1470 – José Gustavo Julião de Camargo (SP) toca Garota de Ipanema, Correnteza e Dindi em Revoredo

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Gravado em uma área rural da Itália, primeiro álbum do maestro e compositor é homônimo ao programa dedicado à viola caipira que ele apresenta pela Rádio USP FM, mescla composições próprias e de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e chegará às plataformas digitais em 19/11

O paulista José Gustavo Julião de Camargo lançará em 19 de novembro em todas as plataformas digitais, com distribuição pelo selo Vitafone, seu primeiro álbum solo, Revoredo, homônimo ao programa dedicado à viola caipira instrumental que ele apresenta todas às quintas-feiras a partir das 17 horas, com reprises às 8 horas aos sábados, pelas emissoras FM das cidades de São Paulo e de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

A história de José Gustavo Julião de Camargo com a viola caipira é tão sui generis quanto à proposta deste seu primeiro registro, segundo Lucas Galon, autor do texto que os amigos e seguidores doravante lerão nesta atualização do Barulho d’água Música. Compositor e maestro experiente no trato com a orquestra sinfônica, aluno de Almeida Prado, operista e sinfonista de grande cabedal, apenas tardiamente com mais de 50 anos Zé Gustavo apaixonou-se pela viola. O certo seria dizer que foi encantado por ela, cativo de seu feitiço. Logo começou a experimentá-la, aplicando o seu espírito antropofágico em sonoridades inusitadas.

Dessas experimentações, nasce a sua habilidade no trato prático com as 10 cordas. Desse trato, surge a nova poética, cinzelada por sua experiência multifônica de compositor, sintetizada, agora, na presença do metal. Da necessidade de registro desses arranjos e composições, irrompe uma nova forma de notação, escrita em duas pautas. Per se, essa escrita já configura um legado e tanto para que compositores possam produzir novos repertórios à já notável tradição da viola caipira de concerto, sem que precisem necessariamente ser violeiros.

Para quem, como eu, acompanha o compadre Zé Gustavo nesta saga, é uma grande alegria ouvir a gravação de seus experimentos iniciais na viola. E ela já vem com todo o caleidoscópio de referências do Zé: da fusão inusitada da sofisticada Bossa Nova com o jeito caipira de tocar, temos a linguagem de harmonias complexas conjugadas com a melódica caipira, aquela produzida pelo dedo polegar ferindo as duplas oitavadas, materializando uma tradição em outra, como se finalmente pudéssemos ouvir os velhos violeiros do interior de São Paulo tocando a música do cosmopolita Tom Jobim, submetido às ranhuras do aço.

Mas não para por aí: de uma tradição que remonta ao tipo de captação das gravações dos anos 1960, de outro Julião (da Viola), temos aquele ressoar presente, de plectro rústico, legado de violeiros pioneiros. E as composições de poética inusitada, alusivas ao universo de Guimarães Rosa, serão o deleite do diletante, o regozijo do pesquisador.

A viola, e nós também, agradecemos o presente.

O álbum, conta Lucas Galon, foi registrado em uma tarde de sábado invernal na área rural da cidade de Faenza, na Itália. A gravação e a mixagem foram realizadas por Giacomo Scheda e a masterização por Giovanni Versari.

Natural de Vista Alegre do Alto (SP), José Gustavo Julião de Camargo iniciou seus estudos musicais em 1978, em Ribeirão Preto, com Mario Nacarato e Cristina Emboaba. Como instrumentista (clarineta e clarone), atuou na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, na Orquestra Jovem de Campinas e no grupo Pipoca Moderna (de 1983 a 1986). Concluiu em 1986 o curso de Composição e Regência pela Universidade de Campinas (Unicamp), na qual, em sua turma de Composição, foi aluno dos professores Almeida Prado, Damiano Cozzella e Raul do Valle; de Regência dos professores Benito Juarez e Henrique Gregori, entre outros.

Como diretor musical, e arranjador do coro cênico Bossa Nossa (de 1991 a 2008) Zé Gustavo desenvolveu intensa atividade no Brasil e no exterior (Itália e Grécia), com espetáculos como Conversa de botequim (1995); bossa@usp.br (1997); 500 e tantas histórias… (2000, 2001, 2002 e 2004); e O boi caipira (2006). Já atuou como professor visitante em diversas escolas de música e conservatórios na Itália (Faenza, Ferrara, Cosenza, Perugia e Campobasso). E participou como compositor convidado dos festivais de Música Nova Klangzeit Musik (2012) e Musik Unser Zeit Brasilien (2014), ambos na cidade de Münster (Alemanha).

O maestro trabalhou também como assistente de direção musical do Festival Música Nova-Gilberto Mendes de 2011 a 2019. Foi diretor artístico e maestro da Banda Mogiana de 2002 a 2019 e é coordenador brasileiro do festival Fiato Al Brasil desde 2012 na cidade de Faenza (Itália). Compõe obras para teatro, música de câmara, vocal e instrumental, coral, ópera e sinfônica. Destacam-se ainda em suas atividades a cantata Ode a Zumbi, comandante guerreiro (para coro e orquestra); a ópera Café em três atos, para coro e orquestra, esta última com libreto de Mário de Andrade–, e o Concerto para viola caipira e orquestra. Desde 1988, é orientador de estruturação musical do Departamento de Música da FFCLRP-USP, Campus de Ribeirão Preto. Atua, ainda, como membro no Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música da FFCLRP-USP (Nap-CIPEM) e é maestro assistente da USP-Filarmônica. 

Como instrumentista, o violeiro apresenta-se como solista e nos grupos Brasil Matuto Ensemble, Mentemanuque Ensemble ,Nando Araújo Trio e Tempo Forte Trio. Sua voz é bastante conhecida como produtor e apresentador do programa Revoredo, o som da Viola Caipira instrumental (107,9 FM da Rádio USP Ribeirão Preto e 93,7 FM da Rádio USP São Paulo).

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