*Com Miriam Bemelmans, Assessoria de imprensa Bemelman’s, e Cláudio Lacerda, cantor e intérprete
Os Quatro Cantos de Elpídio, projeto da Companhia Navega Jangada, com 50 minutos de duração e classificação etária livre, poderá ser visto entre 19 e 29 de dezembro no canal online cujo linque estará ao final desta atualização. Contemplado pelo edital ProAC Expresso Programa de Ação Cultural Expresso Lei Aldir Blanc (LAB), Os Quatro Cantos de Elpídio busca revelar o universo de sons e cores do maestro e compositor Elpídio dos Santos, que nasceu e morreu em São Luiz do Paraitinga (entre janeiro de 1909 e setembro de 1970), município encravado na porção paulista do Vale do Paraíba, a cerca de 170 quilômetros da Capital de São Paulo. A companhia contará com a participação do grupo musical Paranga, integrado por familiares de Elpídio: Lia Marques, neta; Negão dos Santos, filho; e Renata Marques, nora; além do músico e compositor João Gaspar.
Elpídio dos Santos compôs canções que contêm a delicadeza das toadas interioranas. Mais de 1.000 músicas ainda não totalmente catalogadas pela família fazem parte de seu repertório. Trata-se de um compositor marcante para a tradição musical paulista, que criou para presentear os familiares e amigos, pois pouco ganhava com a música. Parceiro de Mário Zan, Anacleto Rosas Júnior e Priminho, entre outros, algumas de suas composições foram gravadas por Tonico e Tinoco, como a valsa Me leva (que ele e Priminho fizeram em 1960); por As Galvão, como o xote Velha história (1956); por Cascatinha e Inhana, como a toada Rede de taboa (1960) e Ave Maria do sertão (1952); e por Renato Teixeira, que gravou, em 1997, Você vai gostar (Casinha Branca).
Além dos trabalhos mencionados no bloco anterior, o casal da foto acima, formado por Oswaldinho e Marisa Viana, lançou Viva Elpídio (2008), e sete das treze faixas de Cine Mazzaropi, de Zé Paulo Medeiros (2002), são de Elpídio, ambos discos de selos independentes com distribuição pela Tratore; Cláudio Lacerda escolheu Rede de taboa para o disco Alma Caipira; mesma música que Dércio Marques preferiu para Fulejo (com o título Ranchinho Brasileiro), além de Você vai gostar (Casinha branca), que também faz parte da discografia do grupo paranaense Viola Quebrada; Chico Teixeira Saudade Danada, em Mais um viajante; Ivan Vilela, Suzana Salles e Lenine Santos destacaram A dor da saudade para um dos discos da série Caipira, entre outros que beberam nas fontes do luizense (veja lista mais detalhada em https://immub.org/compositor/elpidio-dos-santos).
Mas obra de Elpídio dos santos não se limita aos gêneros chamados “regionais” dentro do diversificado ramo da Música Popular Brasileira: também elenca choros, valsas, marchas, dobrados, maxixes, sambas, cateretês, e outros como o baião Chegadinho, chegadinho, gravado por Dircinha Costa com acompanhamento dele, ao violão, em 1954. Ou Manakiriki, parceria com Mario Zan, cujo gênero é indicado como tupianã no selo do disco lançado em 1960 pelas Irmãs Celeste. Cai Sereno, composta em parceria com Conde, foi gravada por Mazzaropi em 78 rpm, em 1955, e pela dupla Pena Branca e Xavantinho, em 1994, no álbum Uma dupla brasileira.
Afora contribuir para a preservação da música deste gênero, Elpídio dos Santos legou aos sete filhos músicos a tarefa de divulgá-la, o que o Grupo Paranga, desde 1973, leva à risca e com seu trabalho ajuda a resgatar a memória musical de Paraitinga, incluindo as marchinhas tradicionais que animam o carnaval local até hoje. A obra elpidiana é reconhecida e também marca o repertório de artistas como Sérgio Reis (Lá no pé da serra, 1990); Fafá de Belém (Você vai gostar, 1993); e Juliana Caymmi (Vento Noroeste, 2010).
A Companhia Navega Jangada de Teatro, de Santo André (SP), está na estrada desde 2008, como resultado de pesquisas na área do teatro de animação, circo, corporeidade do ator e música a partir de 2006. Fundada por Talita Cabral (diretora e atriz) e Rodrigo Regis (compositor e diretor musical e músico) tem como principal característica em suas produções a música como forma de narrativa. Possui um vasto repertório de espetáculos teatrais, que mesclam a manipulação de bonecos, tecidos, objetos, o circo, a música ao vivo e a linguagem não verbal. Além da arte da contação de estórias, intervenções e oficinas, seus integrantes possuem inúmeras habilidades musicais e habilitação na área da arte e também na arte-educação.
A estreia ocorreu em 2008, na unidade Santos do Sesc paulista, atraiu 700 pessoas com o espetáculo Nas Terras de Kublai Khan, e percorreu uma trajetória concorrida com temporadas que a chegarem em 2018 trouxeram ao público Os Quatro Cantos de Elpídio, produção contemplada pelo ProAC Circulação 2019 e que também ganhou versão em formato de concerto em 2021, pelo ProAC LAB. As sessões virtuais poderão ser vistas até 29 de dezembro pelo canal youtube.com/navegajangada.
Com Miriam Bemelmans, Assessoria de imprensa Bemelman’s