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Alô amigos e seguidores de Londrina, Bela Vista do Paraíso, Cambé, Sertanópolis, Alvorada do Sul, Ibiporã, Apucarana e cidades paranaenses próximas, vão ouvindo, vão ouvindo: na quinta-feira, 3 de março, o compositor e escritor Paulo Freire promoverá o lançamento do seu mais recente livro, Selva, no restaurante situado na Rua Espírito Santo, 655, no centro de Londrina. A cantoria, como sempre entremeada pelos causos recolhidos dos sertões brasileiros que apenas o violeiro de Campinas (SP) sabe como contar, está marcada para começar às 20h30 e terá a participação especial do multi instrumentista André Siqueira. As reservas deverão ser efetuadas por meio do número de telefone 43 99151-3587 com o máximo de antecipação, pois o estabelecimento limitou o número de mesas à disposição devido às restrições sanitárias de prevenção e combate ao coronavírus (Covid-19). “Tô muito feliz e animado em voltar à Londrina, encontrar os amigos queridos, e poder sapecar na violinha a trilha sonora e contar os causos do novo romance”, disse Freire.
Selva tem 368 páginas. É um lançamento da Bambual Editora, que o apresenta como “delicioso livro que desvenda um Brasil com dramas reais, humor fino e vida que ensina”. Na melhor tradição dos contadores de história, Paulo Freire narra a trajetória de Selva, jovem paulista apaixonada pelas plantas medicinais, e de Teófilo, sobrevivente da seca do sertão, da febre amarela, da miséria humana. As histórias seguem em paralelo e inúmeros personagens se revelam ao longo da trama: a velha sábia Luduvina, o homem de um braço só, a veterinária Letícia, o pactário Zé da Lira. Os personagens enfrentam a ganância das carvoarias e, enredados no cotidiano duro e solidário, criam farmácias naturais e são amparados pelas rezas do livro proibido de São Cipriano da Capa Preta.
Paulo Freire desfia o causo como se estivéssemos na roça e revela um Brasil nem sempre em foco: injusto e abundante, miserável e criativo, inacreditável e humano. Selva foi escrito com uma trilha sonora ao fundo. Como no cinema, capítulo a capítulo, cena a cena, a trilha dá corpo aos personagens e acontecimentos. A trilha sonora preparada por Paulo Freire para este livro pode ser acessada pela leitura dos QR Code ao final de cada capítulo e ouvida ao clicar na palavra destacada ao final desta atualização.
FERRAMENTAS DE TRANSFORMAÇÃO
A gente não cessa de aprisionar a vida, matar a maioria dos nossos desejos, sublimar nossos sonhos. E eles ficam ali, reprimidos, esperando a hora.
A literatura, a música, a dança, enfim, todas as artes são poderosas ferramentas de transformação do ser humano. De repente a gente olha um passarinho e descobre, num assombro, os olhos dos nossos olhos; ouve uma música e percebe o ouvido dos nossos ouvidos.
A personagem principal do livro do violeiro e escritor Paulo Freire (meu amigo de mais de quatro décadas), Selva, rompeu com os paradigmas de uma sociedade utilitária, que encontra tudo pronto, tudo sobre a mesa ou na farmácia mais próxima. Daí para uma esterilização dos sentimentos, é um pulo.
Paulo Freire é um músico e contador de causos que viajou muito, dentro e fora do Brasil. Neste mais recente romance, com sua intuição, observação e sensibilidade, revelou um Brasil que convive com a modernidade e suas manifestações afetivas de raiz. A criação contemporânea não pode prescindir da tradição e vice-versa. Quando Mário de Andrade pensava em folclore, não era algo museológico, mas sim uma dinâmica em constante mutação.
Os leitores deste delicioso livro irão desvendar um Brasil que Paulo Freire conheceu em profundidade, principalmente quando viajou pelo sertão do norte de Minas, uma terra que mostra muito bem o que é ser brasileiro. E encontrarão dramas reais, um humor fino e a constatação de que a vida é dura, mas também ensina. Acredito que esta narrativa possa dar start em alguma mente que sente que a vida não é só isso que se vê – é um pouco mais, como disse Paulinho da Viola num samba antológico.
Minha amiga, meu amigo, escrever requer coragem. Paulo Freire tem.
Wandi Doratiotto, ator, apresentador de televisão, cantor, compositor e músico brasileiro.
O violeiro Paulo Freire, escritor e contador de histórias, é autor de trilhas sonoras, canções, álbuns de viola, livros de causos, romances, biografias e obras infantis. Em sua trajetória coleciona prêmios por suas atividades e contribuições à cultura brasileira e soma participação em trabalhos de diferentes artistas brasileiros.
Aqui no Barulho d’água Música há muitas páginas sobre este moço famoso que é homônimo do célebre filósofo, educador, pesquisador e escritor brasileiro que em setembro de 2021 completaria um século; dizem que o mesmo raio não cai duas vezes, mas, oh, neste caso, que sorte a nossa: o Paulo Freire músico e exímio contador de causos – vai ouvindo, curiosamente nascido em um dia 1º de abril e o que mais uma vez comprova: fruto não cai longe da árvore, filho de Roberto Freire, ex-médico psiquiatra, cineasta, escritor e jornalista¹– também não deixa de ser um profundo educador. Por meio da palavra, oralmente como um griô², portanto, transmite-nos saberes, valores e conhecimentos embutidos em nossas histórias populares correntes em ambientes como o sertão roseano e o universo caipira, por exemplo.
O link para ler mais a respeito do autor de Selva ou conteúdos a ele relacionados é https://barulhodeagua.com/tag/paulo-freire/
Em www.paulofreirevioleiro.com.br há informações sobre a carreira de músico e escritor, a discografia e demais livros dos quais ele é autor, bem como é possível encomendá-los e adquiri-los sem sair de casa.
André Siqueira, compositor, arranjador e multi-instrumentista trabalha com música brasileira e utiliza matrizes da música rural associadas ao jazz e a música erudita. Conheça mais sobre sua carreira, álbuns e projetos em https://barulhodeagua.com/tag/andre-siqueira/
¹ Roberto Freire foi um médico psiquiatra, jornalista e escritor brasileiro, conhecido por ser o criador de uma nova e libertária técnica terapêutica denominada Soma (somaterapia), baseada no anarquismo e nas ideias de Wilhelm Reich. Foi também diretor de cinema e teatro, autor de telenovela, letrista e pesquisador científico. Fez parte da equipe da revista Realidade e foi um dos fundadores da revista Caros Amigos. Atuante pensador libertário no Brasil, Freire deixou importantes contribuições na cultura e na Psicologia.
²Na África Ocidental, o griot – ou griô, como o termo se popularizou na língua portuguesa – são aqueles indivíduos capazes de transmitir adiante o conhecimento sobre os costumes, os conhecimentos, os mitos e as histórias dos povos. Metáfora da preservação da História, os griôs perpetuam e ancestralidade a partir da memória, e representam a importância de garantir a continuidade das tradições por meio do saber oral.
Para os africanos, um griô pode ser um poeta, historiador, cantor ou contador de história; ou seja, todo aquele, sendo artista ou não, capaz de difundir através do boca a boca um tipo de saber. Como diria o escritor Guimarães Rosa, “o que lembro, tenho”.
Se pararmos para refletir, não é exagero dizer que todos nós temos pelo menos um griô na família: são eles as matriarcas e os anciãos reconhecidos em seus núcleos de convívio por sua forte conexão com a comunidade; pessoas capazes de contar histórias com letra minúscula que narram a história com letra maiúscula a partir de um ponto de vista humano, comunitário e conectado com os vínculos sociais.
Fonte: https://lunetas.com.br/pedagogia-grio/