*Com Dulce Reis
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Quinto álbum da carreira do autor, que traz em dez faixas releituras de clássicos do ritmo pernambucano e uma composição autoral, chegará às plataformas digitais em 9 de fevereiro
O violeiro, arranjador, compositor, diretor musical e produtor pernambucano Hugo Linns lançará na sexta-feira, 11, seu quinto disco autoral, com uma apresentação sem cobrança de ingressos marcada para começar às 12 horas, no Paço do Frevo, em Recife (PE). Com uma carreira que se consolida dia a dia nos cenários musicais, Linns vem sendo constantemente elogiado, tanto no Brasil, quanto no Exterior. Neste trabalho, que se chama Atemporal e já na quarta-feira, 9 de fevereiro (Dia Nacional do Frevo) poderá ser ouvido em plataformas digitais, ele registra o frevo na viola dinâmica pela primeira vez. Para alcançar este resultado, Linns entendeu que o instrumento contribuiria para expansão territorial do gênero, alcançando uma sonoridade inédita, pois está aliada à sua rebuscada linhagem musical.
A ideia de Atemporal surgiu em 2015, quando o produtor André Freitas convidou Hugo Linns para se apresentar em um projeto no Paço do Frevo. Tudo foi apurado ao longo de dois anos, já que o violeiro sempre considerou o frevo como “desafiante”. Após estudos e pesquisas, Linns criou os arranjos para quatro músicas e integrou outras de seu repertório, já gravadas anteriormente. O concerto estreou em 2017 e fundamentou o caminho até a geração do Atemporal. “Em minha cabeça acontece uma mistura de possibilidades infinitas de transformação. Atemporal é muito importante porque, para mim, representa um apuro mais técnico, pois é um pouco mais difícil tocar frevo”, afirmou. “O álbum traz releituras para viola dinâmica e banda de músicas muito conhecidas do Carnaval, e ainda inclui uma composição autoral.”
Com 24 dos 26 anos de estrada profissional dedicados à viola dinâmica, Hugo Linns confessa já ter afirmado que nunca iria tocar frevos no instrumento. Mordendo a língua, a única composição autoral do álbum, além de seu primeiro frevo, “é justamente uma mensagem para mim no futuro, porque, quando eu era jovem, disse que não tocaria o ritmo por ser muito desafiante”, observou. “É preciso agilidade, que eu pensei que nunca teria. Então, estudei, estudei, estudei, mordi a língua e gravei um disco que tem texturas e densidade, que caracterizam um estilo próprio.”
Com 10 faixas, o álbum é uma ode ao gênero pernambucano, porém as músicas mexem com vários ritmos embalados em arranjos elaborados para que o frevo circule dentro da música. “É como uma pessoa passeando dentro de um universo muito maior”, comparou Hugo, que entre as faixas destaca clássicos como: Voltei Recife, Cabelo de fogo e Vassourinhas.
Atemporal tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura/PE), por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FundarPE), Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult/PE) e Governo do Estado de Pernambuco.
Hugo Linns usa a tecnologia para gerar, criativamente, uma variedade de timbres e texturas com pedais de efeitos e promove uma síntese de sua experiência e maturidade para o instrumento. Toca e compõe para violas de 10 cordas desde os 18 anos e impressiona pelo apuro de um grande instrumentista cujas influências múltiplas temperam este talento e vão de mestres da cultura popular até a world music. A discografia antes de Atemporal é formada por Fita Branca (2010), Vermelhas Nuvens (2013), A solidão do sol em cinzas do ar (2017) e O vento ao longe (2020), este gravado em parceria com o percussionista sueco Sebastian Notini e o violoncelista francês Olivier Koundouno e lançado pelo selo alemão Martin Hossbach. A solidão do sol em cinzas… faturou em 2018 o troféu de melhor álbum de música instrumental do 9° Prêmio da Música de Pernambuco.
Em 25 de julho de 2019, Fita Branca foi destaque do programa Revoredo, levado ao ar todas as quintas-feiras, apresentado pelo maestro José Gustavo Julião de Camargo, com reprises a partir das 8 horas, aos sábados, nas emissoras das cidades paulistas de São Paulo (em 93,7 MHz) e de Ribeirão Preto da Rádio da Universidade de São Paulo (USP). A edição começou por Alvorada, música marcada pela presença da viola dinâmica, muito utilizada na região Nordeste, principalmente, pelos repentistas.
Ao comentar sobre a biografia de Linns, o maestro Julião de Camargo informou que o pernambucano cresceu ouvindo as melodias características do Nordeste e tem formação inicial como musicista pelo Conservatório Pernambucano de Música. Integrante da nova geração pernambucana que no universo das violas conta ainda com Laís de Assis (e do qual não se pode dissociar mestres como Adelmo Arcoverde ou Antônio Madureira, do Quinteto Violado), Linns representa o rico universo da música cabocla do Nordeste que bebe nas fontes dos cantos indígenas, dos coquistas, dos cirandeiros, dos cantadores de viola e dos rabequeiros de Pernambuco, permitindo numa mistura rica e autêntica com uma sonoridade peculiar e inovadora para o instrumento.

Situado na Praça do Arsenal da Marinha, O Paço do Frevo é um centro de referência de ações, projetos e atividades de documentação, transmissão, salvaguarda e valorização do frevo (Foto: Eric Gomes)
Para assistir ao espetáculo Atemporal, o público deverá portar o comprovante de vacinação contra a Covid-19 e respeitar os demais protocolos sanitários vigentes. Situado na Praça do Arsenal da Marinha, s.n°, Bairro do Recife, O Paço do Frevo é um centro de referência de ações, projetos e atividades de documentação, transmissão, salvaguarda e valorização do frevo, uma das principais tradições culturais brasileiras, reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
O Paço tem curadoria assinada por Bia Lessa. Além de se valer de conteúdos e linguagens diversas para manter vivo o ritmo que embalou a formação da identidade cultural recifense, o equipamento promove oficinas e apresentações musicais regulares em quatro pavimentos de atividades, que oferecem aos visitantes a possibilidade de experimentar o Carnaval recifense durante todo o ano.
O imóvel onde está instalado o museu, que até 1973 abrigou a Western Telegraph Company, empresa pioneira na implantação do telégrafo no Brasil, hoje az parte do complexo turístico das cidades de Recife e Olinda e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1998. É uma iniciativa da Prefeitura do Recife, com realização da Fundação Roberto Marinho e gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) que conta com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), do Governo do Estado de Pernambuco, por meio de sua Secretaria de Turismo e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), do Instituto Camargo Corrêa, do Instituto Votorantim, do banco Itaú, da Rede Globo e apoio do IPHAN e do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
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