1204 – “Duofel com Passoca” une consagrada dupla de violonistas e cronista do cotidiano de Sampa

Álbum com dez faixas traz composição inédita do cantor em parceria com Renato Teixeira e regravação de clássico de Noel Rosa mescladas a temas instrumentais em comemoração aos 40 anos de carreira dos músicos

Cantor e compositor que se destacou como um dos expoentes da Vanguarda Paulista e que sucede à altura Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini na arte de ser cronista do cotidiano da maior cidade brasileira por meio das letras de suas canções, Passoca se uniu à (não menos consagrada) dupla de violonistas e lançou Duofel com Passoca. O álbum, de 10 faixas, distribuído pela Atração Fonográfica e disponível nas plataformas digitais, já foi atração no Sr. Brasil em programa levado ao ar em 22 de abril pela TV Cultura, com apresentação de Rolando Boldrin. A paulistana Revista Fórum também abriu espaço para a novidade e em sua edição eletrônica de 18 de março destacou: Tanto o Duofel quanto Passoca, veteranos com carreiras longevas, que beiram os 40 anos de trajetória, têm em comum o compromisso de não envelhecer. A música que fazem é sempre inquieta, inovadora, sem nunca perder o direito do ouvinte ao prazer e à fruição.”

O disco traz temas instrumentais, marca do Duofel (Luiz Bueno e Fernando Melo) e composições inéditas de Passoca com expoentes como o seu compadre Renato Teixeira (Nasce a Canção) — em parceria consumada na casa do autor de Romaria, em Mairiporã (SP), aos pés da Serra da Cantareira. Há, também, regravações de sucessos como Quando o Samba Acabou, de Noel Rosa, interpretadas por Passoca. Responsável pelos arranjos, o Duofel esbanja o costumeiro talento executando Água de Beber, melodia de Tom Jobim e de Vinicius de Moraes, além da famosa Maracangalha, ícone de Dorival Caymmi.

O álbum tem participação da cantora e compositora Rita Bastos, filha de Passoca com a cantora Vânia Bastos, e de Ronaldo Rayol nos arranjos vocais.

Com o passar do tempo na composição algumas obras minhas ficavam temas instrumentais. A sonoridade que eles têm no duo sempre me chamou a atenção e eu admiro. Então convidei os dois para tentar fazer este disco meio a meio, ou seja, metade tocado e metade cantado, no qual não tem um protagonista e um acompanhante; nós três somos acompanhantes e nós três somos protagonistas”, informou Passoca. “O disco ficou legado por causa disso”, prosseguiu o criador de Curió e de Sonora Garoa e que no começo da carreira integrou o Flying Banana. “Eu sempre admirei o Noel Rosa, tanto que meu filho chama-se Noel”, disse ainda, referindo-se à regravação do clássico do poeta de Feitiço da Vila, a qual acrescentou, no começo e no final,seu característico assovio. “O Roberto Corrêa [violeiro mineiro de Campina Verde radicado em Brasília/DF] um dia me falou que Quando o Samba Acabou ficaria bem em minha voz, então agora eu arrisquei e acredito que o resultado agradou.”

Homenagens caipiras

Cantor, compositor e violonista nascido em Santos (SP), Passoca é Marco Antônio Vilalba, formado em Arquitetura. Em sua carreira participou do grupo Flying Banana na década dos anos 70, depois de trocar Ribeirão Pires por São Paulo. Já  abriu shows de Ednardo e do grupo Bendegó e gravou um compacto solo em 1978, com as músicas Cão Vadio e Sombras (com o parceiro Bê, do Flying Banana, que reunia, ainda, Carlão). Em 1980 gravou o primeiro bolachão, Que Moda!, com composições de estilo caipira e influências urbanas.

Apadrinhado mais tarde por Arrigo Barnabé, Passoca lançou um de seus maiores sucessos, Sonora Garoa, com participações de Vânia Bastos e do grupo Premeditando o Breque. Em 1997 gravou Breve História da Música Caipira, uma antologia do gênero, que ele aborda com refinamento. É autor, ainda, de homenagens a João Pacífico e a Adoniran Barbosa, que a exemplo de Suíte Paulistana estão disponibilizadas pela Atração Fonográfica   e podem ser degustadas visitando as principais plataformas digitais.

Genialidade na ponta dos dedos

Luiz Bueno, paulistano, e Fernando Melo (Arapiraca/AL) já tocam juntos, promovem pesquisas, ensaios e concertos há 40 anos, marcando o território musical do país por promover novas linguagens para o violão, valendo-se de diversos modelos para experimentar timbres diferentes e produzir músicas instrumentais que mesclam erudito e popular. Com tal receita, o Duofel brinda os fãs com composições próprias, clássicos populares e até primorosas releituras de clássicos do The Beatles.

Para executar este refinado e dos mais ecléticos repertórios, Melo toca violão de 12 cordas, violão de nylon, viola caipira, zig zum, arco da rabeca e violão de aço. Bueno, por sua vez, utiliza violão de nylon, violão de aço, violão tenor, zig zum e arco da rabeca. Em toda trajetória, a dupla contabiliza o lançamento, além de Duofel com Passoca, de 12 discos próprios – 10 gravados no Brasil, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos –, a conquista de três prêmios da Música Brasileira (melhor arranjo/1996, melhor solista/1994 e melhor música instrumental/1993) e outras seis indicações (melhor CD instrumental/1996, melhor música instrumental/1994, melhor disco instrumental, melhor solista Fernando Melo, melhor solista Luiz Bueno e melhor música instrumental/1993).

Leia também no Barulho d’água Música:

789 – Sesc Ipiranga promove em janeiro atividades e espetáculos com expoentes da Vanguarda e do Lira Paulistana

812 – Em meio a várias homenagens, Passoca, Alzira Espíndola e Gereba relembram sucessos do Vozes e Viola, que apresentavam no Lira Paulistana (SP)

992- Prestes a emplacar quatro décadas de sucesso, Duofel toca de graça no Museu da Casa Brasileira (SP)

 

Um comentário sobre “1204 – “Duofel com Passoca” une consagrada dupla de violonistas e cronista do cotidiano de Sampa

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.