1268 – “Vendedor de Sonhos”, com canções escolhidas por Fernando Brant, chega ao mercado

Disco já em todas as plataformas digitais contém 20 canções cujos intérpretes o mineiro de Caldas escolheu para dar alma ao projeto idealizado pelo sobrinho, Robertinho

Antes de desencarnar em junho de 2015, vítima de complicações cirúrgicas decorrentes de um transplante de fígado, o compositor mineiro Fernando Brant estava desenvolvendo com o sobrinho, Robertinho, um projeto para gravar Vendedor de sonhos e, pessoalmente, escolhia, um a um, quem deveria interpretar vinte dos seus principais sucessos, parte do rico repertório de 320 composições que assinou, 110 das quais em duo com Milton Nascimento. A travessia de Fernando interrompeu os planos por algum tempo, mas para a sorte de quem gosta de boa música, agora como homenagem póstuma, as canções foram gravadas e o disco já se encontra nas principais plataformas digitais, lançado pelo selo carioca Biscoito Fino.

Para quem está brincando de “amigo secreto” ou pretende presentear alguém no Natal, tai uma bela dica para surpreender e agradar em cheio, sem medo de dar bola fora; eu, por exemplo, farei aniversário dia 26 e ficaria trifeliz se recebesse o regalo de alguém.

A ideia de gravar Vendedor de sonhos acendeu na cabeça de Robertinho e, quando ambos conversavam em torno dela, a lista que o tio escolhera já contava com nomes que receberam o convite devido à forte relação que todos eles tinham com a vida e mantêm com a obra de Fernando Brant, conforme escreveu Jaiane Souza, do portal Culturadoria, em 9 de dezembro. Ele e Milton Nascimento, por exemplo, conforme Jaiane, começaram a conviver frequentando bares localizados no térreo do Edifício Maletta, situado no centro de Beagá, onde Bituca apresentou algumas músicas para o novo amigo, semeando ali uma das mais férteis parcerias da MPB.

Bituca está em Vendedor de sonhos interpretando O medo de amar é o medo de ser livre, letra cuja autoria Brant dividiu com Beto Guedes e o coautor gravou em Amor de índio, em 1978. Boa parte dos nomes escolhidos por Brant é de conterrâneos, mas o alagoano Djavan; os fluminenses Dori Caymmi, Seu Jorge e Nina Becker; a paulistana Mônica Salmaso; a amapaense Fernanda Takai; a potiguar Roberta Sá e o capixaba Zé Renato, por exemplo, também foram lembrados e estão presentes no disco, ao lado de Toninho Horta, Samuel Rosa, Tadeu Franco, Tavinho Moura, Flávio Venturini, Paula Santoro e Lô Borges. Antes de precocemente partir, em agosto de 2016, Vander Lee, outro mineiro, gravou Canoa Canoa, de Brant e Nelson Ângelo, que virou a faixa 18.

Desta plêiade, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta e Tavinho Moura, vale a pena lembrar, são todos integrantes do Clube da Esquina com Brant e Milton o que, observou Jaiane Souza, “mostra a importância do grupo para a música brasileira e como ele continua presente neste contexto. O texto do sítio Culturadoria ressalva que, se não dá para saber qual foi o critério utilizado por Fernando Brant para escolher as músicas do disco será que alguém fará biquinhos, por exemplo, pela ausência de Canção da América e Nos Bailes da Vida? –, só por terem sido indicadas por ele podem ser consideradas as mais importantes na avaliação do próprio compositor. E ao tecer tais ponderações, Jaiane Souza relembrou:

Travessia, por exemplo, surgiu do que inicialmente foi considerada como uma brincadeira por Brant. Após voltar do Festival Nacional de Música Popular da TV Excelsior (1966), Milton Nascimento mostrou uma melodia e pediu para que o amigo fizesse a letra. A insegurança por parte de Brant vinha da inexperiência, uma vez que, nesse período, Nascimento já escrevia com Márcio Borges e Baden Powell. Fernando não achava que os estilos combinavam, mas, mesmo assim, escreveu a letra, tendo como guia a história de um caixeiro-viajante que nunca consegue manter os seus amores. A música entrou, então, para o primeiro álbum de Milton Nascimento e também dava título ao trabalho de 1967.

Travessia, então, foi a primeira composição de Fernando Brant, que o ajudou a ficar inclinado para o mundo da música. Na carreira profissional, cursou Direito e trabalhava no Juizado de Menores do estado.”

Bituca e Brant, autores de mais de 100 composições em parceria

A roupa nova das regravações são, na opinião de Jaiane Souza, mais uma irresistível razão para ouvir e ter Vendedor de sonhos sempre à mão. Os arranjos, prosseguiu, além da produção musical de Robertinho Brant, Guilherme Monteiro e Pedro Martins, trazem: Rafael Vernet (guitarras), Lincoln Cheib (piano e órgão), Marco Lobo (bateria), Enéias Xavier (percussão), Tattá Spalla (violões) e Jorge Continentino (sopros).

Ao contrário dos riscos, entre tantas composições que tiveram interpretações consagradas, o disco é de fato lindo”, avaliou Julinho Bittencourt para a Revista Fórum. “Com uma opção clara por versões mais suaves, Vendedor de sonhos é um hinário de canções maravilhosas”, prosseguiu Bittencourt — para quem, por exemplo, Travessia, regravada pela “antivoz” do guitarrista Toninho Horta, “caiu como uma luva nesta nova interpretação, na contramão de todas as outras que existem da canção”. Ainda para Bittencourt: “Vendedor de sonhos mereceria vários volumes”, ao que Milton Nascimento acrescentou: “Muito legal saber que esse material finalmente ganhou o mundo. Fernando Brant teve uma vida grandiosa, sua obra é imortal. E não podemos parar por aí. Fernando Brant é o Brasil, a gente jamais deve se esquecer disso.”

Leia mais sobre Fernando Brant ou conteúdos a ele relacionados visitando o linque abaixo:

https://barulhodeagua.com/tag/fernando-brant/

2 comentários sobre “1268 – “Vendedor de Sonhos”, com canções escolhidas por Fernando Brant, chega ao mercado

  1. Ao pensar a cultura, a arte é preciso expressar aquilo que as faculdades não falam. O “lado obscuro da lua”:

    Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica:

    Com a “Copa das Copas®” do PT®, em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
    A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Sempre se utiliza de propaganda, narrativas e publicidades sofisticadas e bem feitas para enganar e praticar lavagem-cerebral nos meios de comunicação. Não se desenvolve a imaginação.

    E hoje precisamos muito mais de eventos sérios e artísticos. De um Brasil que se perdeu nessa década de 2010 pra cá. Um mau gosto enorme dos políticos que vieram durante esse período. Sempre com um mau gosto imenso. E o país sem escola para novas gerações. Tudo foi por água abaixo — naturalmente.

    Excelentes escolas precisamos! Educação de 1ª. Necessitamos sim de educação como a de Helsinque, Europa, e da Coreia (do sul, naturalmente).
    Não precisamos de políticos tricksters. Precisamos de educação de qualidade no Brasil. Sobretudo das crianças pequenas.

    O que é trickster? “Trickster” é, na mitologia, e no estudo do folclore e religião, um deus, deusa, espírito, homem, mulher, ou animal antropomórfico que prega peças sem se perceber.

    É uma espécie de Malandro®. Um personagem que usa de astúcia, em vez de força ou autoridade, para realizar seus objetivos (escusos).

    Aí fiquei pensando nos personagens das historinhas que nos são contadas onde há dentro dessas historinhas essas sabedorias. Lembrei da raposa, com sua malandragem suave e dócil (fingida). E me lembrei do Lobo, de Chapeuzinho Vermelho.

    Portanto, deve ser um vigarista, truculento, e picareta. Lembrei imediatamente do Molusco® apedeuta, dos Ministros Petistas sindicalistas e do PT® em geral. Trapaceiros.

    O PT© é barango. O Kitsch político contemporâneo.

    Precisamos sim de alta cultura. Não de cultura de massas. Indústria cultural (que não é o mesmo que cultura popular). Mire-se em Theodor Adorno.

    O pessoal de nossas escolas precisa de Machado de Assis. Villa-Lobos. Drummond. Kafka. Graça Aranha, Aluísio de Azevedo, do Maranhão. Rachel de Queiroz. E músicas boas — abstratas e universais instrumentais. Nossas escolas são péssimas.

    O que o Brasil precisa: bons hospitais novos e escolas. Só isso. O resto o povo faz, certo? Ou não?
    As escolas EaD, à distância (atual, devido a pandemia) são péssimas.
    Não se aprende bem. O que mais o Brasil precisa na real e atualmente é de alta literatura. Alta cultura. Nas escolas sobretudo.

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    1. Dona Martha, se é que você existe e não é robô, ao enviar um comentário (despropositado ao tema) sobre a matéria relativa ao disco que homenageia Fernando Brant, a “senhora” ou quem quer que você seja, deu-me o direito de responder. Mas não entrarei no mérito de suas observações e posturas, serei breve e bem direto: vá cagar!

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