#LiberdadeProLuiz #ViolaCaipira #ViolaInstrumental #CulturaPopular #MúsicaBrasileira #MúsicaCaipira #Minas Gerais
#Respeito #Generosidade #Liberdade #Diversidade #Pluralidade #Tolerância #Democracia #Imprensa Livre #JornalistasAntifascistas
#FiqueEmCasa #UseMáscara
#ForaBolsonaro
O cantador, compositor Wilson Dias (MG) vai comemorar mais um ano nesta terça-feira, 8, e para celebrar a data está convidando amigos e fãs para celebrarem juntos em duas apresentações virtuais nas quais o violeiro tocará músicas dos seus sete álbuns, em ambas acompanhado pelos filhos Wallace Gomes (violão) e Pedro Gomes (baixo), que carinhosamente chama de “previdências privadas”.
A primeira será no dia do aniversário e a segunda em 29 de setembro, sempre a partir das 19h30. Do palco que montará em sua própria casa, Wilson Dias poderá ser visto pelo canal de Youtube (https://www.youtube.com/c/wilsondiasvioleiro) na tela do computador ou do celular, respeitando as normas sanitárias que recomendam o isolamento domiciliar para evitar contágios pelo novo coronavírus (Covid-19).
O repertório do dia 8 será baseado nos discos Pequenas Histórias; Outras Estórias; Picuá e Mucuta. Depois, no dia 29, será a vez das releituras de Pote, a melodia do chão; Lume; e Nativo. Para entrevistas e mais informações, Wilson Dias atenderá pelo número de telefone 31 99108-5498.
. Angústias, crenças e belezas
Muitos elementos contribuem para a formação e o desenvolvimento de um artista, para forjar as características do seu trabalho e definir seu relacionamento com sua cultura, bem como traçar o perfil de seu público. É o conjunto destes elementos articulados dialeticamente ao longo de toda uma carreira que garante o nome que carrega e sustenta suas conquistas em termos estéticos e de mercado. É este o caso de Wilson Dias, nativo de Olhos d’Água, no Vale do Jequitinhonha, lugar especial, ponto de partida de uma trajetória de sucesso.
Wilson Dias herdou desse pequeno celeiro cultural e trouxe para a arte as benéficas influências da vida em comunidade, da cultura e da arte popular, em suas manifestações tanto religiosas, quanto profanas. Enriquecido pelo berço onde nasceu, cresceu aberto à vida e livre para experimentar e se enriquecer ainda mais culturalmente, com todas as influências e experiências oriundas do folclore e da seresta mineira.
O Vale do Jequitinhonha fica entre o Sul da Bahia e o Leste de Goiás e é consagrado por sonoridades ímpares, terra de mestres, e entre outras manifestações populares, do congado, por exemplo. Naquela porção brasileira está abrigado o Sertão físico e mítico que Guimarães Rosa revelou ao mundo e que artistas dotados da sensibilidade de Wilson Dias captam por meio de serestas, toadas, cocos e tantas outras tradições que marcam a musicalidade que está na alma da obra do autor e revela-se em seu mais recente álbum o duplo Nativo. Wilson Dias também é atento às histórias e aos causos que ocorrem no Norte de Minas, o que dá ainda mais sabor às músicas que ponteia em sua viola caipira — que, por sua vez, despertam tanto para a dança, quanto revelam boa parte do folclore e das lendas do Jequitinhonha.
Em mais de 20 anos de carreira, pode-se, enfim afirmar que Wilson Dias quando toca e canta evoca e retrata não apenas as angústias e as belezas do sertanejo e do seu lugar no mundo — gente que desde pequena tem de sobreviver do próprio suor e fazer valer a valentia, traço inato do caráter que não mata a doçura, muitas vezes cercada pelas contradições entre o idílico e o tortuoso — mas faz reboar, ainda, a fé e o louvor em crenças e em santos — com os quais a existência ao menos se torna suportável — os quais servem de lenitivo para a hora em que se está diante de um açude seco ou outras ameaças, e renovam, com desmesurada alegria, a esperança quando a campina flora.
“Nativo é a cartografia e um Preto Velho. Wilson Dias confirma o pensador português Boaventura de Sousa Santos: sabe de sua própria existência”, apontou Déa Trancoso, outra expressiva artista oriunda do Jequitinhonha (natural de Almenara, cidade conhecida por Princesinha do Vale desde que se tornou emancipada de Araçuai) que assim prosseguiu: “Aprendeu a partir de si e para consigo mesmo”. Mais adiante, ela observou: “o artista maduro reparte suas iluminuras autóctones: suas consciências adquiridas. Vê e sabe dizer o que vê, alegrando Deleuze Foucault. Nativo é o lufã dos devires.”