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Os cantores e compositores Renato Teixeira e Zeca Collares voltarão a se apresentar, juntos, nos dias 26 e 27 de fevereiro, agora no palco da unidade Bom Retiro do SESC paulistano — ambos já estiveram lado a lado no SESC de Bauru (SP), no final de semana anterior, e em julho de 2019, antes, portanto, da pandemia de Covid-19, quando o projeto em parceria decolou. Os protagonistas estarão coadjuvados por Natan Marques (violão) e Cião (baixo) cantando e tocando sucessos dos repertórios próprios a partir das 20 horas do sábado e das 18 do domingo, com ingresso limitado a quatro por pessoa, em um único CPF, em ambas as rodadas.
Mineiro nascido na cidade de Grão Mogol, atualmente residente em Sorocaba, no Interior Paulista, Zeca Collares é instrumentista, arranjador e cineasta. A carreira que já soma mais de vinte anos conta com oito álbuns e ele produziu, ainda, quatro curtas metragens, além de trilhas para diversos filmes. Possui técnica apurada de viola caipira e muita sensibilidade, qualidades que permitem das cordas do seu pinho brotarem sonoridades diversas e elementos contemporâneos mesclados às músicas de raiz brasileira, barroca, chorinho e jazz.
Durante o estradar, Collares dividiu o palco entre outros com Hermeto Pascoal, Duofel, Pena Branca & Xavantinho, Fernando Deghi, MPB 4, Xangai, Adelmo Arcoverde e Rogério Gulin. Em novembro de 2014 foi uma das atrações do Encontro Nacional de Violeiros, promovido na Galeria Olido, em São Paulo (SP). Depois, entre maio e junho de 2015, atuou como curador do projeto Viola dos 5 Cantos, que acolheu na unidade Vila Mariana do Sesc, na cidade de São Paulo, Daniel de Paula, Di Brandão, Júlio Santin, Levi Ramiro, Marcão Azevedo, André e Adelmo Arcoverde, André Siqueira e ele próprio para mostrar a variedade de sons e de ritmos que a viola produz nas diversas regiões do Brasil.
Em junho de 2015, o Barulho d’água Música acompanhou Collares durante o concerto no qual lanço o oitavo álbum, Estação, acompanhado pelos músicos Cléber Almeida (percussão), Zé Marcos (violão) e Luiz Anthony (contrabaixo), no SESC de Campinas (SP), como atração do projeto Folias de Junho. O disco tem dez faixas, das quais duas são instrumentais, e apresenta o universo das rezas, das folias e das vivências sertanejas que formam o ambiente onde, desde menino, o mineiro está inserido, compostas em parceria com Valter Silva e que extrapolam a sonoridade da viola caipira, com inovações nas propostas melódicas e harmônicas. “Sempre fui conhecido como um violeiro dedicado ao lado tradicional do instrumento, e já toquei, por exemplo, com Pena Branca e Xavantinho, mas neste novo trabalho vocês notarão: fiz questão de manter os pés nas raízes, com a cabeça colocada no mundo.”

Em junho de 2015, Collares lançou Estação, em Campinas, oitavo álbum da carreira (Foto: Marcelino Lima/Acervo Barulho d’água Música)
O autor de Pés Descalços e Primavera Mineira, dois dos títulos da bela discografia, também integra o álbum Viola Paulista II, que tem curadoria do violeiro, compositor, professor universitário e pesquisador mineiro Ivan Vilela e foi lançado pelo Selo SESC em 2021.
MÚSICA NO DNA
Com uma carreira consagrada, mais de 50 anos de estrada e pelo menos 30 álbuns lançados, Renato Teixeira está no panteão das maiores expressões da música popular brasileira. Uma página apenas para divulgar as contribuições à cultura popular nunca será suficiente para o autor de clássicos como Romaria, eternizado por Elis Regina, e Tocando Em Frente, gravado por Maria Bethânia, uma parceria dele com Almir Sater, além de Um Violeiro Toca, interpretado por Almir Sater e Sérgio Reis. Nascido em Santos, com passagem por Ubatuba e crescido em Taubaté, cidades de São Paulo, Teixeira carrega em seu DNA a sexta geração de músicos da família.
Defensor incansável da música caipira e de raiz do Brasil, Renato Teixeira coleciona várias parcerias e participações em projetos premiados como o disco Ao Vivo Em Tatuí, com a dupla Pena Branca & Xavantinho e os álbuns Amizade Sincera I e II com o cantor Sérgio Reis; e os trabalhos AR e +AR com o eterno parceiro Almir Sater, que conquistaram o prêmio Grammy Latino, além de projetos com Zé Geraldo, Oswaldo Montenegro e Xangai, entre outros artistas que incluem, mais recentemente, Fagner, no disco que está a caminho pela Produtora e Gravadora Kuarup, cujo título será Naturezas¹.
Renato realizou o sonho de ter boa parte de seu vasto repertório de gravações e composições revisitado no projeto Terra de Sonhos, registro ao vivo que foi gravado com acompanhamento da Orquestra do Estado do Mato Grosso, considerado um dos trabalhos mais importantes de sua carreira e o que mais gosta de ouvir. O seu mais recente disco pela Kuarup, sob regência do maestro Leandro Carvalho, foi indicado ao Grammy Latino e ao Prêmio da Música Brasileira.
Renato Teixeira passou a infância em Ubatuba, no litoral paulista, e aos 14 anos foi para Taubaté, onde viveu até os 24. No início dos anos 1960 trabalhou como radialista na Rádio Difusora de Taubaté, onde por meio do discotecário Teodoro Israel, tomou conhecimento da música sertaneja e de raiz. Na década dos anos 1960, entre outras atividades, Renato Teixeira formou a Banda Água e abriu um estúdio de jingles publicitários.
Depois, em
1967 – Mudou-se para a cidade de São Paulo e no Bar Patachou, situado na Rua Augusta, dividia mesas e debates com artistas de sua geração como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Geraldo Vandré;
Participou do III FMPB, na TV Record, na cidade de São Paulo, com a composição Dadá Maria, defendida por Gal Costa e classificada entre as finalistas. A mesma composição seria posteriormente regravada por Clara Nunes e Sílvio César;
1968 – Renato Teixeira participou do IV FMPB da TV Record, com a composição Madrasta, interpretada por Roberto Carlos;
1972 – Classificou Marinheiro para o VII FIC da TV Globo. No mesmo período participou da série de discos dirigida por Marcus Pereira, Música Popular Brasileira, integrando o volume Música do Centro-Oeste-Sudeste. Por essa época, começou a trabalhar com temas caipiras com a Banda Água, formada por Carlão de Souza, Sérgio Mineiro, Rodolfo Grani, Oswaldinho do Acordeon, Dudu Pontes, Marcinho Werneck, Papete, Luiz Roberto de Oliveira, Nelson Ayres e Amilson Godoy. Gradativamente, passou a migrar de gênero musical, procurando mesclar diversas tendências e estilos;
1977 – Elis Regina gravou Romaria, e a música torna-se rapidamente um estrondoso sucesso em todo o país. Romaria também foi interpretada por Tião Carreiro & Pardinho, Sérgio Reis, Pedro Bento & Zé da Estrada, Leandro & Leonardo, Inezita Barroso, Chitãozinho & Xororó, João Mineiro & Marciano, Fábio Júnior, Passoca, pelo pianista norte americano Richard Clayderman e até pelo grupo de rock paulista Dotô Jéka;
Romaria, que já recebeu mais de 100 gravações, entrou para a trilha sonora da série da TV Globo Carga Pesada, junto com outra composição de Renato, intitulada Frete. O poeta Haroldo de Campos em entrevista à revista Veja fez elogios à letra de Romaria, considerando-a uma das melhores músicas brasileiras dos anos 1970;
1985 – Renato Teixeira participou do disco Grandes Cantores Sertanejos, da Kuarup, ao lado de Xangai, Cida Moreira, Elomar, Sivuca e Geraldo Azevedo, entre outros;
1987 – Ave Marinha, parceria com Almir Sater e Kapenga, e Homem Não Chora, foram gravadas no álbum da cantora Alzira Espíndola;
1989 – A música Sanfona, parceria com Cezar do Acordeon, foi gravada no elepê Forró Bom! – É do ABC!”, da gravadora Musicolor/Continental, na interpretação de Cezar do Acordeon;
1990 – A dupla Pena Branca & Xavantinho gravou a toada-balanço 60 Léguas Num Dia e Seu Chico Alves no álbum de vinil Cantadô de Mundo Afora;
1992 – Lançou pela gravadora Kuarup o álbum Ao Vivo Em Tatuí, em parceira com Pena Branca & Xavantinho, disco emblemático e elogiado que bateu recorde de vendas. No mesmo ano recebeu o Prêmio Sharp;
1997 – Participou do disco Cantorias e Cantadores, também pela Kuarup. Entre seus grandes sucessos estão Sina de Violeiro, regravada em 1996 por Sérgio Reis, e Tocando Em Frente, parceria com Almir Sater, presenças constantes em seus concertos. Realizou uma média de dez apresentações por mês, principalmente na região do Vale do Paraíba, em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso;
Ainda nesta temporada protagonizou o concerto 30 Anos de Carreira, no Canecão, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Um de seus principais parceiros é Almir Sater nas composições Boiada, Missões Naturais, Terra dos Sonhos e Trem de Lata;
1998 – Lançou pela Kuarup o disco 30 Anos de Romaria, com uma retrospectiva de sua carreira;
1999 – Gravou ao vivo, com Xangai, Aguaterra, na sala Adoniran Barbosa, na cidade de São Paulo (SP), com as participações especiais de Natan Marques e Cássio Poleto. Na ocasião interpretou de sua autoria Olhos Profundos, Guardiões da Floresta e João Alegre;
2000 – Lançou com o instrumentista Natan Marques Alvorada Brasileira, no qual interpreta antigos sucessos como Rural e Invernada, além de novas músicas como a country Transformação. O disco contou ainda com a participação de Oswaldinho do Acordeon, na faixa Jaci, e do violinista Cássio Poleto, em Tutu Com Torresmo;
2002 – Xangai gravou a música Pequenina, de Renato Teixeira, no álbum Brasileirança. Também neste ano apresentou-se no Teatro da UFF, em Niterói (RJ), juntamente com Pena Branca, Elomar, Teca Calazans e Xangai no concerto Cantoria Brasileira que comemorou os 25 anos da gravadora Kuarup e cujo repertório virou disco;
2003 – Lançou Rolando Boldrin e Renato Teixeira, em parceria com o apresentador do programa Sr. Brasil e contador de causos, confirmando seu sotaque caipira. O disco revisitou obras de compositores de todo o país e mereceu boa aceitação da crítica especializada. Trouxe destaques como Ventania, de Geraldo Vandré e Hilton Acioly, que concorreu, também com o subtítulo De Como um Homem Perdeu Seu Cavalo e Continuou Andando, no Festival da Record de 1967; Tempero das Aves, do próprio Boldrin; Vaca Estrela e Boi Fubá, de Patativa do Assaré; Acorda Maria Bonita, atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio dos Santos), do bando de Lampião, além de passar por obras de Lupicínio Rodrigues e até Chico Buarque, na composição tema para a peça Morte e Vida Severina, sobre o poema de João Cabral de Melo Neto. O álbum contou com participações de Almir Sater, que toca viola no clássico Chico Mineiro; de Francisco Ribeiro e Tonico, da dupla com Tinoco, Paulo Sérgio Santos, no clarinete, Rodrigo Sater e Chico Teixeira nas cordas;
2007 – Romaria foi escolhida para ser interpretada com variações por Inezita Barroso em dueto com a cantora lírica Nize de Castro Tank, juntamente com Luar do Sertão, clássico de Catulo da Paixão Cearense, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) carioca, em duas sessões da série Líricas e Populares. No mesmo ano lançou o combo (CD + DVD) gravado ao vivo no auditório Ibirapuera com repertório fazendo uma revisão de sua carreira. O álbum contou com a participação especial de Pena Branca na faixa Quando o Amor se Vai; da dupla Chitãozinho & Xororó na canção Frete; da cantora Joana em Recado; e do músico argentino Leo Gieco na composição La Cigarra;
2010 – Em setembro gravou, com Sérgio Reis, o álbum e o DVD Amizade Sincera, pelo selo Som Livre. A intenção do repertório e do concerto, realizado no Teatro Bradesco, na cidade de São Paulo, foi de realizar uma grande viagem pela música ruralista brasileira, com 20 faixas e duas extras. O álbum ultrapassou a marca de 700 mil cópias vendidas;
2011 – Renato Teixeira recebeu o 22º Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Dupla Regional, ao lado de Sérgio Reis, pela gravação do DVD Amizade Sincera;
2015 – Voltou a fazer parceria com Sérgio Reis para lançarem o DVD Amizade Sincera II, projetos premiados no Grammy Latino. Ainda em 2015, lançou, com Almir Sater, AR, pela Universal Music. Gravado entre o Brasil e Nashville (Estados Unidos da Américas), teve produção do norte-americano Eric Silver e apresentou 10 músicas inéditas compostas pela própria dupla;
2016 – O disco AR foi indicado ao Prêmio de Música Brasileira, na categoria Regional Melhor Dupla e levou nova premiação no Grammy Latino. No mesmo prêmio, na categoria Regional Melhor Cantor, foi indicado com o disco Amizade Sincera II, gravado em parceria com Sérgio Reis;

Almir Sater participa do disco de Fagner (centro) e de Renato Teixeira (de óculos): um é pouco, dois são bons, os três são bons demais! (Foto: Divulgação)
2017 – As composições Comitiva Esperança, parceria com Paulo Simões, e Tocando em Frente, com Almir Sater, são incluídas no repertório da peça teatral Bem Sertanejo – O Musical, obra estrelada por Michel Teló e dirigida por Gustavo Gasparani. O espetáculo esteve em cartaz em diversas cidades brasileiras, entre elas São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG) e Ribeirão Preto (SP). No mesmo ano, lançou Terra de Sonhos, pela gravadora Kuarup, em parceria com a Orquestra do Estado de Mato Grosso. Gravado no Estúdio Inca sob a regência do maestro Leandro Carvalho, o título do álbum levou nome de uma canção composta em parceria com Almir Sater;
2018 – Com o disco Terra dos Sonhos foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Álbum de Música Regional e Melhor Cantor. No mesmo ano, deu prosseguimento a seu projeto com Almir Sater e lançou, com sua parceria, +AR, pela Universal Music, apresentando dez composições inéditas dos dois. O disco obteve repercussão positiva perante a crítica e foi vencedor do prêmio Grammy Latino daquele ano, na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa.
SÓ VACINADO
Para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo é necessário apresentar comprovante de vacinação contra Covid-19 (físico ou digital; a partir de 5 anos de idade, pelo menos uma dose; para maiores de 12, duas ou mais) e um documento com foto, exigências que deverão ser respeitadas para quem pretende acompanhar as cantorias com Zeca Collares e Renato Teixeira. É obrigatório o uso da máscara cobrindo boca e nariz. Para atividades com ingresso, será necessário apresentar o QRCode na entrada.
O ingresso para os concertos de 90 minutos de duração custam R$ 20,00 (para associados do Sesc que têm credencial plena), R$ 20,00 (meia entrada) e R$ 40,00 (inteira). O SESC do Bom Retiro fica na Alameda Nothmann, 185, Campos Elíseos.
Aos finais der semana, uma van identificada com a marca Sesc faz o transporte do público com partidas da Estação da Luz (saída da estação da CPTM/rua José Paulino e Praça da Luz). Ao término do show, o mesmo veículo leva o público do Sesc à Estação da Luz. A viatura utiliza um sistema de embarque para pessoas com deficiências físicas ou mobilidade reduzida.
Leia mais sobre Zeca Collares e Renato Teixeira ou conteúdos a eles relacionados aqui no Barulho d’água Música ao visitar os linques abaixo:
https://barulhodeagua.com/tag/zeca-collares/
https://barulhodeagua.com/tag/renato-teixeira/
¹ O projeto de Renato Teixeira e Fagner, que a Produtora e Gravadora Kuarup em breve lançará, já disponibilizou em plataformas digitais a releitura de Tocando em Frente. Este sucesso de Teixeira e de Sater é o primeiro single de Naturezas já lançado. Rodolfo Zanke, diretor da Kuarup, antecipou à redação que na sexta-feira, 18 de março, chegará o segundo, também em formato streaming: Eu Comigo Mesmo, primeira parceria autoral dos dois cantores e compositores.