Disco do selo Kuarup confirma a excelência no modo de tocar chorinho de um dos mais queridos grupos brasileiros do gênero, fundado em 1964 pelo lendário Jacob do Bandolim e pelo qual passaram entre outros expoentes Jorginho do Pandeiro e Dino 7 Cordas
O Conjunto Época de Ouro, em plena forma aos 55 anos de estrada, será a atração nesta segunda-feira, 5 de agosto, em São Paulo, de mais uma rodada gratuita do projeto Sesc Instrumental Brasil, com mediação de Patrícia Palumbo, a partir das 19 horas. O repertório da apresentação deverá privilegiar as músicas do álbum De pai pra filho, que está em fase de lançamento pelo selo da gravadora e editora Kuarup. Depois da passagem pelo palco do Teatro Anchieta, o Época de Ouro levará a novidade à Casa do Choro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) para rodadas nos dias 7 e 8 (veja a guia Serviço). Um exemplar do álbum, gentilmente nos enviado pelo diretor executivo da Kuarup, Rodolfo Zanke, ao qual agradecemos estendendo o abraço à toda equipe, abriu as audições matinais dos sábados neste dia 3 de agosto aqui no boteco do Barulho d’água Música, em São Roque, Interior paulista.
Sempre reconhecido e aclamado pela execução perfeita do choro genuíno, o Conjunto Época de Ouro comemora este jubileu de ametista com músicas inéditas neste álbum idealizado por Celsinho Silva, que divide com o irmão e cavaquinista, Jorge Filho, a produção musical. De pai pra filho é mais uma joia na brilhante história do grupo, desde a fundação por Jacob do Bandolim, em 1964, passando pelo cuidado nos arranjos pelo qual primava Jorginho do Pandeiro. A cada faixa revela-se a mesma excelência meticulosa que marca as apresentações e a trajetória de sucesso junto ao público brasileiro e internacional, notadamente, a reverência sempre recebida pelo público japonês aos seus acordes. Assim, a cada nota se revela um presente para os ouvidos e para o coração dos apreciadores do gênero musical mais brasileiro de todos.
A cada novidade trazida pelos integrantes já consagrados — como Antonio Rocha nos sopros, Jorge Filho no cavaquinho e Ronaldo no bandolim, reunidos após a perda do último integrante contemporâneo do fundador, Jorginho do Pandeiro –, é nítida a mesma dedicação aos detalhes que sempre marcou o Conjunto. Celsinho Silva na percussão, João Camarero no violão 7 cordas e Luiz Flávio Alcofra no violão 6 cordas chegaram fortalecendo modo peculiar de tocar choro. Neste disco de músicas inéditas eles conseguem acalmar os corações que já estavam com saudade destes bálsamos musicais e colocam sob os holofotes novos compositores — como os próprios Antonio Rocha, João Camarero, Jorge Filho e Luís Barcelos. Para dar a bênção à nova geração, não poderiam faltar compositores experientes como Cristovão Bastos, João Lyra, Jorginho do Pandeiro e Juventino Maciel.
Do rádio para os lares
O Conjunto Época de Ouro representa o choro genuíno dos tempos em que o rádio era o maior veículo de comunicação no Brasil e a música instrumental brasileira enchia os lares. Fundado em 1964 por Jacob do Bandolim, o Conjunto tem uma carreira sólida construída com diversos espetáculos por todo o país, levando às plateias arranjos elaborados interpretados com maestria por componentes exigentes.
Inicialmente, acompanhava Jacob do Bandolim que, em alguns anos, já se integrou aos demais, mantendo somente a denominação atual.
Jacob era muito criterioso e exigente nos ensaios, não somente no que se refere à técnica, mas também quanto à disciplina e ao profissionalismo. Apresentando-se sempre de terno e de gravata, muito polidos e elegantes, os componentes, à época da fundação, tinham muito orgulho de pertencerem ao mesmo conjunto do ícone do bandolim.
César Faria, pai de Paulinho da Viola, comandava os baixos no violão de 6 cordas, ao lado de Carlos Leite, enquanto Dino 7 Cordas “brincava” com suas interpretações inacreditáveis que originou uma técnica específica de tocar o instrumento, utilizada e admirada até hoje. O pandeiro era conduzido por Gilberto D´Ávila — que logo deu lugar ao único remanescente da Época de Jacob, que transformou em sobrenome o instrumento que lhe deu o título de maior pandeirista do Brasil: Jorginho do Pandeiro, sem contar o exímio solista Jonas da Silva ao cavaquinho.
Com a saída ou falecimento de integrantes, foram se incorporando ao time Walmar Amorim (cavaquinho, de 1984 a 1988), substituído em seguida por Jorge Filho, no conjunto há mais de 25 anos, filho de Jorginho do Pandeiro.
Os violonistas também se renovaram com Tony Azeredo — estudioso da história do choro, cuja execução assemelha-se muito à de Dino 7 Cordas — e André Bellieny (6 cordas) incorporado ao Conjunto após o falecimento de César Farias.
O instrumento símbolo do Conjunto Época de Ouro parou de tocar em 13 de agosto de 1969, quando Jacob do Bandolim deixava órfão não apenas o Época de Ouro, mas toda uma classe de músicos, adoradores e amigos. Com seu falecimento, muitos compromissos foram adiados e neste tempo o conjunto atravessou um luto de três anos sem apresentações e aparições. Até que, por iniciativa de Paulinho da Viola, o Conjunto retomou suas atividades em 1973, em grande estilo, no famoso espetáculo Sarau — que lotou, por vários dias o Teatro da Lagoa, dando origem, inclusive ao Clube do Choro – idealizado por Paulinho e o crítico Sérgio Cabral num movimento, em todo o país, que buscava dar maior amplitude ao gênero musical.
No comando do bandolim, o renomado Déo Rian — que no mesmo ano seria sucedido por Ronaldo do Bandolim, virtuoso consagrado (também integrante do internacionalmente aplaudido Trio Madeira Brasil) que dá o tom do Época até hoje em performances inigualáveis. Em 2006, também passou a integrar o Conjunto o flautista Antonio Rocha, reconhecido amplamente na música instrumental por solos perfeitos mostrando que mesmo após 40 anos o Época de Ouro traria uma novidade ao choro já clássico e inebriante.
Durante a existência do grupo, o Conjunto, juntamente com Jacob do Bandolim, de cuja discografia não há como se desvincular, gravou mais de 40 discos, entre eles os premiados Vibrações e Época de Ouro interpreta Pixinguinha e Benedito Lacerda, considerados Melhor Disco Instrumental do Ano de 1967 e 1977, respectivamente.
Em outro grande momento, já na década dos anos de 1990, após ser convidado a representar a música brasileira na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, o Conjunto foi convidado por Marisa Monte, Elba Ramalho, Ivan Lins e Paulinho da Viola para participar das gravações dos respectivos discos. Devido ao grande sucesso e repercussão das parcerias, retribuindo os convites, o Época de Ouro lançou o aclamado por público e crítica Café Brasil, com a participação dos referidos artistas, além de João Bosco, Martinho da Vila e Leila Pinheiro, que vendeu mais de 100 mil cópias, sendo 25 mil delas só no Japão, onde o choro é um gênero muito apreciado e valorizado.
Algum tempo depois surgiu a oportunidade de lançar o Café Brasil 2, com as participações de Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Ney Mato Grosso, Ivan Lins, Mosca, Arlindo Cruz e Sombrinha, Elba Ramalho, Nó em Pingo D Água e Lobão, cujo sucesso rendeu além de milhares de cópias, um convite muito especial: uma turnê por várias cidades japonesas, culminando com a gravação do de disco não lançado no Brasil.
Após o falecimento do mestre Jorginho do Pandeiro, em julho de 2017, o Época de Ouro viveu nova reformulação. O pandeiro passou a repicar nas mãos de Celsinho Silva, filho do mestre, o violão de sete cordas está com um dos principais nomes da nova geração do violão brasileiro, João Camarero. Luiz Flávio Alcofra, professor de violão e Educação Artística (música), graduado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), ocupa a cadeira de violão de seis cordas. Com eles, em 2018, o Conjunto Época de Ouro enfrentou novos desafios, mas com muita vontade de continuar um trabalho que vem sendo feito, com muito respeito, pela música brasileira nos seus 55 anos de existência. Ainda neste ano, o Conjunto homenageou os 100 anos de Jacob do Bandolim e Dino 7 Cordas com shows por diversos teatros pelo Brasil.
De pai pra filho reúne valsas, choros, schocths, novos compositores como Luís Barcelos , Antonio Rocha, João Camarero, Jorge Filho e os mais experientes como Jorginho do Pandeiro, Juventino Maciel , Cristovão Bastos e João Lyra.
“O Conjunto Época de Ouro tem em seu nome o registro de um tempo em que o choro deu à música brasileira o espaço para o improviso e a vestiu de erudição. Fundado por Jacob do Bandolim em 1964 é o conjunto que se tornou a mais importante referência para os jovens de hoje que dão continuidade ao gênero musical. Recomendo ouvir Época de Ouro na sua formação original e a extraordinária gravação ao vivo, o melhor da nossa música popular, realizado no teatro João Caetano em 19 de fevereiro de 1968, acompanhados de Zimbo Trio e da divina Elizeth Cardoso. 0 legado de Jacob e seus companheiros continua vivo e traz nesse disco uma formação atual que carrega em suas notas musicais a tradição do maior conjunto de choro de todos os tempos”. Elifas Andreato
“Tudo que aprendi na música foi em discos. Até brinco que sou “um sambista de vitrola”
Tomei conhecimento do Choro com as músicas de Ernesto de Nazareth e Zequinha de Abreu, ainda aos meus cinco ou seis anos de idade.
Um pouco mais tarde (eu já tocava violão), não lembro se comprado por mim ou por meu pai, conheci o LP “Vibrações”, de Jacob do Bandolim e Época de Ouro.
Não dá para explicar. Entrei no túnel do Choro, levado pelo Época, para uma viagem da qual nunca mais retornei,
Me apaixonei totalmente pelo que ouvia.
Jacob nos deixou cedo, mas o Época continuou, muito pela garra de Jorginho Silva, o mais importante pandeirista do Brasil! Jorginho do Pandeiro, como é mais conhecido, nos deixou há pouco tempo e novamente o Época de Ouro continuou.
E agora com um novo CD de músicas inéditas. Com o sugestivo titulo “De pai pra filho” nome também da música do próprio Jorginho, pai de Celsinho Silva.
Claro! Celsinho Silva assume o pandeiro do pai e a vida continua.
Musicas inéditas de compositores antigos e atuais.
E que turma… Antonio Rocha, herdeiro legítimo de Altamiro Carrilho (dito pelo próprio),Celsinho Silva, o eterno pandeirista de Paulinho da Viola, João Camarero das “nem mais, nem menos”, Jorge Filho no cavaquinho, também filho de Jorginho do Pandeiro fazendo jus ao titulo ‘De pai pra filho”, Luiz Flavio Alcofra dando a base para todos, assim como o lendário César Faria e ainda o grande Ronaldo do Bandolim
E o mundo agradece em nome da estética”. Eduardo Gudin
Serviço
Na segunda-feira, 5 de agosto, o Época de Ouro lançará De pai pra filho no teatro Anchieta, do Sesc Consolação, situado na rua Doutor Vila Nova, 245, Vila Buarque, na cidade de São Paulo (SP), palco do projeto Instrumental Sesc Brasil, com Patrícia Palumbo.
A apresentação está marcada para ter início às 19 horas e o ingresso, gratuito, começará a ser distribuído uma hora antes.
Para mais informações há o número de telefone (11) 3234-3000
Nos dias 7 e 8, quarta e quinta-feira, também a partir das 19 horas, o conjunto de chorões estará na Casa do Choro, cujo endereço é a Rua da Carioca, 38, Centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A entrada custará R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Para mais informações o telefone da Casa do Choro é (21) 2242-3597.
Encomende seu exemplar do álbum De pai pra filho na Kuarup:
Kuarup Música
Rádio, Imprensa e TV: http://www.kuarup.com.br
Telefones: (11) 2389-8920 e (11) 99136-0577
Rodolfo Zanke
Kuarup Música (11) 2389-8920
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