Disco produzido por Guy Fletcher traz elementos de jazz e funk e maiores pitadas de rock, sem deixar de lado canções temperadas por blues e folk que caracterizam a carreira solo do líder do Dire Strais, somados à doses de nostalgia na sonoridade que fãs mais saudosistas celebram.
O Barulho d’água Música retoma neste dia 31 de maio a série Clássico do Mês, mas esta nova atualização, inicialmente planejada para o álbum de Roberto Carlos, de 1971, excepcionalmente, será dedicada a outro luminoso astro da música universal, que faz sucesso dentro e fora do Brasil: o escocês de Glasgow Mark Knopfler. Neste sentido, o disco comentado hoje também não será um que fez sucesso e marcou época quando foi lançado há algumas décadas, mas, sim o mais recente do carismático e até hoje afamado ex-líder do Dire Straits. Lançado em novembro, o nono álbum solo de Knopfler chama-se Down the Road Wherever, encontra-se disponível nas mais concorridas plataformas digitais e, para quem tiver a sorte de residir ou nestes dias estiver dando um rolê nos estranjas poderá ser curtido ao vivo em um dos shows que ele, Knopfler, promoverá em sua turnê de lançamento ao longo deste mês em países como a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a França, a Alemanha e ainda a República Checa, entre outras nações europeias. Como adendo fica a informação: os shows se estenderão e chegarão aos Estados Unidos e Canadá, mas não contemplarão até 29 de setembro nenhum país das demais Américas. É melhor não acreditar em Papai Noel, mas quem sabe depois, né?
Down the Road Wherever, cuja sexta faixa (Good on you son) mereceu a gravação de um vídeo que começa com Knopfler pilotando uma motocicleta por paisagens bucólicas, é sucessor de Tracker (2015) e cria do selo próprio do vocalista e guitarrista: o British Glove Records, com distribuição confiada à Universal Music. Todas as 14 faixas são inéditas, gravadas no estúdio de Knopfler, em Londres. No álbum, acompanha-o a banda que começa com o parça dos tempos da lendária Dire Straits — o tecladista Guy Fletcher, que também ficou encarregado da produção do disco ao lado do próprio Knopfler – e inclui Jim Cox (teclado), Nigel Hitchcock (saxofone), Tom Walsh (trompete), John McCusker (violino), Mike McGoldrick (flauta e sopros), Glenn Worf (baixo), Ian Thomas (bateria) e Danny Cummings (percussão).
Os guitarristas Richard Bennett (que já tocou com Billy Joel e Barbra Streisand) e Robbie McIntosh (The Pretenders, Paul McCartney), mais o trombonista Trevor Mires também entraram na parada e dão canjas reforçadas pela cozinha do magic square Lance Ellington, Kris Drever, Beverley Skeete e Katie Kissoon, responsável pelos backing vocals
Quem curte e acompanha a carreira solo de Mark Knopfler, que vem dedicando-se a cantar com sua voz semirrouca mais baladas folk e blues do que rock, tenderá a achar que o nono álbum trouxe pouca diferença em relação à pegada dos anteriores, embora a qualidade sonora alcançada em cada nova composição pelos arranjos –que sempre casaram harmonicamente vários instrumentos, desde gaita de foles a violinos e violão dinâmico e flautas — continue impecável, reforçando a marca e o estilão do sir que está prestes a completar 7 décadas (fará aniversário em agosto) e que, além das canções que costuma cantar geralmente sozinho — sugerindo um certo gosto pela solidão e pelo recolhimento de quem é avesso às badalações, aos holofotes e aos apelos comerciais — dedica-se ainda a competentes trilhas sonoras como Local Hero (1983) e a mais recente, Altamira. Denor Souza, do blogue Tenho Mais Amigos que Discos, entretanto, notou em Down the Road Wherever uma reaproximação com os tempos do Dire Straits, uma pitada saudosista e um pulinho ao passado, conforme observou na resenha que publicou em janeiro deste ano e que na sequência desta matéria poderá ser lido na íntegra, conforme poderá ser conferido por quem acessar o linque http://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2019/01/03/mark-knopfler-down-the-road-resenha/:
Quando anunciou seu nono lançamento de estúdio, Mark Knopfler despertou a atenção dos fãs ao sinalizar que o disco apresentaria como novidade alguns elementos de jazz, funk e finalmente, uma inclinação maior para o rock, algo que o guitarrista britânico, ex-líder do Dire Straits, pouco fez em sua carreira solo.
Avesso a grandes turnês, não se prendendo ao legado fantástico de sua ex-banda, Mark construiu sua discografia em discos dedicados quase que totalmente à música com influências do folk, em vários momentos até deixando a sua guitarra de lado e dedilhando sua obra no violão com cordas de aço, passeando pelo rock clássico à sua maneira, com seu jeito único de tocar e seu vocal peculiar.
Down The Road Wherever, produzido por Guy Fletcher, que também esteve à frente de Tracker, lançado em 2015, abre um grande livro de memórias, traz um punhado de excelentes faixas, sendo que algumas inevitavelmente nos levam aos bons momentos do Dire Straits, como The Trapper Man, Back On The Dance Floor, Good On You Son, Bacon Roll e Nobody Does That.
One Song At A Time, que merece atenção especial, coloca na mesa as lembranças dos primeiros dias da ex-banda, em Deptford, costurando na letra a narrativa saudosista, passeando pelas ruas da cidade em 1979.
Voltando ao lado mais tradicional da carreira solo, Slow Learner, Every Heart In The Room e Matchstick Man são boas canções enraizadas no blues, com momentos mais calmos e de igual importância no disco.
Apesar de “inovações” como Heavy Up e Rear View Mirror, que ficam deslocadas nos quase oitenta minutos de música de Down The Road Wherever, as influências do folk e do blues ainda dominam, dessa vez somados à boa dose de nostalgia na sonoridade que os fãs mais saudosistas celebram.
Mark Knopfler sempre fez discos extensos e dessa vez não foi diferente. É a sua forma de contar histórias e, dessa vez, com um grande chamado às suas próprias experiências.
O disco saiu nos formatos simples, LP duplo (com uma faixa bônus), CD deluxe (com duas faixas extras) e em um box que inclui o álbum em LP e CD deluxe. Essa caixa vem com um EP de 12 polegadas com quatro músicas bônus, impressões da capa e tablaturas de algumas faixas.
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