1321- Orquestra de Câmara da USP, Chico César e poeta Bráulio Bessa gravam audiovisual em homenagem às vítimas da Covid-19* 

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O vídeo tem direção musical de Gil Jardim, direção de arte de Anderson Penha e participações de Neymar Dias (viola caipira), Coro de Câmara Comunicantus e Coral da ECA/USP.

*Com Tambores Comunicações

Será impossível, no futuro, falar destes tempos atuais, mesmo de 2020, sem citar a pandemia causada pelo Covid-19. A Orquestra de Câmara da Escola de Comunicação e Artes da USP (OCAM-ECA/USP),liderada pelo maestro Gil Jardim, com o vídeo Espero que nomes consigam tocar!, com participação de Chico César, quer sensibilizar a sociedade no sentido de celebrar a identidade e a vida dessas vítimas, iluminando suas histórias, e rebelando-se quanto à maneira massificada e indigente de se contar corpos perdidos nessa dolorida batalha. Hoje, são mais de 140 mil mortos, só no Brasil.

O audiovisual foi criado a partir da canção Inumeráveisde Chico César com o poeta Bráulio Bessa. A concepção e direção musical é de Gil Jardim e a direção de arte de Anderson Penha. Mesmo trabalhando online, a OCAM, como diz Jardim, “exalta a vocação civilizatória da Música e coloca sua energia em produções que estimulem a sociedade brasileira a ouvir a si mesma, identificando e acolhendo o clamor de sua gente, de sua natureza, de sua terra”. Participam, além de Chico, Bráulio Bessa, Neymar Dias (viola caipira), Coro de Câmara Comunicantus e Coral da ECA/USP.

Gil Jardim, responsável por arranjo e regência, conta, emocionado: “Bráulio fez o poema depois de ter contato com o www.inumeraveis.com.br, memorial dedicado à história das vítimas do Covid-19. Chico disse que se emocionou ao ler o poema e fez a canção. Eu me emocionei com o conteúdo e com o gesto dos dois, e quis transformar em mensagem sensível e empática a realidade tão dura desses dias.

Inumeráveis tem métrica que se ajusta à prosódia dos cantadores nordestinos [galope à beira mar]. A música enfatiza que, muito além da já assustadora quantidade, falamos de gente, de histórias de vida: “Elaine Cristina, grande paratleta/ fez três faculdades e ganhou medalhas/ Felipe Pedrosa vencia as batalhas/ Dirigindo Uber em busca da meta/… Se números frios não tocam a gente/ Espero que nomes possam tocar”.  

Por absoluto respeito às vítimas, no vídeo somente elas aparecem de corpo inteiro, em fotos coloridas, obtidas junto das famílias. Elas são as únicas protagonistas dessa homenagem. Os demais aparecem em PB, mostram-se apenas os movimentos labiais dos cantores, as mãos dos instrumentistas. As estrelas são os que se foram para sempre e que jamais serão esquecidos.

Jardim fala sobre o arranjo: “Propus ao Chico César criarmos um ambiente livre da métrica musical, improvisado. O que ele criou para o início foi maravilhoso, naqueles vocalizes, encontramos a expressão de nossas raízes negra e indígena. A ideia foi ir colocando aos poucos as informações musicais. São seis estrofes (com 10 versos de 11 sílabas) e em cada uma delas busquei ampliar a densidade até a chegada dos coros. Tivemos a presença de instrumentos brasileiros na percussão, como triângulo, pandeiro, zabumba, xequerê e alfaia”.

 A OCAM/ECA/USP, Orquestra de Câmara da Escola de Comunicações e Artes da USP, é caracterizada pela qualidade de suas performances. Também pela maneira personalizada com que desenvolve as ações de comunicação e relacionamento que sustentam sua proposta. Tem CDs lançados, entre eles, Segredos de Vera Cruz (2020), com participação do gaitista italiano Gianluca Littera. Criada pelo maestro Olivier Toni (1926-2017), é dirigida, desde 2001, porGil Jardim, que desenvolve plano de ação em programação de nível artístico e trabalho pedagógico consistente. 

O paraibano Chico César, natural de Catolé do Rocha, tem 56 anos e mais de três décadas de carreira. Desde o início, é um compositor de posicionamento crítico sobre a realidade brasileira. Autor de sucessos como Mama África À primeira vista, tem músicas gravadas por Maria Bethânia, Daniela Mercury e Gal Costa. Sua arte continua reverberando notas tropicalistas da MPB.

Bráulio Bessa, que é um dos maiores ativistas da cultura nordestina no mundo, nasceu em Alto Serra (Ceará), tem 35 anos e vários livros. Seus vídeos ultrapassam a marca de 100 milhões de visualizações. Participa do programa Encontro com Fátima Bernardes (TV Globo), do qual é consultor de Cultura Nordestina e apresenta sob seu olhar poético, temas diversos. Sobre ele diz Milton Nascimento: “Cada palavra que sai da boca do Bráulio toca minha alma de uma forma raríssima”.

O maestro Gil Jardim é professor livre-docente do Departamento de Música da ECA/USP. Desde 2001, é diretor artístico e maestro titular da OCAM/ECA/USP. É autor do livro O estilo antropofágico de Heitor Villa-Lobos (2005) e do CD Villa-Lobos em Paris (2006). Sua versatilidade lhe permite desenvolver trabalhos relevantes tanto com a música erudita quanto com a popular. Já atuou ao lado de Milton Nascimento, Gilberto Gil e John McLauglin.

Anderson Penha faz a direção de arte do vídeo. Considerado um parceiro do maestro Gil Jardim, é responsável por visualizar as cenas e montar a composição visual, cenários, figurinos e cores, nessa produção feita por meio da internet. Sócio da consultoria Symnetics e professor do Instituto Europeo di Design (IED), Anderson também é músico (clarinetista) e amante do cordel. Designer com mais de 20 anos de atuação, além de Brasil, tem trabalhado também na América Latina, Oriente Médio e África. 

 Música “Inumeráveis”

(Chico César – Bráulio Bessa)

 André Cavalcante era professor
amigo de todos e pai do Pedrinho.
O Bruno Campelo seguiu seu caminho
Tornou-se enfermeiro por puro amor.
Já Carlos Antônio, era cobrador
Estava ansioso pra se aposentar.
A Diva Thereza amava tocar
Seu belo piano de forma eloquente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar. 

 Elaine Cristina, grande paratleta
fez três faculdades e ganhou medalhas
Felipe Pedrosa vencia as batalhas
Dirigindo Uber em busca da meta.
Gastão Dias Junior, pessoa discreta
na pediatria escolheu se doar
Horácia Coutinho e seu dom de cuidar
De cada amigo e de cada parente.
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar. 

 Iramar Carneiro, heroi da estrada

foi caminhoneiro, ajudou o Brasil.
Joana Maria, bisavó gentil.

E Katia Cilene uma mãe dedicada.
Lenita Maria, era muito animada
baiana de escola de samba a sambar
Margarida Veras amava ensinar
era professora bondosa e presente.
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar. 

 Norberto Eugênio era jogador
piloto, artista, multifuncional.
Olinda Menezes amava o natal.
Pasqual Stefano dentista, pintor
Curtia cinema, mais um sonhador
Que na pandemia parou de sonhar.
A vó da Camily não vai lhe abraçar
com Quitéria Melo não foi diferente.
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar.   

 Raimundo dos Santos, um homem guerreiro
O senhor dos rios, dos peixes também
Salvador José, baiano do bem
Bebia cerveja e era roqueiro.
Terezinha Maia sorria ligeiro
cuidava das plantas, cuidava do lar
Vanessa dos Santos era luz solar
mulher colorida e irreverente.
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar.   

Wilma Bassetti vó especial
pra netos e filhos fazia banquete.
Yvonne Martins fazia um sorvete
Das mangas tiradas do pé no quintal
Zulmira de Sousa, esposa leal
falava com Deus, vivia a rezar.
O X da questão talvez seja amar
por isso não seja tão indiferente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar.

Clique na frase em destaque abaixo e veja o vídeo:

Espero que nomes consigam tocar.

Leia também no Barulho d’água Música:

1277 – Álbum Sons Sobre Tons, da OCAM, traz homenagens a Tomie Ohtake

1276 – Gil Jardim rege OCAM e grava clássicos nacionais com gaitista Gianluca Littera

808 – Chico César (PB) promove em Sampa duas apresentações de “Estado de Poesia”, disco que une ritmos brasileiros à sonoridades universais

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