LTexturas instrumentais compõem canções explorando temas como o amor, a religiosidade, a força da trilha dos sertões e veredas de Minas Gerais no projeto em parceria com o poeta Wander Lourenço que tem participações de João Di Souza, Sérgio Santos, Simone Guimarães, Bruna Morais e Mariana Nunes.
As audições matinais dos sábados aqui no boteco do Barulho d’água Música neste dia 25 de maio começou com o álbum Sagração, mais recente e encantador trabalho do cantor, compositor e violeiro Chico Lobo em parceria com o poeta Wander Lourenço e com os músicos Sérgio Rabello e Leíse Renhe, complementado por um belo projeto gráfico e encarte, assinados por Adriano Alves. Sagração será lançado em São Paulo na quinta-feira, 30, abrindo uma miniturnê que terá escalas na cidade de Belo Horizonte (MG), do Rio de Janeiro (RJ) e na mineira São João Del Rey (ver guia Serviços). O álbum é mais um lançamento da gravadora Kuarup, com produção executiva de Ângela Lopes (Viola Brasil Produções), à qual e a Rodolfo Zanke agradecemos pela gentileza do envio do exemplar que rolamos na vitrolinha.
Tudo em Sagração é primoroso. O disco traz uma rica linguagem musical que une a viola caipira ao violoncelo e ao violino. Texturas instrumentais surgem para compor canções explorando temas como o amor, a religiosidade, a força da trilha dos sertões e veredas de Minas Gerais. É um projeto inspirado no escritor Guimarães Rosa que buscou descortinar o estado mineiro em uma representação artística que faz a ponte entre o acadêmico e o erudito nos instrumentos de orquestra misturados à riqueza das culturas populares e dos registros dos cantadores por meio do som típico da viola transformado em música de raiz. O disco que tem distribuição nacional pela produtora e gravadora Kuarup conta com as participações especiais do tenor João Di Souza, do músico e cantor Sérgio Santos e das cantoras Simone Guimarães, Bruna Morais e Mariana Nunes.
A obra de João Guimarães Rosa é celebrada nos quatro cantos do planeta por literários, poetas e romancistas, fonte de inspiração e tema de debates acadêmicos sobre a evolução da literatura e da música popular na construção linguística do nosso país. Vários autores mineiros desenvolvem há mais de uma década um vasto e instigante trabalho musical tendo como base a obra do prestigiado poeta.
No projeto Sagração, a cantoria e a viola caipira de Chico Lobo, um córrego de timbres e gorjeios se abarrancam como uma embarcação do Rio São Francisco aos poemas de Wander Lourenço, em cerimonial de hóstia e comunhão com instrumentos, de maneira a embalsamar o instante de encantamento. Quando chegou ao violeiro a poesia de Wander Lourenço, Chico Lobo se encantou de tal modo com a riqueza da linguagem de um Brasil profundo que decidiu transformar as letras e poemas em canção, como se trilhasse as veredas, os cerrados, os chapadões e os igarapés dos sertões das Minas Gerais. Ao se deparar com a religiosidade metafórica incrustada naquelas paragens aventadas pelo poeta, Chico Lobo constatou que não bastava a viola seca e solitária. A intuição pedia unir o cancioneiro popular das violas com a erudição do violino e violoncelo para que a cerimônia de cordas e trovas findasse em sagração e mergulhasse no universo roseano.
No CD destaque para as canções Lua Negra, Casinha Caiada, Rosário de Rosas, Cada Estrela é Uma Aldeia de Minas, Sagração — esta a faixa título que abre o disco — e Desoração, que fecha o repertório do trabalho, que tem produção musical do designer Adriano Alves.
Chico Lobo
Nascido na cidade mineira de São João Del Rey o músico e violeiro Chico Lobo recebeu três vezes o Premio Profissionais da Música como Melhor Artista Raiz Regional Brasileira (2015, 2016 e 2017). Foi homenageado e agraciado em sua cidade natal com o Título de Honra ao Mérito por valorosa contribuição à sociedade e cultura, por meio de sua fundação, o Instituto Chico Lobo, aberto em 2013,
Lançou mais de 25 CDs entre obras de carreira, parcerias e coletâneas. Tem dois DVDs lançados: Viola Popular Brasileira, pioneiro em seu gênero e que sintetiza sua carreira até 2005, e o DVD De Minas ao Alentejo (2013) de conteúdo duplo com documentário e show, uma coprodução Brasil/Portugal que valoriza a origem da viola caipira de Chico Lobo e a viola Campaniça de Pedro Mestre. A parceria lusitana se mantém com vários eventos em Portugal e no país com a Mostra Internacional de Violas D’arame. Gravado por artistas como Maria Bethânia, Banda de Pau e Corda, dividindo palco com Renato Teixeira, Zé Geraldo, Quinteto Violado e Zé Alexandre, hoje o músico é considerado um dos mais ativos violeiros no processo de popularização e divulgação da cultura brasileira.
Sérgio Rabello
Formado no Curso Superior de Violoncelo pela Escola de Música da UFMG em 2007, fez também a sua formação em contrabaixo além de estudar harmonia e improvisação. É violoncelista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e vem atuando na música erudita também como instrumentista convidado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sesi Minas e Orquestra Ouro Preto em diversos concertos.
Leíse Renhe
Bacharel em violino pela Universidade Federal de Minas Gerais, a musicista lecionou violino em diferentes unidades de Belo Horizonte, incluindo o Centro de Musicalização Integrada (CMI) da UFMG e CEFART, no Palácio das Artes. Participou de diversos concertos com a Orquestra de Câmara Sesi Minas e Orquestra Ouro Preto. Atuou como violinista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais durante o período de 2009 a 2018.
Wander Lourenço
O poeta, dramaturgo, professor, ensaísta e escritor Wander Lourenço é graduado em Letras (1994). Pós-doutorado em Estudos Comparatistas da Universidade Clássica de Lisboa, em 2013 e 2014, tem Doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense em 2006, Mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal Fluminense, em 2001, e especialização em Literatura Brasileira pela Universidade Federal Fluminense, em 1996.
Autor dos livros O Dramaturgo Virgem (2005); Com Licença, Senhoritas (2006); Iniciação à Análise Textual (2006); Literatura e Poder – Organização Lucia Helena (2006); O Enigma Diadorim (2007); Solar das Almas e Outras Peças (2008), Eu, psicógrafo? Teatro (2011), Antologia Teatral (2013), As Aventuras da Bruxinha Lelé (2014), A Lenda do Sabiá-Pererê (2018) e Dramatologia (2018).
Kuarup
Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral, com artistas como Baden Powell, Renato Teixeira, Ney Matogrosso, Wagner Tiso, Rolando Boldrin, Paulo Moura, Raphael Rabello, Geraldo Azevedo, Vital Farias, Elomar, Pena Branca & Xavantínho e Arthur Moreira Lima, entre outros.
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