Premiação atende a Projeto de Lei do deputado estadual Marcos Martins, que também concedeu título de cidadã osasquense à Rainha da Viola Caipira e transformou Osasco na capital estadual do instrumento
Por Marcelino Lima, com Cláudio Motta Júnior
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) entregará na manhã da sexta-feira, 6 de abril, as homenagens aos dez indicados para receber o Prêmio Inezita Barroso, criado após aprovação do Projeto de Resolução 31/2015, de autoria do deputado estadual Marcos Martins (PT), para valorizar a cultura caipira de raiz e qualquer forma de arte popular que a complemente. O Prêmio começou a ser distribuído em 2017 e neste ano de sua segunda edição recebeu 25 indicações e uma autoindicação. “Eu gostaria que todos os apresentados fossem contemplados, mas o texto da lei fala que podemos premiar apenas dez”, afirmou Marcos Martins. Quando exercia mandato de vereador na Câmara Municipal de Osasco, Martins concedeu em 10 de fevereiro de 2004 a Inezita Barroso o título de cidadã osasquense e é autor do Projeto de Lei estadual que em 2007 transformou a cidade na Capital da viola caipira.
As dez homenagem de 2018 serão entregues pela Comissão de Educação e Cultura da Alesp, personalidades físicas ou jurídicas em cerimônia que transcorrerá a partir das 10 horas no auditório Juscelino Kubitschek (JK) daquela Casa de Leis. Entre outros terão direito ao diploma e à estatueta alusivos ao Prêmio Inezita Barroso os mestres Lica, de Taubaté, e Tião Mineiro, de Campinas; o compositor José Fortuna (in memoriam); a Orquestra Penapolense de Música de Raiz e o Programa Laços da Terra, de Ribeirão Preto.
A solenidade de primeira edição foi promovida em 23 de junho, também no Plenário JK, quando Marcos Martins comentou que o objetivo do Prêmio também é eternizar o nome de Inezita Barroso, “uma grande mulher à frente de seu tempo, que é a tradução do que a cultura caipira representa! A conquista foi muito difícil e o apoio da família da cantora foi importantíssimo. Este prêmio tem importância muito grande, pois precisamos vencer preconceitos com o caipira e com a música caipira de raiz, que é nossa cultura e verdadeira música brasileira“. Na ocasião estiveram na Alesp a filha e a neta da Rainha da Música Caipira, Marta e Paula, e os contemplados conforme a seleção coordenada pela Comissão de Educação e Cultura da sede do Poder Legislativo estadual foram: Orquestra dos Violeiros de Osasco; Bruna Viola; Daniel Firmino; Duo Glacial (Ana e Miguel Cervan, em memória); Jesus Belmiro; Léu (da dupla Liu e Léu); Orquestra dos Violeiros de Santa Fé; Viola Show e Matheus Calil; Waléria Leão; e Zinho do Violão.

O mestre de Campinas Tião Mineiro é um dos divulgadores da música caipira e da viola que serão homenageados em 2018
Inezita Barroso foi homenageada por meio da filha, Marta Barroso, que agradeceu à Alesp pela iniciativa. Marta recordou que a mãe era muito simples, de hábitos comuns, gostava de andar descalça e amava os animais. “Ela era bem povão. Curioso é que, em casa, não cantava, nem ouvia música. Inezita queria ser lembrada pelo vozeirão e pelas músicas caipiras que cantava e, por meio do Prêmio, o desejo dela será realizado.“ Já a neta, Paula Bandeira Maia, confidenciou que a avó cantava para ela no berço e que era diferente das demais avós da época. “A homenagem é perfeita. Ela lutou por muitos anos para que os valores e a cultura do povo brasileiro não se distorcessem e pela valorização de tudo que é regional no país.“
As orquestras Corporação Musical 24 de Junho , da cidade paulista de Artur Nogueira, e Orquestra Violeiros de Santa Fé apresentaram músicas que Inezita imortalizou: Luar do sertão e Flor do cafezal.
A mesa da primeira edição foi presidida pela deputada e presidente da Comissão de Educação e Cultura, Beth Sahão (PT), e composta pelos deputados Marcos Martins e João Paulo Rillo (PT); Itamar Borges (PMDB); Welson Gasparini e Fernando Capez (PSDB), Rita Passos (PSD) e por Marta Barroso e Paula Bandeira Maia.
Rainha multitalentosa
Ignez Magdalena Aranha de Lima nasceu em São Paulo, em 1925, e fez fama como cantora, atriz, instrumentista, bibliotecária, folclorista, professora e apresentadora de rádio e televisão, com destaque para o programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura, de 1980 a 2015. Entre os inúmeros prêmios que recebeu constam o Troféu Roquette Pinto (melhor cantora de rádio); o prêmio Guarani (melhor cantora em disco); além do prêmio Saci de Cinema. Em 2003, foi condecorada com a medalha Ipiranga e o título de comendadora da música raiz. Inezita Barroso, que carinhosamente ficou conhecida como “Rainha da Música Caipira”, faleceu em São Paulo, no dia 8 de março de 2015, apenas quatro dias depois de completar 90 anos.

Inezita Barroso amava o “povão” e gostava de andar descalça em sua casa. A paixão pela viola e a defesa da música caipira até o final da vida (quatro dias após completar 90 anos), valeram o apelido de Rainha do gênero Foto: Cleones Ribeiro/ (Arquivo) – Portal SESCSP (Fotos Públicas)
Sobre Marcos Martins
Marcos Martins (PR) é administrador de empresas, foi vice-presidente da Câmara Municipal de Osasco, vereador por cinco mandatos consecutivos e um dos fundadores do PT na cidade. Atua no movimento sindical há 30 anos e ajudou a fundar a Regional de Osasco do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da qual se tornou coordenador em 1979. Em sua atuação parlamentar no âmbito municipal, é autor de leis como as de zoonoses, do banimento do amianto, da agricultura urbana, do gás, entre outras. Eleito deputado estadual pela primeira vez em 2006, com 71.474 votos, conquistou a reeleição em 2010 com 80.131 votos.
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