1129 – Trompetista Guilherme Dias Gomes lança sétimo disco, Trips, com homenagem a Janete Clair

Músico atuou em discos e em shows de Ivan Lins, Fagner, Leila Pinheiro e Kid Abelha, e produziu trilhas sonoras para novelas e séries da TV Globo, som que une música brasileira e jazz

Para manter a  tradição de todo sábado começar o dia ouvindo um álbum novo aqui na redação do Barulho d’água Música ,  botamos para tocar na vitrolinha Trips, novidade da discografia do trompetista carioca Guilherme Dias Gomes, que recebemos enviado pelo colega Beto Previero, da Tambores Comunicações, ao qual somos gratos.  Para quem está achando o nome do músico familiar, sim: Guilherme é filho de Dias Gomes (1922-1999) e de Janete Clair (1925-1983), que formaram o casal de autores de novela mais bem sucedido da dramaturgia brasileira.  E foram os próprios pais que incentivaram Guilherme à música, como ele contou, observando que Dias Gomes adorava música erudita. O escritor e Janete  tinham vários amigos músicos, como os maestros Claudio Santoro, Alceu Bochinno e Guerra Peixe, por exemplo, e incentivaram o filho a estudar música ainda criança. No princípio eu não gostava muito, mas hoje eu agradeço”, afirmou Guilherme. “O trompete veio aos 12 anos, quando quis entrar na banda do colégio e só tinha vaga para esse instrumento”

Guilherme Dias Gomes, que além de trompetista é compositor e arranjador, tem outra compositora na família — a poetisa Denise Emmer . Com o mesmo sobrenome da irmã — que mais tarde abandonou, a pedido da mãe, adotando Dias Gomes — estreou em disco com Milhas e Milhas, compacto que lançou pela Som Livre, em 1988. Hoje, após três décadas, portanto, está apresentando o sétimo disco desta trajetória. Trips, que em Inglês significa viagens, tem participação da banda formada por David Feldman (piano e direção musical), André Vasconcelos (contrabaixo), Rafael Barata (bateria), Idriss Boudrioua (saxofone) e Firmino (percussão). Para o autor, o nome do CD soou como o o mais apropriado para batizar o repertório de oito músicas inspiradas em trajetos, lugares e sensações que ele percorreu e viveu.

 “As viagens sempre trazem novas referências, o que para um compositor é puro ouro. Nem gosto de viajar muito mais, já que num aeroporto hoje se sente quase um suspeito, mas casei com uma médica, que adora fazer isso, então eu aproveito“, ponderou Guilherme. O passeio com as faixas começa por Amstel Bossa Nova bossa segundo ele não tão ‘leve’ como se espera desse ritmo–, passa por River Thames — blues inspirado no rio Tamisa e por Salvaterra — com batida afro, mixada ao jeito europeu de tocar jazz. Já em Maracatu Lacraia, rende-se à influência do “bruxo” Hermeto Pascoal, e Cabin 3334 descreve um momento vivido nessas viagens. “Estava na cabine de um transatlântico no meio da noite, ou seja, no meio do nada“, relatou. “Era tudo bonito, romântico. mas também claustrofóbico, e a música tenta descrever isso”, prosseguiu Guilherme. Clair (#3) é uma homenagem à mãe, que ele já tinha registrado no primeiro disco.

A carteirinha do Berklee, colégio de Boston onde Guilherme Dias Gomes estudou com Jeff Stout, atesta a formação de excelência do músico carioca no trompete

Guilherme Dias Gomes começou estudando piano ainda criança, aos 12 anos descobriu o trompete e não mais o largou. Formou-se em música na Uni-Rio, em 1974, mas paralelamente, estudou com os maestros Guerra Peixe e Alceu Bocchino e com os trompetistas Márcio Montarroyos e Claude Aubouchon, por exemplo. Entre 1978 e 1979, cursou a Berklee College of Music, em Boston (Estados Unidos), onde foi aluno de Jeff Stout (músico que tocou com Buddy Rich e Mel Tormé).

Entre Milhas e Milhas e Trips, Guilherme Dias Gomes nos brindou com Jazz Brasileiro (Albatroz/1995), Camaleão Urbano (Mix House/1999), L’Amour (Velas/2004), Autoral (Delira/2009) e Leste (Tratore/2016). Aos álbuns soma-se extensa lista de participação em discos e shows de artistas como Ivan Lins (foi  diretor musical do show Awa Yio, entre 1993/1994), Rita Lee, Fagner, Nana Caymmi, Paulinho da Viola, Erasmo Carlos, Kid Abelha, Gal Costa e Leila Pinheiro. O músico atuou, ainda, como produtor musical da Rede Globo entre 1991 e 2014, período no qual produziu trilhas sonoras para novelas, seriados e minisséries como As noivas de Copacabana ( 1992), O fim do Mundo (1996), Anjo de mim (1997), Mulher (1999), Porto dos Milagres (2001) e Carga Pesada (2003 a 2007).

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