1510 – Conheça e baixe o álbum Canção Atual, de André Luís (SE), ligado à terra e à gente que dela vive

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Primeiro disco do cantor e compositor sergipano que atualmente reside aos pés da Serra da Mantiqueira traz, ainda, um tributo à memória de Jacinta Passos, jornalista e poetisa baiana que mesmo trancada em manicômios jamais deixou de erguer sua voz e de lutar por causas libertárias

 

(…) o meu canto é flecha/a viola, canoa/ponteando navego/versos e orações/que conspiram o sonho/um só povo/ um só chão/esperança que eu vivo pra cantar”

Voz da Mata, de André Luís e Felipe Bedetti

O cantor e compositor André Luís, sergipano de Aracaju, radicado em Pocinhos do Rio Verde, no Sul de Minas Gerais, lançou, em fevereiro de 2021, Canção Atual, o primeiro álbum da carreira. Distribuído pelo selo Tratore, o disco está disponível nas plataformas digitais depois de ser gravado, mixado e masterizado no Estúdio Bordão da Mata (Bordão da Mata/MG), com 10 faixas, e pode ser baixado do blogue Terra Brasilis 2, cujo linque estará ao final desta atualização. A direção e o design sonoro de Canção Atual são de Poli Brandani e do próprio André Luís, que gravou voz e violão ao lado de Alê Vilhena (voz), Rodrigo Sestrem (voz, flauta e rabeca) e Carlinhos Ferreira (percussão, flautas de PVC, rabeca de lata). Entre os parceiros, André Luís contou com Fernando Guimarães e João Bá, Daniela Lasalvia, Levi Ramiro, Ferreira e Sestrem. Os arranjos de base são de André Luís, exceto na faixa Cantiga de Amor Peregrino (de Fernando Guimarães) e Bendita Caminhada (de Levi Ramiro). A arte da capa é assinada por Mariana Brandani. 

André Luís já foi premiado em alguns festivais — como o Iº Festival Nacional de Cultura Campesina, promovido pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e o Festival de Música Ecológica de Piracicaba (Festeco) — e informou ao Barulho d’água Música que pertence mais às rodas de fogueira do que aos palcos. “Costumo me apresentar sempre em pequenos espaços, como também em encontros de agroecologia, economia solidária etc”. Em seu coração nordestino, trouxe ao se mudar para o Sudeste, bem guardadas, raízes armoriais que, hoje, busca mesclar com as paisagens mineiras para encontrar os tons definitivos de sua canção, inspirado por Tavinho Moura, Ivan Vilela, Fernando Guimarães, Dércio Marques, Geraldo Azevedo, Banda Pau e Corda e o saudoso Paulim Amorim, além das Folias de Reis.

Canção Atual elenca composições ligadas à terra e à gente que dela vive e abriga, ainda, uma homenagem à poetisa, escritora e jornalista baiana Jacinta Passos — militante, feminista nascida em Cruz das Almas (BA), em 1914, e que sempre cantou a vida e a liberdade, mesmo sob a opressão diária de eletrochoques, a partir de 1951, quando passou a sofreu crises nervosas periódicas e foi diagnosticada com esquizofrenia paranóide, doença considerada progressiva e incurável. Mas ainda que internada em diversos sanatórios, Jacinta não deixou de ser libertária e, por causa de sua valentia, acabou condenada aos manicômios.

O poema ao final desta atualização, para qual André Luis fez a música que resultou na faixa 2 (#2), com permissão de Janaína Amado, filha da poetisa, dá nome ao disco que, ao desembarcar nas plataformas digitais, o próprio André Luís apresentou como uma obra que “tem cheiro de queimado”, concebida para que “seja agradável a vocês, como incenso”. Antes do tributo a Jacinta, ouve-se na abertura Burrinho Pedrês (#1), um diálogo com o conto de mesmo nome, do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa — autor, ainda, de Grande Sertão: Veredas. Para André Luís, o conto roseano é uma pequena obra-prima, no qual “o fardo carregado pelo burrinho simboliza o peso dos dias, o peso do mundo, a labuta e a perseverança da gente que mexe com a lida, a quem eu dedico essa canção”.

A canção Voz da Mata (#3), por sua vez, é uma parceria com “o curumim de 300 anos e curupira @bedettifelipe [Felipe Bedetti, cantor e compositor mineiro] que me mandou a melodia enquanto eu lia Memórias do Fogo”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor também do clássico As Veias Abertas da América Latina.

Alma Rio (#4), premiada no I Festival de Música Ecológica de Piracicaba (Festeco), foi escrita com o parceiro de “música e de alma João Mendes Rio, no leito de mármore do Rio Amarelo, na Terra das Águas, bem próximo à nascente do Velho Chico, na Serra da Canastra”. É dedicada “ao nosso Ganges”, em alusão ao rio cujas águas são consideradas sagradas pelos indianos; o Ganges é um dos principais do subcontinente Indiano, dos vinte maiores do mundo em caudal, com mais de 2.500 quilômetros (km) de extensão rumo ao Leste, pela planície do Ganges, do Norte da Índia até ao Bangladesh.

Já o São Francisco, de 2.830 km da nascente até desaguar no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, abrange a maior parte do semiárido nordestino, além de banhar os estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, cortando 507 municípios onde vivem, aproximadamente, 13 milhões de pessoas. Em seu curso, o Velho Chico tem maravilhas como a cachoeira Casca D´Anta, a sua maior queda d’água, que se forma quando deixa o seu “berço” em sua nascente histórica, em São Roque de Minas Gerais. “Fica bem perto de nossa Terra das Águas, na Canastra. São Francisco nasce cachoeirando já, praticamente. É um milagre maravilhoso.”, encanta-se André Luís. 

Mendes Rio retorna em Semeador (#5), na qual “eu venho chamando a terra, ele vem chamando as águas”, originalmente gravada como instrumental, “mas mantendo esse momento de poesia.”

Em Filha do Barro (#6), André Luís fez a música para a poesia, atendendo ao pedido da amiga Franciele Rayane [@franflorestelar], que ele carinhosamente trata por “fadinha das ervas”. Florestelar comparece, ainda, em parceria na música Romança (#7). “Ela escreveu um poema curto, quase um haicai, livre, leve, tão bonito, sobre um momento muitas vezes delicado, mas que pode ser também bonito e amigo”, contou André Luís. “Eu praticamente já li cantando, porque me tocou, e porque os versos se encaixavam perfeitamente numa melodia que há poucos dias eu tinha acessado numa cachoeira.”

A Cantiga de Amor Peregrino (#8) e Bendita Caminhada (#10) foram compostas em parceria com Fernando Guimarães, que André Luís considera “manomestre”. A oitava faixa é uma cantiga contemporânea ou, ainda “anticantiga, pois fala de um trovador que já não acredita no amor (romântico)” Bendita Caminhada fecha Canção Atual. Thanizia Colares, esposa de Guimarães, deu o mote durante os trabalhos de preparação de um concerto da cantora Daniela Lasalvia: “Bendita seja essa caminhada que une quem é de mutirão” e daí nasceu a canção dedicada aos embaixadores de Santo Reis, com arranjos e toques de viola de Levi Ramiro.

Canção Atual conta, ainda, com a única parceria entre André Luís e João Bá, Cantiga de Paz Na Pedra Branca (#9). Baiano de Crisópolis, Bá também viveu em Pocinhos do Rio Verde e elegeu André Luís “poeta do vento” quando o viu passar em um cortejo de Reis. “Ele disse que tinha um pressentimento, que ia ter uma novela baseada aqui nas paisagens da Mantiqueira. Como loucura pouca é bobagem, talvez por isso, a canção veio assim com cara de abertura de novela:

Vai, poeta do vento/No auge da louvação/O céu de Mina é o mar/Basta polir a visão/No clima da Mantiqueira/A vibração das estrelas/Maré de luz na amplidão/A brisa levando as ondas/Nossa canção verdadeira/Pressentimento e paixão/Luz do manto do luar/Pedra Branca pede paz/Nosso amor, nossa paixão/Nosso amor, nossa paixão/Pedra Branca, Rio Verde/Caldas de Minas Gerais/Nossa canção pede paz/E a Pedra Branca também

Cantiga de Paz na Pedra Branca, André Luís e João Bá

Plantei meus pés foi aqui/amor, bem aqui, neste chão./Não quero a rosa do tempo aberta/nem o cavalo de nuvem/não quero/nem as cores que a manhã roubou das tranças de Julieta./Este chão já comeu coisa tanta que eu mesma nem sei/bicho/pedra/lixo/lume/muita cabeça de rei./Muita cidade madura/e muito livro da lei./Quanto deus caiu do céu/tanto riso neste chão/fala de servo calado/pisado/soluço de multidão/Coisas de nome trocado/ fome e guerra, amor e medo /esperança que ninguém largou/tanta dor de solidão/Muito segredo guardado/aqui dentro deste chão./Coisa até que ninguém viu/ai! tanta ruminação/quanto sangue derramado/vai crescendo deste chão/Não quero a sina de Deus/nem a que trago marcada na mão. Plantei meus pés foi aqui/amor, bem aqui, neste chão.

Canção Atual (Jacinta Passos / André Luís), faz parte da trilha sonora do documentário Jacinta Passos, se me quiseres amar, de Sergio Borges e Thiago Paulino, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=VxhFcoMPe3g

Ney Couteiro: “Recomendo ouvir esse trabalho com a alma aberta, com os sentidos plenos pra entrega musical!”

Atmosfera de épocas antigas e mágicas, por Ney Couteiro

Já tem uns dias que a vontade estava forte de ouvir um trabalho de um amigo e companheiro de estrada, André Luís.

Sempre fico buscando coisas novas para ouvir, para viajar e aprender, ou mesmo, somente para o deleite artístico. Sempre ouço, ora em casa, ora nas caminhadas, onde me entrego para as percepções novas do parque e das ruas.

O álbum, Canção Atual, foi a trilha desse momento. Uma atmosfera de épocas antigas e mágicas, que ecoam em nosso imaginário, tomou conta das minhas imagens mentais e me transpôs para os lugares secretos dos sonhos. Um ar armorial de Suassuna com sons de bodes elomarianos soaram entre vozes, paus e cordas…

Quando ouço um trabalho novo, deixo o primeiro momento para as sensações, depois, para a análise. Ouvi exatas três vezes o álbum todo, pois, a cada audição, uma nova informação me chegava: ora uma voz conhecida de Dani, ora uma outra de Guimarães. Ora um modalismo de outro tempo, ora um caminho harmônico dentro do conhecido tonal. Ora um sopro canoro, ora um beliscar de muitas cordas.

O lado técnico sonoro deixo para os chatos falarem, pois a música supre com distante vantagem esses detalhes, caso alguém sinta falta.

Recomendo ouvir esse trabalho com a alma aberta, com os sentidos plenos pra entrega musical!

Ney Couteiro é graduado em Composição e Mestre em Perfomance Musical (violão/arranjo) pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua nas áreas de produção, arranjo, composição, direção de vídeos, fotografia e educação e é instrumentista e regente. Com cinco álbuns lançados, fez diversas trilhas para cinema, teatro e dança. Possui prêmios nacionais em festivais de teatro e cinema como melhor trilha musical, e em fotografia, com fotos e ensaios nos mais importantes festivais do país como Paraty em Foco, entre outros.

CAMPO REPLETO DE FLORES

Meu irmão, sua música é como estar em um campo repleto de flores, me fez estar em vários lugares maravilhosos, doces melodias. Gratidão por esta obra! Todos precisam conhecer”.

Gilbão Leeu, músico de Poços de Caldas, cidade do Sul das Minas Gerais, que começou a carreira na música reggae em 2008, com a banda Leões de Sião,

Acompanhe André Luis nas redes sociais em

Instagram: @andre.luis.canta/Facebook: /andre.luis.canta

Links com informações que complementam esta atualização:

https://jacintapassos.com.br/

https://escolakids.uol.com.br/geografia/rio-sao-francisco.htm

http://terrabrasilis2.blogspot.com/2022/01/andre-luis-cancao-atual.html

https://www.facebook.com/gilbaoleeu

 

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