Cantor nascido em Bauru, que está na memória afetiva de várias gerações por compor e interpretar dezenas de sucessos ao lado do parceiro João Mineiro, atualmente se apresentava com Milionário, da dupla com José Rico
Um dos quatro ícones do estilo sertanejo brega-romântico, cantor e compositor paulista, Marciano morreu na madrugada de sexta-feira, 18 de janeiro, de acordo com informações divulgadas pela família em decorrência de um infarto enquanto dormia, sofrido na residência na qual morava em São Caetano do Sul (SP), cidade da região metropolitana de São Paulo. José Marciano, que ficou conhecido por O Inimitável, gravou entre outros marcantes sucessos do gênero Ainda Ontem Chorei de Saudade (A Carta), Seu Amor Ainda é Tudo, Crises de Amor, Paredes Azuis, Menina Escuta Meu Conselho, Esta Noite como Lembrança e Minha Serenata. Era um dos autores do clássico Fio de Cabelo, interpretado em versão consagradora por Chitãozinho & Xororó.
Na estrada a partir dos 16 anos, influenciado pelo pai com o qual cantava desde os 12, parte destas canções Marciano imortalizou ao lado de um dos outro quatro expoentes — João Mineiro, com o qual manteve parceria desde o começo dos anos da década de 1970, separando-se apenas em 1993 (o parceiro morreu em 2012). Em 2016, ao lado de Milionário, constituiu outra dupla e vinha percorrendo o país com apresentações do projeto Lendas. Milionário e José Rico, autores de sucessos como Estrada da Vida, completam a quadra de ases. José Rico morreu em 2015.

Com Milionário (usando chapéu), Marciano cantava desde 2016, levando ao Brasil o projeto “Lendas” (Foto: Cadu Fernandes/Projeto Lendas)
Marciano estaria com 67 anos, mas no dia seguinte ao desencarne, a irmã dele, Maria, residente em Bauru (onde ele também nasceu), revelou que, na verdade, o cantor teria seis a mais, portanto, 73. “Ele era divertido e essa foi mais uma das brincadeiras dele”, explicou Maria. Da união com Alexandra, deixou as filhas Marci Marciano, Marcia Anny e o filho Fabiano. O corpo de Marciano está sepultado no Cemitério das Lágrimas, em São Caetano do Sul.
João Mineiro e Marciano também se notabilizaram por versões de canções internacionais — entre as quais Aline, do francês Christophe –, e caipiras, tais quais Romaria – de Renato Teixeira — e Meu Primeiro Amor — de H. Gimenez, com versão de José Fortuna e Pinheirinho, que interpretaram com Perla –, muitas com trompetes nos arranjos . A dupla vendeu mais de 12 milhões de cópias e colecionou 10 discos de ouro, 5 de platina e 2 de platina duplo. Realizou cantorias por todo o país, além de turnê internacional nos Estados Unidos. Em 1993, Marciano resolveu seguir carreira solo e permaneceu por mais de 20 anos viajando o mundo inteiro com seus sucessos.
Do projeto com Milionário resultou a gravação de um disco e de um DVD (este ao vivo, em setembro de 2016, em uma suntuosa casa de espetáculos, em São Paulo) que compilam o repertório de Lendas (16 músicas intercalando sucessos de Milionário & José Rico e de João Mineiro & Marciano, mais a inédita Localizador), com produção de Fernando Zor, idealizado por Fernando e Sorocaba, e direção artística de Marcos Frota. O cenário de Lendas foi inspirado nos circos, ambiente do qual muitas duplas decolaram antes de ganharem as ondas das emissoras de rádio, incluindo famosos como Tonico & Tinoco, Pedro Bento & Zé da Estrada; Pedro Bento morreu no começo de janeiro (veja atualização 1144) e os quatro ases começaram a cantar há pelo menos 45 anos e se destacavam dos demais, além do gênero, por terem iniciado um novo padrão de vestimenta e abusarem do uso de anéis, correntes e acessórios diferentes que marcaram o estilo.
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Um comentário sobre “1147 – Carreira de Marciano, um dos quatro ases do sertanejo romântico, registra 10 discos de ouro”