina Tanques fosse administrada pelos companheiros, escrevendo-se desta forma um dos mais importantes capítulos das lutas pelos direitos dos trabalhadores rurais brasileiros que têm como mulheres como protagonistas.
Após o assassínio de Margarida, a sindicalista transformou-se em símbolo político, representativo das mulheres do campo — que deram o nome da mártir ao evento mais emblemático que realizam desde então, sempre na data em que ela tombou: a Marcha das Margaridas, mobilização nacional que reúne, em Brasília (DF), milhares de mulheres trabalhadoras rurais extrativistas, indígenas e quilombolas, entre outras representações, que tomam as ruas da Capital Federal para dialogar com o governo federal sobre suas reivindicações — as pautas incluem itens como desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade. É a maior mobilização de mulheres da América Latina e já chegou a atrair acima de 70 mil manifestantes.
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