Brasil L.I.K.E. conta com participações de Roberto Menescal, Nailor Proveta e Toninho Ferragutti e foi gravado com orquestra regida por sobrinho do tropicalista Rogério Duprat, mais trio que acompanha o norte-americano
Há pouco mais de um ano, a cantora, compositora e pianista paulistana Vitoria Maldonado gravou com o baixista, compositor e arranjador norte-americano, pela gravadora Summit Records (com distribuição a cargo da Tratore), o álbum Brasil L.I.K.E. (Love, Inspiration, Knowledge, Energy) enviado gentilmente à redação pelos amigos Moisés Santana e Beto Priviero, da Tambores Comunicações, aos quais mais uma vez agradecemos. Em tradução livre, Love corresponde a Amor, I a Inspiração, K a Conhecimento, e e a Energia.
O saxofonista Nailor Proveta, um dos convidados especiais para o disco, toca em They can’t take that away from me, enquanto o violonista Roberto Menescal contribui em There will never be another you, Que reste-t-Il de nos smours e All of me; o disco conta ainda com o auxílio luxuoso do trompetista Randy Brecker em Night and day. Toninho Ferraguti, outro às que fez parte da gravação, entra na faixa 8, Que-reste-t-il de nos amour (I wish you love).
A mãe de Vitoria Maldonado tocava piano clássico e o pai gostava de cantar. Com tais estímulos, a filha acabou estudando piano na adolescência com Marina Brandão, Amilson Godoy e Hilton Valente (Gogô). Depois, foi aluna de Composição com Oswaldo Lacerda, antes de seguir para o conceituado Berklee College of Music, em Boston, nos Estados Unidos da América, onde se formou em Composição e Regência. Ao retornar ao Brasil no final da década dos anos 1980, Vitoria passou uma temporada na cidade do Rio de Janeiro, e na Cidade Maravilhosa chegou a formar dupla com a cantora Marisa Monte, que já protagoniza apresentações pela noite.
Sobre a costura do disco com Ron Carter, Vitoria contou: conheceu-o apenas na véspera da gravação, em São Paulo. Antes, haviam conversado pelo telefone, quando ela estava em Nova York, de férias. “Recebi um telefonema do pianista Michel Freidenson me contando que Ron Carter e seu quarteto estavam em turnê pelo Brasil e procuravam algum artista brasileiro para gravar novo álbum”, recordou. “Eu já estava planejando um disco com meus standards norte-americanos prediletos, unindo o jazz à bossa nova com um repertório que já vinha apresentando em jazz clubs de São Paulo”, emendou. “Isso chegou aos ouvidos do Ron Carter e ele me convidou a gravar com ele e o quarteto. Senti-me muito lisonjeada, pois Ron Carter é lendário, dono de um vivência musical gigantesca e com quem aprendi muito.”
Vitoria acredita que o repertório de Brasil L.I.K.E. tem alcance internacional e atemporal, pois reúne expoentes clássicos da música –norte-americana e brasileira, trazendo uma lista que tem, por exemplo, Cole Porter e George & Ira Gershwin, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Mas, pensando no mercado brasileiro, gravou todas as faixas tanto em Inglês, como em Português, com versões de Carlos Rennó.
“Desde que comecei a tocar ouvia muito jazz, inclusive discos em que Ron participava. Por exemplo, os do Miles Davis Quintet. E uma feliz coincidência que tudo tenha acontecido dessa forma, pois eu tinha repertório e arranjos de base prontos para um novo álbum.”
A intenção de Vitoria, quando começou o projeto, era rever e celebrar as próprias influências, tanto da música brasileira como do jazz. “Fazendo os arranjos de base e pensando numa forma tanto de abrasileirar o jazz, como de ‘jazzificar’ a bossa”, observou. “Por exemplo, em Night and day, de Porter, há os dois gêneros no arranjo. Ou All of me, de Marks & Simons, que ganha toque de bossa do violão de Menescal.”
Vitoria Maldonado tem dois discos lançados antes de Brasil L.I.K.E.: Vitoria (1994), indicado ao prêmio Sharp, e O que está acontecendo comigo (CD/DVD/2011). As gravações desta mais recente transcorreram em São Paulo, para onde Ron Carter trouxe o trio que o acompanha (Renee Rosnes/piano, Payton Crossley/bateria e Rolando Matos/percussão). Além de Menescal, Proveta e Ferragutti dentre outros, Brasil L.I.K.E. é embalado por orquestra formada por mais de 20 músicos de cordas e sopros regida por Ruriá Duprat (sobrinho do arranjador tropicalista Rogério Duprat), que escreveu os arranjos.
Ron Carter concordou de imediato com o repertório. Depois de ouvir as composições de Vitoria, sugeriu até uma parceria, como Saudade, que entrou no álbum. Ele n Thelonious Monk e Wes Montgomery, nunca mais parou e participou do Miles Davis Quintet entre 1965 e 1968, dentre outros importantes grupos.
É dono de um estilo considerado como próprio e isso faz dele um dos músicos de estúdio mais requisitados. Já esteve inúmeras vezes no Brasil e tocou e gravou com Hermeto Pascoal, Tom Jobim e Eumir Deodato, por exemplo. Tem ainda extenso trabalho com gravações de música erudita.
2 comentários sobre “1166 – Álbum de Vitoria Maldonado e Ron Carter reúne obras pessoais e clássicos dos Gershwin, Cole Porter, Tom e Vinicius”