1317 – Morre Léo Canhoto (SP), considerado revolucionário e pioneiro do estilo sertanejo moderno

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Cantor e compositor paulista fez sucesso ao lado de Robertinho, uma das mais marcantes duplas da música brasileira, e autor de sucessos como Meu Velho Pai e A Gaivota

A cultura sertaneja está de luto pela passagem ao Plano Maior do cantor e compositor Leonildo Sachi, o Léo Canhoto, que desencarnou no sábado, 25 de julho, aos 84 anos, na cidade de São Paulo. O parceiro da famosa dupla com Robertinho (José Simão Alves, Água Limpa, SP, 1944) estava internado há três semanas com pneumonia e não resistiu após sofrer três paradas cardíacas, de acordo com informações de Dino Santos, com quem Léo Canhoto estava tocando há dois anos. Nascido em Anhumas, no interior de São Paulo, Léo Canhoto cresceu no Paraná e porque costumava inverter as cordas do violão para tocar com a mão esquerda ganhou o nome artístico .

Léo Canhoto iniciou a longa e produtiva carreira sob as lonas de circos, antes de ganhar fama. Fez parte de diversos grupos e duos até que, na década dos anos 1960, passou a ser destaque como compositor, além de empresário e produtor sertanejo. Em entrevista a Inezita Barroso, durante a apresentação em 2012 de uma edição do programa Viola, Minha Viola na TV Cultura, contou à Rainha que Zico e Zeca abriram para ele as portas do sucesso ao gravarem sua primeira composição, Engano do Carteiro. Zico e Zeca, Zilo e Zalo Pedro Bento e Zé da Estrada, Tião Carreiro e duplas mais recentes como Edson e Hudson estão entre os vários expoentes que interpretaram composições de Léo Canhoto. “Somente o Zilo e o Zalo cantaram nais de 70 músicas minhas”, disse a Inezita.

Em 1969, Léo Canhoto conheceu Robertinho em Goiânia, inciando a trajetória da sua dupla mais marcante. Eles foram os primeiros sertanejos a levar para a estante um disco de ouro graças ao sucesso da música Apartamento 37, de Canhoto, em 1972.

Dino Santos atribuiu ao ex-parceiro o status de “revolucionário”, autor de uma obra “fenomenal”. Ao lado de Robertinho, Léo Canhoto passou a ser cultuado por inovações no gênero musical e por combinar cabelos compridos, roupas extravagantes, medalhões e joias, figurino inspirado nos ídolos da Jovem Guarda. Apaixonado pelos The Beatles e Elvis Presley, Léo Canhoto também incorporou teclados, guitarras e instrumental eletrônico aos discos antes produzidos basicamente com violas caipiras e trouxe temáticas urbanas e românticas às letras.

O estilo de Léo Canhoto e Robertinho acabou por influenciar diversos cantores que também se consagraram no cenário nacional e até no Exterior entre os quais Milionário & José Rico, Chitãozinho & Xororó e João Mineiro & Marciano. Ambos também protagonizaram papéis na televisão e no cinema, estrelando, por exemplo, o filme Chumbo Quente, de 1977, escrito por Léo Canhoto.

Léo Canhoto e Robertinho partiram para estradas próprias em 1983; depois de retomadas e rompimentos recorrentes, em 2018, o laço de desfez de vez, quando Léo Canhoto juntou-se a Dino Santos. O derradeiro trabalho de Léo Canhoto, o álbum Divino Pai Eterno, saiu neste ano, com Santos dividindo os trabalhos.

Bang-bang e brasão republicano

Além da influência no meio sertanejo para o qual legou dezenas de discos e composições, tais quais aquele que é considerado seu maior sucesso, O Último Julgamento, Léo Canhoto inspirou até o funk: diversos DJs do gênero, na cidade do Rio de Janeiro, na década dos anos 1990 e 2000, passaram a samplear diálogos e efeitos e fazer montagens com músicas da dupla, como O Homem Mau, Jack, o Matador e Chumbo Quente.

Estas, por sinal, estão entre as mais aclamas pelos fãs e críticos e revelam outra paixão que ambos também levaram para os discos e para as trilhas de Chumbo Quente: o faroeste spaghetti (bang-bang à italiana). Ao lado de outras composições de Léo Canhoto deste mesmo estilo – como O Delegado Jaracuçu, Rock Bravo chegou para matar, Buck Sarampo e o Valentão da Rua Aurora — elas ficaram na memória por apresentarem personagens caricatos e malvados, implacáveis vilões que matavam sem piedade quem cruzasse seus caminhos até, invariavelmente, amargarem finais infelizes: o cemitério ou o xilindró. Nestas composições, esquetes presentes em vários discos da dupla, não faltam tiroteios, efeitos sonoros como ventania, cavalgadas, portas rangendo, sirenes, roncos de motocicleta e uivos de lobo, além de diálogos cômicos.

Os “hippies da música sertaneja”, alusão ao estilo roqueiro da dupla, também emplacaram canções que marcam a memória afetiva de várias gerações como Na Areia; Meu Velho Pai; Amarga Despedida; Longe dos Olhos, Perto do Coração; A Garça; e A Gaivota. Em 1975, O Presidente e o Lavrador caiu no gosto do então presidente, Ernesto Geisel, que condecorou a dupla com a medalha do brasão da República, quatro anos antes lançaram Minha Pátria Amada (1971), ambas de teor ufanista e de apoio ao regime militar. Em 1979, Motorista de Caminhão entrou na trilha sonora do seriado da TV Globo, Carga Pesada, com Antonio Fagundes e Stênio Garcia nos papéis de Pedro e Bino.

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