1286- Selma Fernands emplaca “Samba de Maria”, dedicado à irmã, em lista dos 100 melhores de 2019

Disco com 11 canções, lançado em São Roque, no Interior paulista, reúne 10 composições de parceiros da cantora paulista criada em rodas de samba e uma releitura de clássico de Pixinguinha

#forabolsonaro

O Barulho d’água Música acompanhou no sábado, 7, a apresentação da cantora Selma Fernands na Casa Rosa Manjericão, em São Roque (SP), durante a qual, ao lado de Daniel Conti, ela lançou o disco Samba de Maria. O álbum, gravado no ano passado, traz 11 faixas e é dedicado à irmã Maria Aparecida Fernands, que em abril de 2014 partiu antes do combinado vítima de um câncer que interrompeu sua carreira de cantora lírica.

Apesar do baque de ter Maria nos braços quando ela deu o último suspiro, Selma prosseguiu na estrada e para nossa sorte trouxe à luz um trabalho marcante, com apoio de vários benfeitores que colaboraram com o financiamento coletivo concretizando dois anos e quatro meses de dedicação comprometida para entregar o belo álbum. O esforço valeu a pena: Samba de Maria ganhou reconhecimento na cena musical entre os 100 melhores discos da temporada de 2019, segundo a opinião do jornalista Ed Felix, autor do portal Embrulhador, figurando ao lado de nomes como Ceumar, Chico César, Yamandu Costa, Elza Soares, Fafá de Belém, Zeca Baleiro, Marcelo Jenecy e Jorge Mautner, entre outros — a maioria infelizmente ainda quase anônima em um país no qual só ganha reconhecimento (fame, fortune and glory) garotos-propaganda que também atacam como cantores vendedores de cerveja (ruim), de aparelhos telefônicos de empresa-operadora campeã de queixas e de má prestação de serviços nos órgãos de defesa do consumidor,  iogurtes e, incrível, até de remédio santo contra gases!

Paulista de Itapevi, cidade da Grande São Paulo, Selma define o ato de cantar e de interpretar canções como a sua alma sendo despida e assim espera entrar no coração de cada um, dando voz à música brasileira de todos os cantos, que sempre esteve presente em sua vida desde pequenina. Seu jeito de cantar e de ocupar o palco, com alegria a levou participar de vários festivais pelo Brasil, encontrando nestas andanças parceiros que a incentivaram a acreditar em seu talento, alguns presentes em Samba de Maria, tais como Bruno Batista, Dandara Modesto, Thiago Carvalho, Sandro Dornelles, André Fernandes, Edson d’aisa, Matheus Pezzota e Edu Capello, produtor da joia pinçada por Felix. Frequentadora das rodas de samba, Selma logo passou a dominar o ritmo e no decorrer de sua carreira passou por programas de televisão como o The Voice Brasil, da TV Globo, em 2015, encontrando o impulso para gravar o primeiro disco.

Samba de Maria trouxe para Selma a vontade de questionar nossa realidade convocando discussões e pensamento para um mundo carente de igualdade e desejoso de menos sectarismo – no amor, na política ou em uma simples reflexão que denuncia o quanto nos distanciamos das coisas belas e frugais da vida, como na faixa homônima de trabalho do disco. Além das letras e arranjos de canções inéditas de compositores e profissionais que estão fora do mainstream, Selma Fernands ainda interpreta com Julieta Romili, ao seu modo, Rosa, clássico de Pixinguinha e Otávio de Souza, com a participação de Bocato e Fernando Mumu, Capello e Lautaro no piano e Demétrius Lulo.

A apresentação de Selma Fernands fez parte da programação do 3º Festival Elas na Casa, iniciado em 5 de março na Casa Rosa Manjericão, e em cuja programação artística todas as atrações, no mês dedicado à mulher, ressaltará e valorizará o protagonismo feminino. O espaço cultural é mantido pelo casal de produtores culturais Edson d’aisa e Isabela Pezzota, a Isa, em São Roque, cidade do Interior de São Paulo, localizada na região de Sorocaba, a cerca de 60 quilômetros da Capital. A agenda do Festival Elas na Casa ainda aponta como atrações, sempre a partir das 19h30, a apresentação em 12 de março do filme Corpo Manifesto, de Carol Araujo, com mediação de Isa Pezzotta; uma sessão dos Encontros Musicais, no dia 19, com Marina Rosa; e no encerramento Elas na Janela, sarau em 28 de março que terá como convidada a poetisa e compositora Bárbara Leite.

A Casa Rosa Manjericão fica na rua Antonio Cavaglieri, 15, Centro de São Roque. Não há cobrança de entrada e a contribuição é voluntária (chapéu)

A última lista

A edição 2019 do projeto Melhores da Música Brasileira exigiu de Ed Felix a paciência e a hercúlea dedicação de ouvir e avaliar 1132 discos lançados por artistas brasileiros durante o ano, tarefa ao final da qual elencou aqueles que considerou os 100 melhores. Ele aproveitou a empreitada e também indicou os melhores instrumentistas e as 35 melhores músicas, que poderá ser ouvida acessando o linque abaixo, e deixou, por fim um aviso, ressaltando que “ninguém é de ferro”: entrou em longas e merecidas férias e resolveu descontinuar o projeto.

Esta é a última lista anual do projeto Melhores da Música Brasileira. Já são dez anos de dedicação, curiosidade e pesquisa incessante”, comentou Ed Felix, que assinava o Embrulhador desde 2010, ao comentar a lista de 2020. “Deu muito trabalho ouvir centenas, milhares de lançamentos, ano após ano. De coração aberto, fiz o possível para ressaltar o talento de grandes artistas de nosso país que ainda tinham muitos ouvidos para encontrar pelo caminho”, emendou. “Prometo voltar em breve com um balanço da década. Espero que vocês não se cansem de ir em busca de novos sons.”

Leia também no Barulho d’água Música:

1269 – André Fernandes e Vinícius Paes lançam PAR em três cidades da região de Sorocaba (SP)

1022 – Acervo do Barulho d’água Música recebe os álbuns do são-roquense Edson D’aisa

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