Álbum é uma mistura de influências desde às raízes sul-mato-grossenses até a porção árabe da cantora. De selo independente, sucede Canto pra Aldebarã, de 2014, que rendeu a ela o Prêmio Grão da Música
A cantora e compositora Thamires Tannous está girando por cidades da Europa como Liubliana, capital da Eslovênia, Coimbra e Lisboa, ambas em Portugal, e Linz, na Áustria, onde vem apresentando o seu mais novo álbum, Canto-Correnteza, o segundo de sua carreira, lançado oficialmente há pouco mais de um mês, em 8 de agosto, na unidade 24 e Maio do Sesc paulistano. Com 10 faixas, disponível nas plataformas virtuais e à venda nas boas lojas do gênero, com distribuição pela Tratore, Canto-Correnteza foi o disco escolhido para abrir neste 7 de setembro, Dia da Independência cá em Pindorama, as audiências matinais de todos os sábados que promovemos na redação do Barulho d’água Música.
Thamires Thannous comentou que Canto-Correnteza é uma mistura de influências como um rio que parte de sua nascente até desembocar em outros rios e mares, que revela as várias faces dela, desde suas raízes sul-mato-grossenses até sua porção árabe, passeando pela musicalidade de várias partes do Brasil e do mundo.
Os temas das canções mesclam saudade da terra natal, Campo Grande (MS), dores e angústias do mundo moderno e brada um alerta à questão do desmatamento das terras indígenas, assunto que tem estado na pauta do dia a dia e que vem, literalmente, acalorando discussões em âmbito global, ocupando o noticiário ao lado de outras pautas ambientais, como as queimadas em vastas áreas da floresta amazônica.
Os arranjos de Canto-Correnteza são assinados pelo violonista Michi Ruzitschka e trazem sonoridades inspiradas no universo percussivo brasileiro e africano. Michi é também produtor de Estado de poesia, do paraibano Chico César – que também participa do lançamento de Thamires na canção “Caipora”, que escreveu em parceira com a artista. Outros músicos presentes no álbum são o acordeonista gaúcho BB Kramer e Vincent Segal, violoncelista francês que já dividiu palcos com Cesária Évora, Sting e Salif Keita.
A sul-mato-grossense assina quatro das dez músicas em parcerias com Chico César (Caipora) Consuelo de Paula (Serena) ,Michi Ruzitschka (Catimbó) e Kleber Albuquerque (Desaviso). O álbum traz, ainda, uma releitura de Espumas ao vento – composição de Accioly Neto e gravada por Fagner em Terral (1997), desta vez vestida de chacarera, um ritmo tradicional argentino, muito presente no sul do Brasil.
Canto-Correnteza sai cinco anos depois de Canto para Aldebarã, produzido por Dante Ozzetti — que ficou entrou os melhores do ano de 2104 e traz a faixa Já Deu, uma parceria entre Thamires Tannous e Luiz Tatit que rendeu à cantora o Prêmio Grão de Música em 2015. Das 11 músicas do disco de estreia lançado pela Borandá, nove são de Thamires Tannous com Tatit, Kleber Albuquerque, Estrela Leminski e Tiago Torres da Silva e também atravessam os diferentes universos que ajudaram a compor a história da cantora – desde sua descendência libanesa até a influência da música sul mato-grossense.
As composições de Canto para Aldebarã trouxeram uma proposta singular ao cenário musical do Brasil: a mistura de elementos da cultura árabe – como melodias, letras e percussão – aos mais diversos ritmos brasileiros; passeando da moderna MPB até o rock para falar de amor, natureza e vida moderna, com pandeiros e derbaks, violões e violinos, acordeons e guitarras, djembes e daffs — tudo costurado com delicadeza somada à intensa voz da cantora, que traz em sua sensibilidade um estímulo a conhecer mais do que há em nossas próprias raízes. Além daqueles que já acompanham a cantora em shows, o disco de estreia reuniu Ivan Vilela, Toninho Ferragutti, Sérgio Reze, Ricardo Herz, William Bordokan e Dante Ozzetti.
Em tempos de compartilhamento na internet e das plataformas de streamings, os dois álbuns de Thamires Thannous podem ser baixados em formato mp3 do blogue Terra Brasilis e ouvidos gratuitamente em várias mídias, mas vale a pena entrar em contato com a cantora para encomendar os originais e não apenas para valorizá-la, mas também em respeito e ao trabalho dos demais artistas envolvidos na produção dos respectivos conteúdos.
As imagens de Thamires Thannous que compõem o encarte de Canto-Correnteza, por exemplo, derivam de um belíssimo ensaio da fotógrafa Lorena Dini, que as capturou submersa na bela Estância Mimosa Ecoturismo, situada em Bonito (MS).
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