1142 – “Dois por Dois Ao Vivo” apresenta composições de Luiz Millan e Moacyr Zwarg

Álbum e DVD distribuído pela Tratore reúne o pianista Michel Freidenson, o saxofonista e flautista Teco Cardoso e a cantora Anna Setton interpretando 17 composições da dupla em apresentação na Sala São Luiz, em São Paulo

Um  luxuoso estojo, distribuído pela Tratore, e gentilmente enviado ao Barulho d’água Música pelos jornalistas Moisés Santana e Beto Priviero  (Tambores Comunicações), guarda o álbum e o DVD Dois por Dois Ao Vivo, lançados em novembro pelos compositores Luiz Millan e Moacyr Zwarg , com músicas de ambos interpretadas pelo pianista Michel Freidenson e pelo saxofonista e flautista Teco Cardoso, mais a participação especial da cantora Anna Setton. Dirigido por Thales Menezes e gravado a partir do show promovido na Sala São Luiz, no Espaço Promon, em São Paulo, em agosto de 2016, Dois por Dois Ao Vivo  traz um repertório que explora pela linguagem jazzística ritmos brasileiros como samba, baião e frevo.

Naquele dia 26 de agosto de 2016, durante apresentação da primeira versão de Dois por Dois, Millan e  Zwarg, falecido pouco tempo depois, em 2017, resolveram registrar as performances de Freidenson,  Cardoso e Anna Setton  em vídeo, mas pretendiam apenas para guardá-lo como recordação. O resultado, entretanto, surpreendeu a todos os envolvidos e o projeto inicial acabou reunido nas mídias contidas no estojo agora compartilhadas com o público, composta pelas imagens do show e documentário, dirigido por Moisés Santana, mais fotos de Priscila Prade, com legendas em inglês. 

Luiz Millan, que produziu e dirigiu todo o projeto, relatou que Dois por Dois ao Vivo resulta de um trabalho que envolveu uma equipe grande e competente. “Soma-se a isso, e aqui está o ponto essencial, tratar-se do registro de canções que compus com meu saudoso e querido parceiro, o pianista Moacyr Zwarg”, observou Millan. “A ideia era ter um registro para guardar de lembrança e o jovem Thales Menezes foi incumbido da filmagem. Pedi para que utilizasse quatro câmeras, o que fez toda a diferença, emendou. “Ao assistir, demos-nos conta de que seria possível produzir o filme, um DVD ‘orgânico, sem maquiagem, que mostrou exatamente o que se passou naquela noite. A meu ver, uma noite mágica!”

A diversidade é a marca das composições de Millan e Zwarg, que esteve presente na noite de gravação do vídeo. A dupla produz  jazz com sotaques brasileiros do baião, do frevo e do samba, entre outros ritmos, fundindo elementos populares com música erudita. Não faltam nem mesmo os improvisos, mas eles são inseridos de forma estruturada, elaborada, para que o resultado possa valorizar a tradição do século passado, mas apontando para o futuro.

A escolha de Freidenson (que assina os arranjos e a direção musical) e de Teco Cardoso entre Millan e Zwarg foi consensual . Os compositores também não divergiram quando pensaram em convidar Anna Setton. E Freidenson considera que o repertório confiado a ele e ao parceiro saxofonista “são criações marcadas pelo bom gosto, elegância e profundidade, uma delícia de tocar e ouvir”. Cardoso assinou em baixo, comentando: “É um prazer fazer esse projeto com Michel, que conheço há tantos anos. Ao mesmo tempo, é um desafio, pois é um material com a rara característica de casar o simples com o sofisticado, sempre brasileiro, no qual nossa maior preocupação foi a de vesti-lo sem excessos, preservando o sabor dos ingredientes originais.”

O entrosamento entre Moacyr e Millan começou há anos, quando ainda se reuniam para conversar e compor, sem pretensões artísticas, apenas para aproveitarem a afinidade musical entre ambos. “Ao piano, um de nós sugeria uma melodia, ou dedilhava uma harmonia, e as músicas iam nascendo, com uma naturalidade difícil de explicar”, afirmou Millan. À época da gravação do álbum, Zwarg disse:Minha parceria com Luiz é ‘espiritual’, parece magia. Temos a mesma visão, ele é a outra metade. Na hora que a gente senta para compor, nunca nos preocupamos se somos compositores maiores ou menores. A gente não gosta de complicar: o que sentimos, colocamos, é tudo muito natural.”

O repertório que ambos selecionaram para o disco, desta forma, afirma-se  pela variedade rítmica. O álbum tem desde um baião-jazz (Dois por Dois), até Frevo pra Léa, que homenageia a flautista, compositora e referência da nossa música instrumenta) Léa Freire, passando pelo samba Quem sabe. Também traz parcerias de Millan com Plínio Cutait (Entre Nuvens e Montparnasse) e Mozar Terra (E o Palhaço Chorou).

Foto: Priscila Parde

Michel Freidenson é pianista, compositor arranjador e, na década dos anos 1980, foi um dos responsáveis pela efervescência da música instrumental brasileira de carreira. Atuou ao lado de Hermeto Paschoal, Djavan, Milton Nascimento, Fafá de Belém e Tim Maia e com seu grupo Michel Freidenson Jazz Trio/Quarteto tem feito apresentações no Brasil e no exterior, mostrando composições próprias que combina música brasileira e jazz fusion. Também é produtor de discos e de trilhas para televisão.

Foto: Priscila Parde

O flautista e saxofonista Teco Cardoso e se dedica ao desenvolvimento de uma linguagem própria e brasileira para seus instrumentos, compromisso que pode ser conferido em discos dos grupos dos quais faz parte (Pau Brasil e Vento em Madeira) e em trabalhos de Edu Lobo (Corrupião, 1993), Dori Caymmi (Kicking Cans, 1993) e Hermeto Paschoal (Só não Toca Quem não Quer, 1987), dentre outros. Entre 1990 a 1992, viveu em Los Angeles (Estados Unidos) e lá trabalhou com Dori Caymmi, Ivan Lins e Toots Thielemans.

Foto: Priscila Parde

Anna Setton está lançando Anna Setton, produzido por Swami Júnior. Começou a cantar profissionalmente em 2004, em rodas de samba e choro, em São Paulo. Em 2011, lançou o EP Anna Setton, que entre as faixas apresenta Flor de Maracujá (João Donato e Lysias Ênio). Há quase uma década é integrante da banda do cantor Toquinho, com quem viajou pela Itália, Espanha, Argentina e Chile.

Foto: Priscila Parde

Luiz Millan lançou seu primeiro disco, Entre Nuvens, em 2011.. Formado em Medicina, possui especialização em Psiquiatria, profissão que exerce desde 1982, mas nunca abandonou a música, com quem começou a flertar ainda na infância. Millan estudou piano e violão e, em 1980, gravou Ponta de Rama, com colegas da Universidade do Estado de São Paulo (USP). A discografia ainda reúne O dia em que São Paulo floresceu (2014) e Dois por Dois (2016), com  Zwarg, interpretado por Teco Cardoso e Michel Freidenson (2016). 

Foto: Priscila Parde

Moacyr Zwarg foi pianista e arranjador. De família de músicos, era filho do compositor e pianista Antonio Bruno Zwarg e irmão dos baixistas Itiberê Zwarg e Ipojucan Zwarg. Moacyr, que faleceu em 22 de junho de 2017), participou de discos e shows de Hermeto Pascoal, Fagner, Ednardo, Leny Andrade e Peri Ribeiro, entre outros. Durante décadas, tocou na noite paulistana em importantes casas de música brasileira e jazz, liderando o trio que levava o seu nome. O pai, seu parceiro em algumas composições, também foi responsável pela vasta cultura musical de Moacyr, que tocava gêneros distintos como jazz, baião, bossa nova, música erudita e samba.

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