Paulistano que adotou Goiânia e marca presença em Brasília como músico, maestro e professor profissionalizante explora diversas sonoridades em álbum com 12 faixas com participações de Pedro Macedo, Thomas Roher, André Rass e Milla Tuli
Marcelino Lima
Pedro Vaz, violeiro e compositor paulistano, goiano de coração e músico dos mais destacados na atual cena cultural de Brasília (DF) e do Planalto Central, está comemorando 15 anos de carreira com o lançamento do primeiro álbum solo, Dê Espaço ao Tempo. Com 12 faixas instrumentais nas quais dá seu recado com a viola caipira – companheira de estrada já há dez anos -, o disco produzido por Ricardo Vignini no estúdio Bojo Elétrico (SP) é uma síntese de belos arranjos e composições do músico que já foi pupilo dos mestres Roberto Corrêa e Marcos Mesquita, graduou-se em Música pela Universidade de Brasília (UnB), tocou guitarra e percussão e, atualmente, é professor do CEP/EMB – Escola de Música de Brasília, além de maestro da Orquestra Roda de Viola — entre outros projetos e participações em grupos de referência como Cega Machado, Caboclo Roxos, Banda Judas e Encontro Violado.
É o próprio Pedro Vaz quem nos conta: Dê Espaço ao Tempo dialoga com o presente, o passado e o futuro, diluindo fronteiras entre a tradição e o contemporâneo, a sabedoria popular e a erudição, por isso, vai além do gênero consagrado pela viola: o da música caipira. Os ponteios de Vaz, sim, até nos fazem entrar em sintonia com a roça (em Estância, por exemplo), mas atingem outras sonoridades, sensações e cenários que passeiam pelo agreste ( Vida Seca Severina) e pela América Latina (Ilhoa), recorda a tragédia que atingiu o Rio Doce (contaminado pelos dejetos da lama tóxica que o poluiu depois do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015) e traz homenagem ao paulista Fernando Deghi, todas com surpreendentes contrapontos que dialogam com contrabaixo acústico, rabeca e percussão.

Dê Espaço ao Tempo, disco autoral de estreia de Pedro Vaz, pode ser ouvido em plataformas de streaming
“O disco tem sido trabalhado desde que comecei a tocar viola e a fazer as primeiras composições, amadurecidas ao longo do tempo”, disse Pedro Vaz. “Então, a inspiração para esse álbum parte de coisas inusitadas que venho colhendo na minha carreira”, emendou. O resultado obtido convida à pausa, ao mergulho em densa e bela paisagem de melodias que reafirmam “um momento muito bonito da viola”. Pedro Vaz comemora e observa que o instrumento tem sido o passaporte tanto para artistas iniciantes em busca de oportunidades no universo musical, quanto, empunhado por expoentes tradicionais, vem promovendo a obra de duplas e de violeiros “solteiros”, autores de trabalhos de diversos estilos e gêneros. “A gente diz que é a viola quem escolhe o violeiro, e não o contrário”, acredita Pedro Vaz. “Mas o importante é que todos estejam levando a viola para o mundo.”
Clube do Choro
Um dos locais em que Pedro Vaz lançou Dê Espaço ao Tempo, em 28 de abril, é o Clube do Choro, um dos mais concorridos espaços culturais da Capital Federal, com as presenças de André Rass (percussão), Pedro Macedo (contrabaixo acústico), Thomas Rohrer (rabeca e sax soprano) e Milla Tuli (voz na faixa Deghiana), além das participações especiais de Rosa Barros e Pedro Verano. O álbum está sendo distribuído pela Tratore e saiu com apoio institucional da Prefeitura de Goiânia, por meio de leis goianas de incentivo à cultura, com produção executiva de Taiana Martins, da Mitema Projetos Culturais e Soluções Sustentáveis — referência no Centro Oeste em elaboração de projetos culturais, produção executiva, produção de eventos, espetáculos, dados, indicadores culturais e soluções sustentáveis para os problemas urbanos. Pedro Vaz é, também, um dos artistas da caravana do Dandô Circuito de Música Dércio Marques, premiado projeto da paulistana Katya Teixeira.
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Milla Tuli, Rass e os Pedros Vaz, Verano e Macedo após o show de lançamento no Clube do Choro (DF)
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