Autor de quatro álbuns, violeiro paulistano canta temas nos quais acredita e da maneira que gosta, de autoria própria ou em parceria com nomes como Elomar, Xangai, Vidal França, Dércio Marques, Katya Teixeira, Consuelo de Paula, Chico Branco e Lula Barbosa
O cantor e compositor paulista Amauri Falabella será atração na quinta-feira, 19/12, da unidade Guarulhos do Sesc do estado de São Paulo, em cujo palco apresentará a partir das 20 horas, Cantos de bendizer, espetáculo durante o qual deverá apresentar composições inéditas e sucessos da carreira, tanto os de autoria própria, quanto assinados em comunhão com Elomar, Xangai, Vidal França, Dércio Marques, Katya Teixeira, Consuelo de Paula, Chico Branco e Lula Barbosa, entre outros nomes do cancioneiro de resistência brasileiro. Um destes parceiros, Pereira da Viola, violeiro e compositor mineiro, pesquisador da cultura popular que ocorre no Vale do Jequitinhonha, aceitou o convite de Falabella e abrilhantará a cantoria que terá entrada franca.
Falabella costuma empunhar a viola para cantar temas nos quais acredita e da maneira que gosta e é autor de quatro álbuns. O mais recente, depois de Ciranda Lunar, Violeiro Urbano, Amauri Falabella é Parceria, lançado em 2015 diante de mais de 700 amigos e fãs, no Teatro Adamastor, em Guarulhos, gravado com financiamento do Fundo Municipal de Cultura da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Guarulhos, previsto na Lei 5.947/2003. As 14 faixas têm entre outros coautores Consuelo de Paula, Kaique Falabella, Sonya Prazeres, Déa Trancoso, Chico Branco, Socorro Lira, Ricardo Dutra, Katya Teixeira, Zé Helder, José Ricardo Silva e Fernando Guimarães. Parceria conta, ainda, com participações de Daniela Lasalvia, Mariana Sabina Brandão e Cá Raiza.
“Amauri Falabella caminha sobre as manhãs. Segue pela outra margem do grande rio. Ele conhece a alma da viola, seu fado é inventar canções por veredas que não têm fim”, escreveu Consuelo de Paula no encarte de Parceria. “Ele canta num vislumbre do tempo com energia fluente: ‘o estalar da madeira/tinindo no violão/arrochando o peito da gente/numa forma de oração’”, prosseguiu a cantora e compositora, autora de Andante, faixa 1 do disco. “Nosso violeiro andante conhece bem os vãos entre as cordas da viola por onde passam encantos e surpresas, por onde passa a arte que habita o profundo e a pele destas parcerias. Já podemos ouvir ‘no vento uma cantiga nova/soando na imensidão da pétala de rosa’”.
Amauri Falabella é vencedor do prêmio Especial do Júri Popular do Festival da Música Brasileira de 2000 da Rede Globo com a música Brincos, interpretada por Lula Barbosa, que recebeu 60% da votação. Para Déa Trancoso parcerias musicais estabelecem comunhões elevadas “à potência infinita”. A mineira de Almenara que assina a letra de Clã Rainha também observou: “Partilhar um sentimento que virou confissão íntima e ai se rebelou e conseguiu ganhar vida nas palavras e depois foi parar no coração de outra pessoa e se vestiu com a roupa mais bonita que essa outra pessoa deu de presente é uma espécie de milagre”.
Kaique Falabella, filho de Amauri, criou a capa de Parceria baseado em ilustração de Helton Gomes e assinou o design gráfico. Este álbum pode ser encomendado pelo endereço eletrônico amaurifalabella@gmail.com ou pelo telefone (11) 99815-9479.
Ciranda Lunar, um sonho acalentado por mais de vinte anos, foi produzido pelo próprio Falabella, com requinte e qualidade técnica, trazendo à tona todo o lirismo e suavidade de suas canções. Em Violeiro Urbano ele reafirmou o gosto pela trilha do trabalho anterior, deixa evidente a paixão pela viola caipira. Fiel às raízes da música brasileira, neste disco o compositor primou pela riqueza dos arranjos e pelo traço comum que une todas as músicas: o respeito à natureza e o amor à simplicidade. A faixa que dá nome ao álbum explica o apego à viola caipira e o próprio titulo, pois Amauri Falabella, que sempre viveu na cidade grande, “sente uma coisa esquisita quando pega a viola” porque “sou passarinho sonhador, fiz meu ninho numa estrela, levo no bico pra longe toda a dor”.

Filho de família de descendentes de indígenas e quilombolas, Pereira da Viola canta sua origem e reafirma suas raízes com paixão e modas carregadas de louvor. (Foto: Marcelino Lima/Barulho d’água Música)
Pereira da Viola
Pereira da Viola nunca perdeu de vista sua origem de brasileiro negro, indígena e quilombola. Sua musicalidade é prova irrefutável disso. Ele, entretanto, disse que não nasceu violeiro, pois entende que é a viola quem escolhe a hora e o momento que quer fazer parte da vida de um artista.
“A mística em torno do instrumento é forte. É a viola que te escolhe. Comigo aconteceu lá na Serra dos Aimorés, em Minas, quando eu me arrepiei com uma Folia de Reis tendo o mestre seu Bráulio no comando e tocando viola. Eu já tocava violão. Me apaixonei por ela e quis seguir esse caminho. Aprendi a tocar sozinho. Tempos depois, descobri que meu avô paterno era violeiro, ou seja, o namoro da família com a viola já vinha de bem antes.”
Numa família de descendentes de indígenas e negros, Pereira da Viola cresceu num ambiente humilde, mas repleto de música. Seu pai, João Preto, era lavrador e também sanfoneiro. A mãe, dona Augusta, era líder e cantadeira das festas de reisado. Aprendeu a tocar violão aos 11 anos. Com 14, começou a se apresentar em shows de calouros, ganhando todas as competições.
Em 1982, influenciado pelas obras de artistas como Dércio Marques, Rubinho do Vale, Titane e Milton Nascimento, passou a compor músicas que retratavam sua história. Em 1986, foi apresentado à viola e se encantou pelo instrumento. Junto com sua primeira viola ganhou de um amigo o apelido, uma homenagem ao músico Paulinho da Viola. A brincadeira acabou lhe rendendo seu nome artístico.
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