Violeiro paulista revê clássicos de seu repertório e apresenta novidades que estarão no terceiro disco da carreira influenciada por Tião Carreiro, Inezita Barroso, Dércio e Doroty Marques, Inezita Barroso e Bob Dylan
* Com Craciela Binaghi
A unidade Belenzinho do Sesc paulistano promoverá a partir das 18 horas de domingo, 15 de dezembro, mais uma rodada do projeto Música de Raiz. Nesta data o palco estará reservado ao violeiro paulista Noel Andrade, que abrirá espaço à banda Mustache e os Apaches para acompanhá-lo nas quatro últimas músicas da cantoria, entre elas No Seu Rastro, canção inédita que entre outros elementos gringos funde o estilo rural brasileiro com o country de Johnny Cash e que deverá fazer parte do terceiro álbum de Noel Andrade, programado para 2020.
Natural de Patrocínio Paulista, na região de Franca, Andrade é considerado um violeiro sem amarras, mas que sempre respeita as tradições populares quando canta e compõe, o que tem permitido manter em sua carreira uma boa reputação no universo caipira e ser considerado entre os parceiros de estrada, fãs e amigos um dos mais importantes da atual geração que se rendeu ao instrumento. Autor dos álbuns Charrua (2012) e Canoeiros (2017), em ambos apresenta refinadas parcerias com expoentes como Renato Teixeira, os irmãos Dércio e Doroty Marques e, mais recentemente, o grupo carioca Blues Etílicos, com o qual gravou Canoeiros, por exemplo.
A canção No Seu Rastro, cujo clipe oficial está disponível em canais digitais, dará uma amostra do álbum que está a caminho para renovar a discografia de Noel Andrade e que será totalmente autoral, característica inédita em seu trabalho. Ela foi composta entre Andrade e Flávio Murilo, um de seus parceiros mais constantes, e o violeiro a define como “uma mistura de canto de índio guerreiro com Bob Dylan“. No Sesc Belenzinho, ele terá apoio da banda composta por Felipe Câmara (violão, guitarra e banjo, do grupo Folk na Kombi), Adriano Grineberg (piano, músico de blues), Edu Malta (baixo) e Jota Erre (bateria). Enquanto cantar, revezará o ponteio em três violas, com afinações abertas, uma de suas preferências, apresentando no repertório músicas dos dois álbuns anteriores e algumas novidades.
Noel Andrade começou a se apaixonar pela música ainda criança, influenciado por um dos avôs, músico autodidata que tocava em festas e acompanhava filmes na época do cinema mudo. O neto conta hoje para orgulho não apenas do nono, mas de toda a família, que ser violeiro salvou sua própria vida, pois o instrumento se tornou “a ferramenta que me tirou de uma angústia profunda de querer fazer algo que eu não sabia o que era; passei de simples ouvinte a músico”.
Em Belo Horizonte (MG), onde viveu uma temporada de três anos, Noel Andrade conta que evoluiu bastante no ofício, assimilando lições transmitidas por músicos como Saulo Laranjeira, Arnaud Rodrigues e Chico Lobo – este considerado “uma espécie de irmão mais velho para mim, pois me ajudou muito, é generoso demais”. Já residindo na cidade de São Paulo, conheceu os irmãos Marques, Zé Gomes, Negão dos Santos (filho do compositor Elpídio dos Santos) e Renato Teixeira e com eles pavimentou o caminho até a produção de Charrua.
Sobre o primogênito, Noel Andrade disse que o álbum reúne composições próprias e outras como A Força de um Leão, que Renato Teixeira lhe ofereceu, além de obras de Rosinha de Valença, Godofredo Guedes (pai de Beto Guedes) e Elpídio dos Santos. Teixeira e Dércio, acrescentou, participaram do disco e o ajudaram a obter duas indicações (nas categorias melhor disco regional e melhor cantor regional) do Prêmio da Música Brasileira, mais a conquista dos troféus Catavento e Rozini de Excelência de Viola Caipira, este em 2013.
Fã de Tião Carreiro (1934-1993), cinco anos mais tarde Noel Andrade, incentivado por parentes do saudoso mestre violeiro, voltou ao estúdio para gravar um disco com alguns dos sucessos do Rei do Pagode. O patrocinense revisitou, então, clássicos como Pagode em Brasília, Nove Nove e Empreitada Perigosa e ao lado do grupo carioca Blues Etílicos formou a parceria bem-sucedida que gerou o álbum Canoeiros e vários shows durante dois anos. Neste álbum há, ainda, releituras de O Menino da Porteira (Luizinho e Teddy Vieira), Rio de Lágrimas (Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci) e Cabelo Loiro (Tião Carreiro e Zé Bonito),
Além de fã de Tião Carreiro e de outros ídolos caipiras, Noel Andrade também admira Bob Dylan, Peter, Paul & Mary e Johnny Cash e estes também o influenciam, mas há uma artista da qual é admirador à qual ele rende os maiores tributos, Inezita Barroso:
“Um traço muito importante para a base do que faço é a cultura popular, manifestações como a catira e folia de reis, e Inezita Barroso me ajudou muito a pesquisar e a entender a música e sua relação com a vida do ser humano e a coletividade onde ele está inserido”.

O grupo Mustache e os Apaches une folk, country e outros ritmos dos Estados Unidos à música brasileira de raiz com irreverência e bom humor
DAS RUAS PARA OS PALCOS
Banda paulista que se dedica à fusão de folk com jazz e passeia pelas tradições ciganas, circenses e um modo abrasileirado de jung band (formação mistura instrumentos tradicionais e caseiros, como o “washboard” — instrumento semelhante a uma tábua de lavar roupa –, a banda Mustache e os Apaches existe desde 2011, quando em janeiro foi fundada pelos gaúchos Pedro Pastoriz (voz, violão e banjo), Tomás Oliveira (voz e baixo), Axel Flag (voz e percussão), Rubens Silva (bandolim) e pelo mineiro Lumineiro (washboard), crescendo ao se apresentar tocando nas ruas paulistanas.
Clique no linque abaixo e assista ao clipe oficial da nova música de Noel Andrade:
Serviço:
O projeto Música de Raiz do Sesc Belenzinho traz como atração a música regional em seus diversos desdobramentos apresentada por compositores e intérpretes de moda de viola, música caipira e sertaneja
Noel Andrade e Mustache e os Apaches
Sesc Belenzinho, domingo, 15 de dezembro, 18h
Ingresso: R$ 30,00; R$15,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) e R$9,00 (credencial plena do Sesc – trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes. Ingressos disponíveis pelo portal Sesc SP (www.sescsp.org.br) e nas bilheterias das unidades, com limite de dois por pessoa.
Recomendação etária: 12 anos
Duração: 90 minutos
Estacionamento: Credenciados plenos do Sesc (R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional); não credenciados R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional; para espetáculos pagos, após às 17h: R$ 7,50 (Credencial Plena do Sesc- trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo). R$ 15,00 (não credenciados).
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo, a menos de 1.000 metros da do terminal de ônibus e da estação Bélem da linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, telefone: (11) 2076-9700
http://www.sescsp.org.br/belenzinho
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