1179 – Fabrício Conde (MG), autor de Fronteiras, representa Brasil em encontro de tiples na Colômbia

As audições que promovemos aos sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música, neste 20/4 que é de Aleluia e véspera da Páscoa, começaram com Fronteira, álbum do compositor, escritor e violeiro Fabrício Conde, de Juiz de Fora (MG) lançado em 2015. Conde será um dos destaques entre as atrações e eventos que serão promovidos durante o X Encontro Nacional de Tiple (Encuentro Nacional del Tiple), entre 25 e 28 de abril, em Bogotá, capital da Colômbia, país vizinho ao Brasil, na América do Sul. Conde está confirmado para abrilhantar painéis, oficinas e apresentações, incluindo o concerto da noite de encerramento (veja a programação, conforme divulgada pelos organizadores, ao final desta atualização).

O Encontro Nacional, revestido de caráter artístico e acadêmico, dedica atenção ao instrumento que mais identifica a sonoridade colombiana ao longo dos tempos, o tiple, e celebrará os 10 anos de sua realização promovendo oficinas (talleres), conferências (conferencias), painéis (paneles), apresentações de pesquisas (investigaciones) e concertos de grupos que incluem entre seus integrantes tiplistas, como são conhecidos os músicos que se dedicam a este tipo de  cordofone. Tem como organizador o Departamento de Educación Musical de la Facultad de Bellas Artes de la Universidad Pedagógica Nacional e é dirigido particularmente aos estudantes e docentes das cátedras de música de universidades em Bogotá e, especialmente, ao público em geral que aprecia a música andina colombiana interpretada em tiples.

A tiple (pronúncia em inglês: / ˈtɪpəl / ou / ˈtɪpli /; em espanhol: / ˈtiple /, literalmente agudo ou soprano ) é um cordofone de cordas dedilhadas da família da guitarra e um músico que toca o instrumento é chamado de tiplista.  A primeira menção à tiple vem do musicólogo Pablo Minguet e Irol, citada em 1752 e, embora existam muitas variações do instrumento em países, sobretudo de língua espanhola, a tiple está mais associada à Colômbia, onde é considerada o instrumento nacional. Ocorre, ainda em Porto Rico (cinco diferentes tipos), Venezuela, Menorca (ou Minorca, a segunda maior ilha do arquipélago das Ilhas Baleares, localizada a Leste da Espanha e a Oeste da Sardenha, cuja maior cidade é Maó; ilha mais setentrional das Baleares; na ilha fala-se o minorquino/menorquí, dialeto do bloco oriental da língua catalã), Cuba (com cinco cursos de cordas dobrados, dez no total), Peru (quatro pares de cordas), República Dominicana (Santo Domingo, semelhante ao cubano), Uruguai e Argentina e, em versões consideradas mais modernas, nos Estados Unidos da América.

O tiple colombiano  é semelhante na aparência à viola e ao violão, embora ligeiramente menor (cerca de 18%) do que ambos . A escala típica apresenta cerca de 530 mm (um pouco menos de 21 polegadas), e o pescoço junta-se ao corpo no traste 12. As 12 cordas são agrupadas em quatro cursos triplicados e a afinação tradicional do menor para o mais alto curso é CEAD, embora muitos músicos modernos sintonizem o instrumento como as quatro cordas superiores do violão moderno: DGB E.

As duas cordas externas de cada um dos três cursos triplos mais baixos são afinadas uma oitava acima do meio string no curso (dando C4C3C4 • E4E3E4 • A4 A3 A4 • D4D4D4 na afinação tradicional, ou D4D3D4 • G4G3G4 • B4B3B4 • E4E4E4 na afinação moderna). Um braço de 18 ou 19 trastes dá ao tiplano colombiano um alcance de cerca de 2-2/3 oitavas, de C3 – G # 5 (ou A5). A tiple é usada para muitas músicas tradicionais da Colômbia, incluindo bambucos e pasillos. Serve tanto como instrumento de acompanhamento como para solos. 

Um dos principais compositores da música clássica é  Pacho Benavides. David Pelham escreveu que a tiple é uma adaptação colombiana da vihuela renascentista espanhola trazida para o Novo Mundo no século XVI pelos conquistadores espanhóis. No final do século XIX, evoluiu para a sua forma atual. Suas 12 cordas são organizadas em quatro grupos de três: o primeiro grupo consiste de três cordas de aço sintonizadas em E, o segundo, terceiro e quarto grupos têm uma corda de cobre no meio de duas cordas de aço. As centrais são afinadas uma oitava abaixo. O arranjo produz o conjunto de harmônicos que dá ao instrumento sua voz única. 

A tiple é identificada como o principal e mais popular instrumento da Colômbia, mas ocorre também em outros países hispânicos e já chegou aos Estados Unidos da América

Fora da Colômbia, as cordas de “cobre” são mais comumente cordas de guitarra de aço ou de bronze. Outra variante, o triplo pretiano colombiano, é muitas vezes chamado simplesmente de triplo requinto. Este instrumento é cerca de 10 a 15% menor que a ilustre prima colombiana, e as cordas de oitava central do instrumento maior são sintonizadas em uníssonas, dando um ajuste C4C4 • E4E4E4 • A4A4 • D4D4D4 (tradicional), ou um ajuste de D4D4D4 • G4G4G4 • B4B4B4 • E4E4E4 (moderno). O triplo requinto, às vezes, é feito mais em forma de violino ou “ampulheta”, do que de violão. Essas diferenças conferem-lhe um som geralmente mais fino e mais agudo do que o típico colombiano, embora a maior parte de seu ajuste esteja na mesma faixa do instrumento maior. 

O músico colombiano Aleksey Benavides Rodríguez, integrante do grupo de música caribenha e latino-americana Triptico, apresentou-se em abril de 2017 na Casa Mora Mundo, no bairro da Barra Funda, cidade de São Paulo, durante uma rodada do projeto Violada¹,conforme reportou o realizador de audivisuais da Maravilha Filmes Mário de Almeida, do portal Viola na Tela.

Aleksey, na ocasião, fez sua participação com uma tiple. Ele demonstrou que, diferentemente da viola caipira, que tem cinco grupos de cordas duplas, a tiple reúne quatro grupos de três cordas, sendo que no primeiro, as três cordas são agudas, e em cada um dos outros três grupos as cordas de fora são agudas e a central é grave — o que segundo o tocador faz com que o instrumento seja bem harmônico.

A tiple é afinada em MI-SI-SOL-RÉ, faltando apenas as duas outras, LÁ-MI, para completar a afinação igual à do violão, que também faz parte da formação típica que compõe o trio de cordas da música popular colombiana: bandola, tiple e violão. Aleskey fora convidado por Fábio Miranda, um dos idealizadores do Violada, para interpretar música do repertório tradicional de seu país e cantou Mi Cafetal, de Rafael Godoy, que é um bambuco, ritmo típico e muito popular na Colômbia, com elementos parecidos com chamamé e  polca paraguaia, conforme observou Almeida.

Sensibilidade e virtuosismo

Fabrício Conde é músico, professor, pesquisador e interprete dos mais tarimbados no Brasil que se dedicam à viola caipira. Desde os 20 anos, ele  promove estudos e pesquisas das viola caipira e da música popular instrumental, sem deixar de dar atenção às músicas produzidas em comunidades rurais, dentro e fora do Brasil. Destas viagens e vivências resultaram as composições gravadas e Fronteira, seu mais recente álbum, no qual combina sensibilidade virtuosismo.

A discografia de Fabrício Conde também apresenta São de Viola (2001), Viola da Mata (2004), Viola Brasileira (2008) e o DVD Âncora, transmitido pelo canal de TV Afro Music na Espanha, em 2011. Em 2014, o mineiro ganhou o XIV Prêmio BDMG Instrumental; dois anos antes vencera I Concurso Instrumental Estúdio 66, do Canal Brasil, e fora selecionado em 2010 para o Projeto Rumos Coletivo – Itaú Cultural. Novamente em 2014, promoveu com patrocínio da Caixa Cultural apresentações em Fortaleza (CE), Brasília (DF) e São Paulo (SP). Em 2016, foi selecionado para novo projeto, o Quintas do BNDES, na cidade do Rio de Janeiro.

Fabrício Conde também é autor dos livros Causos, histórias e um pouco mais  (Franco Editora), O caminho das asas (Roda & Cia) e foi selecionado pela Feira de Literatura Infanto Juvenil para participar da feira de Bolonha, na Itália.

Saiba mais sobre Fabrício Conde e o álbum Fronteira visitando os linques abaixo.

https://jornal.usp.br/atualidades/cd-fronteira-pretende-tracar-novos-caminhos-musicais/

https://barulhodeagua.com/tag/fabricio-conde/

https://barulhodeagua.com/2015/07/13/fabricio-conde-abre-porteiras-e-estabelece-novos-territorios-culturais-com-seu-recente-disco-fronteira/

Jueves (quinta-feira), 25 de abril, 11h

Conferencia: la viola caipira y el tiple, maestros Fabrício Conde e Oscar Santafé

Sede Nogal UPN: Calle 78, 9-92, Bogotá

Viernes (Sexta-feira). 26 de abril

9 horas: Conferencia – Taller: Música Tradicional de Brasil y la Viola Caipira, maestro Fabrício Conde

Sede Nogal UPN Calle 78 no.9-92 Bogotá 

O triple é usado especialmente em trios e em ritmos como bambuco, guabina e pasillo, entre outros

14 horas: Conversatorio: El tiple y los instrumentos de cuerda pulsada em Colombia y Latinoamérica. Experiencias y retos,  maestros Fabrício Conde, Jairo Rincón, Oscar Santafé, Dora Corita Rojas

Sábado, 27 de abril

9 horas: Taller Ensayo Dirección de Conjuntos de cuerdas: Orquesta de tiples y Orquesta típica UPN. Maestro Fabrício Conde y Oscar Santafé

Sede Nogal UPN Calle 78 no. 9-92 Bogotá

16 horas: Concierto de Ensamble Arsis, Margarita y Alejodúo, Torbellino eléctrico, Orquesta Típica UPN y Fabrício Conde

Sala Teresa Cuervo Borda, Museo Nacional de Colombia, Carrera 7 no.28-66 Bogotá

Domingo, 28 de abril

16 horas : Concierto de Gala de Cierre X Encuentrocon Edison Muñoz, Fernando y José, Trío Itinerante, Orquesta de tiples, director Oscar Santafé, Fabricio Conde

Teatro Colsubsidio

¹ Violada é um evento musical iniciado em 2017, na Casa Mora Mundo, no Bairro da Barra Funda, em São Paulo. Como o nome já sugere, a Violada tem como objetivo reunir diversos artistas que trabalham com a viola em uma perspectiva autoral. Este circuito é totalmente independente, o que, segundo o seu idealizadorFábio Miranda, é a uma das propostas do projeto. Neste sentido é um espaço para violeiros que procuram tocar, apresentar seus projetos e trocar experiências, fora do ambiente do mercado tradicional. Para levar o evento também a outros espaços, Fábio Miranda firmou parceria com outros artistas, como o violeiro Bruno Sanches

Escute por este linque o Unico Trio, do maestro Oscar Santafé

https://www.unicotrio.com/escucha?fbclid=IwAR2vH4vE-y3opS7JK-fAyEyssV0owPVVDEPEprVnBkupeJHUWdTwZPmByig

https://violanatela.com/2017/05/15/o-tiple-colombiano-na-violada/

 

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