Canções promovem a integração das raízes tradicionais sertanejas à modernidade sonora do artista de Campina Grande que mora na cidade do Rio de Janeiro um dos mais destacados talentos da nova MPB
O selo Kuarup está lançando De Dentro, segundo álbum de Luis Kiari, paraibano de Campina Grande há seis anos radicado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e que acaba de promover miniturnê por cidades do Nordeste visitando os estados da Paraíba e de Pernambuco. O disco, gentilmente enviado ao boteco do Barulho d’água Música pelo produtor Rodolfo Zanke — ao qual mais uma vez somos gratos, estendendo os agradecimentos à toda a equipe da gravadora e editora — tem produção de Ricardo Gomes e mixagem e masterização feitas pelo consagrado engenheiro de som Ricardo Carvalheira. Reúne nove singelas, mas poéticas faixas nas quais se ouve a participação especial do cantor, compositor e instrumentista pernambucano Nando Cordel — em A Paz de Esperar, que assina a parceria com Kiari na composição –, mais o brilhante e toque inconfundível das violas caipira e dinâmica do músico mineiro Chico Lobo, em todo o repertório¹. As canções promovem a integração das raízes tradicionais sertanejas à modernidade sonora do artista, um dos mais destacados talentos da nova geração da MPB. E o projeto gráfico De Dentro é outra atração do álbum. Assinado pelo conterrâneo do cantor, Vito Quintans, revela um conceito artístico baseado em xilogravura, conforme pode ser conferido nos clipes disponibilizados no sítio eletrônico de Kiari, acompanhado das letras (lyrics) das canções, ou nas principais plataformas digitais.
Antes de De Dentro, Kiari gravara Três, em 2016. O primeiro trabalho vai muito além de um álbum: é a consolidação de um projeto de vida que contou com a participação não só de artistas de renome como Ivan Lins e novas vozes da MPB comoTaís Alvarenga, mas também com os maiores entusiastas e amigos do músico, que se transformaram em coprodutores do trabalho por meio do financiamento coletivo do disco.
Com mais de 100 composições próprias, Luis Kiari apresenta nas doze faixas de Três canções que abordam de forma poética temas tocantes, impregnados pela própria trajetória musical. Para dar forma ao disco, Kiari contou com a contribuição preciosa de profissionais reconhecidos da música. O álbum foi mixado por Álvaro Alencar, ganhador de treze prêmios Grammy Latino por trabalhos com artistas consagrados como Maria Rita, Gilberto Gil, Lenine e Skank, além de mais de 30 discos de ouro e de platina de nomes como O Rappa, Jota Quest, Barão Vermelho e Milton Nascimento.
Produzido por Léo Brandão, Três contou com a contribuição dos músicos Ezio Filho, Lucio Vieira, Marcos Suzano, Rafael dos Anjos, Walter Villaça, Cristian Oyens, Léo Gandelman, Ocelo Mendonça, André Vasconcellos, Rogério Caetano, Jayme Vignoli, Cris Lima, Alma Thomas e Taís Alvarenga.
DAS FONTES DO PAI
O envolvimento de Kiari com a música começou na infância em Campina Grande, ao ouvir o pai cantarolando versos de Maurício Reis, Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, entre outros, enquanto o acompanhava no trabalho rural. Na adolescência teve seu primeiro contato direto com a música por meio dos instrumentos tocados pelos três irmãos cegos, que então estudavam na capital paraibana.
Foi nesta época que Kiari aprendeu a tocar violão e começou a ter acesso aos primeiros discos de música popular brasileira, trazidos pelos irmãos. Aos 19 anos desembarcou na cidade do Rio de Janeiro e intensificou seu envolvimento com a música lecionando aulas de violão por indicação de amigos da igreja que frequentava. Por intermédio deles, conheceu alguns dos hoje seus principais parceiros de composição como Caio Sóh, Gugu Peixoto e Fred Somer.
A difícil adaptação do menino do Interior do Nordeste à realidade de uma grande cidade e a angústia silenciosa deste choque cultural transformaram-se na primeira composição do artista, em 2004, Terra Ardente. A partir daí, Kiari não parou mais. Em 2006 formou-se em Produção Fonográfica e ampliou seu interesse pelas palavras e por Filosofia, frequentando o curso de Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como ouvinte. Nesta época conheceu Caio Sóh, que abriu a varanda do apartamento no Recreio dos Bandeirantes, na cidade do Rio de Janeiro, para encontros de música e de poesia com jovens artistas de várias partes do Brasil. Destes saraus nasceram Os Varandistas — que chegaram aos palcos da MPB em 2010 – e a aproximação com a jovem cantora Maria Gadú — que gravou em seu disco de estreia, em 2009, Linda Rosa, composição de Kiari e Gugu Peixoto, e que foi escolhida como parte da trilha sonora da novela Cama de Gato, da Rede Globo. Com Gadú, Kiari tocou em casas conceituadas nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e participou da gravação do primeiro CD/DVD da amiga, fazendo dueto em sua canção Quando Fui Chuva, composta em parceria com Caio Sóh.
Ilustração para a faixa Sempre que eu Canto chove e mais acima para Da Porta, ambas de Vito Quintans, artista gráfico conterrâneo de Luis Kiari

Luis Kiari e Chico Lobo
¹ Demais músicos participantes do disco De dentro:Bill Lucas (percussão), Sérgio Saraiva (percussão), Ricardo Gomes (baixo elétrico, pad, piano,violino, arranjos), Sérgio Rabello (cello), Sergio Saraiva (acordeon) Duduzinho Aguiar (acordeon), Sílvio Silva (violão de aço), Leise Renhe (violino)
Para entrar em contato com Luis Kiari: Abdias Júnior | (11) 98139-1662/Bruna Maba | (24) 99214-8009/contato@luiskiari.com.br
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