Álbum traz clássicos da MPB, bossa-nova e até do Black Sabbath, com participações especiais de Toquinho, Oswaldinho do Acordeon e Jane Duboc
A cantora Nina Ximenes está lançando seu álbum de estreia, pela produtora e gravadora Kuarup, Natural, que surpreende pela diversificação representada por um repertório bastante diferenciado, misturando bossa-nova, balada, música da nova era (new age), pop, baião e samba-canção. A mistura de gêneros se une pela voz ímpar e singular de Nina, que traz, naturalmente, a unidade que faltava nesse calidoscópio sonoro que ela escolheu interpretar; um exemplar de Natural foi enviado à redação do Barulho d’água Música pelo diretor artístico da Kuarup Rodolfo Zanke, ao qual agradecemos, estendendo os cumprimentos à toda a equipe da gravadora.
Nina Ximenes estava escalada para ser atração do projeto Meio-Dia, no Clube Hebraica, na cidade de São Paulo, no domingo, 22 de março. Seguindo orientações das autoridades de saúde e sanitárias no sentido de se evitar a proliferação do coronavírus, causador da pandemia da Covid 19, entretanto, a apresentação está cancelada e nova data ainda não foi divulgada.
Com anos de experiência em gravações de jingles e vocais para artistas, a voz de Nina despertou comentários elogiosos de todos os músicos que passaram pelo set de gravação e se impôs pela sensibilidade e maneira sutil de se misturar aos estilos e arranjos das músicas, trazendo-as para seu universo particular de interpretação e entendimento. A escolha do repertório foi absolutamente livre. A tônica foi deixar os sentimentos e as vontades fluírem tranquilamente e o resultado pode ser escutado neste seu primeiro trabalho solo.
Todas as músicas escolhidas tinham relação com a artista, seja por serem feitas por membros da família (seus irmãos e ela assinam como autores), seja por serem composições que gosta, como Certas Coisas, de Lulu Santos e Nelson Motta, ou Jardin D’hiver, sucesso na voz do cantor e compositor francês Henri Salvador. Outras fazem parte de sua vida, como Changes (clássico do grupo Black Sabbath). Here’s to Life (eternizada pelas cantoras Shirley Horn e Barbra Streisand) e Insensatez (um dos nossos hits da Bossa Nova, composição do maestro Tom Jobim em parceria com o poeta Vinícius de Moraes).
O trabalho tem as participações de Oswaldinho do Acordeon, músico e sanfoneiro carioca; do saudoso Papete, percussionista maranhense que colaborou em quatro músicas, além de oferecer à Nina a canção Rainha do Sertão; Marco Bernardo, arranjador e pianista, que também cantou com Nina Ximenes na faixa ‘S wonderful, clássico americano da dupla de irmãos George e Ira Gershwin; e Alex Braga, violinista, irmão de Nina, que a presenteou com Anos-Luz e emprestou sua arte a três canções. No repertório, foram incluídas duas faixas produzidas por André Andreo: Lindo Lago do Amor, clássico de Gonzaguinha, e Into the L.ight. As participações especiais são de Toquinho, na música Dentro, canção dele, quase esquecida no tempo, e de Jane Duboc e Sílvia Goes, na faixa Garota de Ipanema/The Girl From Ipanema, lançada digitalmente como single, assim com Insensatez, antecedendo o lançamento do álbum Natural.
Fada gentil e alegre
Quando Nina Ximenes ainda tinha 4 anos, sua família deixou Fortaleza (CE), onde ela nasceu, e com ela veio para São Paulo, onde mais tarde, já jovem, com 15 anos, ela iniciou suas atividades musicais cantando na unidade paulista do Sesc instalada em Ribeirão Preto e participando de festivais na região. Nessa mesma época, Nina começou a compor e ganhou prêmio de melhor intérprete em um festival de música colegial. Em 2005, participou do 80 Prêmio Visa de Música Brasileira. Também fez diversas gravações de jingles, além de ter atuar como backing vocal em discos de muitos artistas. Nina Ximenes morou um período em Barcelona e lá teve oportunidade de cantar em alguns bares, além de concorrer no concurso internacional 2008 Culturas, patrocinado pelo Ministério de Cultura de España, no qual chegou à final. Atualmente, além de trabalho solo, faz parte dos trios Xiambê e Triskelion.
Fico feliz ao saber de uma cantora que acabou de gravar o seu primeiro CD. Só o fato de vislumbrar em sua voz um poderoso amor-próprio me fez confiar que nem tudo está perdido: ainda há quem se disponha a buscar repertório para saciar a sua fome de cantar. Admiro quem se ajunta a colegas de oficio e entrega-lhes o seu amor por algo que, como um feto, ainda nem bem se formou. Pois bem, Nina Ximenes é a fonte que restabelece o meu contato com um trabalho de puro amor.
Natural é o título perfeito para o CD que representa o “filho” que irrompe enquanto mãe chama de “música” o recém-nascido que a acompanhará para sempre.
Nina tem um olhar de mulher/cantora pleno de fineza e sabedoria. Seu repertório tem de tudo, desde bossa nova a musicas em inglês, francês e espanhol.
Sob a orientação de Wagner Amorosino, diretor musical do álbum, os arranjos, feitos a muitas mãos, são o que de mais belo pode haver quando se reúne um time de instrumentistas como o de Natural.
Com as participações de Toquinho, Jane Duboc e Silvia Góes, e com um time de músicos respeitados na cena musical paulistana, a mãe/natureza aplaude, pois a criança/música, naturalmente concebida, estará para sempre em Nina/mãe. Fica nítido que ela canta o que sempre amou, mas com sutis diferenças: a singeleza com que respira projeta as notas das canções e vence uma indisfarçável timidez. E assim, Nina Ximenes dá um poderoso salto rumo ao futuro. Aquiles Rique Reis
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