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*Do portal Carnavalesco, em https://www.carnavalesco.com.br/luto-no-samba-morre-monarco-presidente-de-honra-da-portela/
A cultura brasileira, o samba e o carnaval estão em luto profundo. Morreu no sábado, 11 de dezembro, Hildemar Diniz, o mestre Monarco, presidente de honra da Escola de Samba carioca Portela. O sambista estava internado desde 21 de outubro no hospital Cardoso Fontes, na cidade do Rio de Janeiro e precisou passar por uma cirurgia no intestino no início do mês de novembro. A causa da morte ainda não estava confirmada até a manha de domingo, 12 de dezembro, data do velório na quadra da Águia Altaneira.
Monarco nasceu em 17 de agosto de 1933, na cidade do Rio de Janeiro. Em agosto de 2021 completou 88 anos. No ano passado, ao chegar aos 87, brincou em uma entrevista dizendo que ainda não havia chegado a sua hora. Era filho de um marceneiro que nas horas vagas fazia as vias de poeta. José Felipe Diniz, o seu pai, chegou a publicar poemas no Jornal das Moças. Monarco foi criado no bairro de Oswaldo Cruz, onde desde muito pequeno frequentava as rodas de samba da Portela. O apelido Monarco chegou aos seis anos de idade.
Em 1950, aos 17 anos, Monarco ingressou na ala de compositores da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Seu padrinho e incentivador, Alcides Malandro Histórico, foi um dos maiores poetas da história da Portela. Monarco ingressou em meados dos anos 1940 no Bloco Primavera e também chegou a atuar como diretor de harmonia da Portela, mas nunca teve um samba-enredo de sua autoria levado pela escola na avenida em um carnaval.
Corria a década dos 1960 quando deixou a Portela e entrou para a Escola Unidos de Jacarezinho (onde compôs História de Vila Rica do Pilar– a descoberta do ouro, para o carnaval de 1970, e Homenagem a Geraldo Pereira, para o de 1980), mas retornou à escola do coração em 1969, tornando-se responsável pelo grupo Velha Guarda da Portela. Monarco alçou patamar de sambista respeitado ao gravar em 1970 o álbum Portela, passado de glória, produzido por Paulinho da Viola e passou a liderar a Velha Guarda da Portela após a morte, em 1995, de Manacé José de Andrade, mais conhecido como Manacéa.
Monarco possui um rosário seleto de composições que marcaram a história do gênero em 60 anos de uma trajetória destacada pela fidalguia e a valorização do samba. Obras como De Paulo a Paulinho; Lenço; Nunca vi você tão triste; Passado de glória; Portela desde criança; Proposta amorosa; Quitandeiro; Tudo menos amor, Coração em Desalinho e Vai vadiar são obrigatórias no embalo de qualquer roda de samba que se preze.
Presidente de honra da Portela desde 2013, quando o grupo político que hoje comanda a escola assumiu a agremiação, Monarco deixa um legado imensurável para a cultura brasileira. Ainda jovem, fez parte do grupo de sambistas que era perseguido pela polícia, pois samba era considerada manifestação marginal, ferida do racismo estrutural que assola a sociedade brasileira há séculos. “Pandeiro era porte de arma”, disse várias vezes o consagrado bamba.
Em 2004, Monarco casou-se com Olinda, sua companheira dos últimos anos. Além de milhares de fãs, deixou uma família que certamente conduzirá para sempre os seus valores. Seu filho, Mauro Diniz, é arranjador e cavaquinista, além de compositor de sucessos gravados por boa parte de intérpretes da MPB. A neta, Juliana Diniz, filha de Mauro, é atriz e cantora com disco solo. Marcos Diniz, o outro filho, além de compositor de sucessos, faz parte do Trio Calafrio.
UM ÍCONE QUE SOUBE COMO VENDER SEU PEIXE
Em seu portal, o Bar Carioca da Gema destacou em texto escrito por Luis Pimentel, em 13 de abril de 2020, que Monarco é “autor de sambas que estão entre os mais deliciosos da MPB e do repertório de excelências como Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Martinho da Vila e Beth Carvalho”, entre outros, como ainda Marisa Monte e Maria Rita, que embora não sejam consideradas sambistas de carteirinha sempre tiveram um pé nos terreiros e nas rodas de samba. Entre os principais parceiros do compositor, o Bar Carioca da Gema cita Alcides Dias Lopes (o Malandro Histórico da Portela), Chico Santana, Manacéa, Mijinha e Candeia, infelizmente, todos já mortos. Leia o texto na íntegra em https://www.barcariocadagema.com.br/post/monarco-%C3%A9-carioca-da-gema
Monarco é apelido que recebeu de um amigo de infância, em Nova Iguaçu. Nascido no subúrbio carioca de Cavalcante, no começo da adolescência voltou a morar no Rio, quando a família se mudou para Oswaldo Cruz, bairro vizinho de Madureira. Antes de se tornar conhecido no meio do samba, trabalhou como guardador de carro em frente ao prédio do Jornal do Brasil e como vendedor de peixe em feiras-livres. Em 1970, Monarco lançou o primeiro disco, intitulado Portela, passado de glória, produzido por Paulinho da Viola. Depois vieram outros 15, inclusive lançados no Japão. O mais recente é o Monarco de todos os tempos, que saiu em 2018 pela gravadora Biscoito Fino. Oito anos antes, gravara no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, o DVD Monarco — A Memória do Samba.
O Palácio do Planalto, mais uma vez, atravessou a harmonia e passou em branco, revelando, de novo, a triste figura sombria que está no leme do país nesta época de ações frias de incentivo às artes de um modo geral. Mas tal registro não faz falta, já que todos sabemos que cultura para o bolsonarismo é sinônimo de transgressão a ser combatida e desmontada com o maçarico do corte de verbas e o fuzil da extinção de projetos.
Entre as centenas de mensagens de tributos que a cena cultural escreveu, no entanto, pelo menos três clubes de futebol fizeram homenagens a Monarco — um dos quais o America (grafado sem acento) carioca, que disputou em 2021 a fase preliminar, não chegou à fase de grupos do estadual, mas até hoje, seja qual for o parâmetro para a classificação, é o quinto do ranking do Rio de Janeiro e em tempos áureos sempre rivalizou de igual para igual com os quatro primeiros que são Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo, Leia a integra das notas:
1) É com pesar que o America Football Club lamenta o falecimento de um dos maiores nomes do samba nacional e grande americano Monarco. Nos 88 anos de vida, Monarco sempre levou o seu amor pelo samba e pelo America para onde fosse. Em 2009, conseguiu unir, junto a Jorge do Batuke, os dois, com o cd “Sou Louco Por Ti America”.
O America deseja força e serenidade a todos os familiares, amigos e fãs de Monarco para superar este momento tão difícil. O clube decreta luto de sete dias pela morte do sambista.
2) Dia de luto para o mundo do samba e para a música brasileira. O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente o falecimento do Mestre Monarco da Portela. Que Deus conforte o coração dos familiares, amigos, fãs e de toda família portelense neste momento tão triste.
3) Fiel, hoje é um dia triste para quem é brasileiro e do samba. Morreu Monarco, um dos maiores baluartes da cultura do Brasil. O Corinthians pede a todos uma última salva de palmas a esse gigante do samba. Vai na cadência, mestre!
Leia matéria sobre Monarco publicada no Correio Braziliense:
Leia aqui no Barulho d’água Música mais matérias sobre Monarco ou que trazem conteúdos a ele relacionados ou à Portela:
https://barulhodeagua.com/tag/monarco/
https://barulhodeagua.com/tag/portela/
Ouça ao clicar nos linque abaixo programa da Câmara dos Deputados (DF) que enfoca músicas de Monarco e um dos seus discos, gravado pela Kuarup:
https://www.camara.leg.br/radio/programas/685498-mestre-monarco/