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O músico e cantautor Giancarlo Borba está lançando hoje, 14 de maio, o segundo álbum autoral da carreira, Por Onde Vamos, com canções que propõe reflexões sobre as crises sociais, políticas e ambientais. A apresentação está marcada para a cidade de Brumadinho (MG) e coincide com a chegada do disco às plataformas digitais pela distribuidora QUAE. Giancarlo Borba terá a companhia de músicos convidados e líderes indígenas e a renda da bilheteria será revertida para o apoio às retomadas indígenas Kamakã Mongoió e Xucuru Kariri na região. Com produção musical assinada pelo cantautor e direção artística de Sol Bueno, Por Onde Vamos traz provocações de um lugar no presente que reflete sobre quais caminhos a humanidade quer prosseguir. Se ainda não sabemos de um mapa ou ponto de chegada que contemple o pleno respeito à vida, no perguntar-se para onde ir pode habitar a poética de sonhar utopias que caminham. E talvez aí more o sonho do cantador: cantar utopias que caminham pode ser força e movimento para que corpos e vidas possam ser bom de bem viver e esperançar.
Com o álbum abrimos as audições matinais que promovemos aos sábados aqui no Solar do Barulho, redação do Barulho d’água Música em São Roque, estância turística do Interior de São Paulo. Em tempos nos quais discursos de ódio alimentados pelo segmento e agentes que estão no centro do poder executivo tentam calar vozes e ameaçam a democracia, Por Onde Vamos ecoa mais forte e necessário e é com essa poética que Giancarlo Borba abraça histórias de reivindicações sobretudo pelo uso social da terra, como um manifesto sonoro pelo respeito à dignidade da vida.
Gaúcho radicado em Moeda (MG), Giancarlo Borba nasceu na cidade de Herval (RS) e passou a maior parte da infância no Interior do estado, onde levava uma vida simples e morava em uma estação de trens desativada em seu município natal, na localidade conhecida como Vila Basílio. Naquela região iniciou, ainda adolescente, a trajetória dedicada à música, cantando e tocando violão (que aprendeu a tocar como autodidata) à luz de lampiões em “bailes de campanha”, lugares nos quais a energia elétrica nem havia chegado. Também durante esse período conheceu os primeiros assentamentos derivados de reformas agrárias, o que o influenciou seu fazer musical apoiado em profundas leituras sobre questões sociais conectadas à terra.
Em casa, ele cresceu escutando discos de vinil de Música Popular Brasileira e Regionais Gaúchas. Já em 1996 começou a compor em parceria com Osmar Hences — educador popular e professor de Filosofia, com grande conhecimento musical e poético. Essa parceria o amadureceu e trouxe para suas canções retratos críticos sobre fatos simples da vida do gaúcho a pé, daqueles que vivem do lado de fora das cercas dos grandes latifúndios, das minorias de poder. Com Hences, dividiu a parceria de todas as músicas de seu primeiro álbum, Milongador (2013).
Em busca de aprimoramento musical, em 1999 Giancarlo ingressou no curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de Pelotas e em seus bancos desenvolveu vários trabalhos, incluindo oficinas que visavam à construção de instrumentos a partir de materiais alternativos e luteria. Ainda em 1999 formou o Fuzarca, grupo com o qual construía os próprios instrumentos a partir de sucata, e participou de vários projetos, como o 277 da Prefeitura Municipal de Pelotas, no Teatro Sete de Abril, que resultou na gravação do programa Palcos da Vida da TVE-RS no mesmo teatro, além de vários programas de rádio e televisão em Pelotas e região. No decorrer dos anos, o cantautor fez várias apresentações com o grupo e também solo de voz e violão, além de se inscrever em festivais. Em 2012 participou do concerto e da gravação do DVD Tributo a Basílio, homenagem a Basílio Conceição em Arroio Grande (RS).
Em 2014, Giancarlo passou a integrar o conselho gestor do Projeto Dandô – Circuito de Música Dércio Marques, uma rede sustentável de música independente que já está em mais de 50 cidades do Brasil, Chile, Argentina e Portugal e que foi reconhecido com o Prêmio Brasil Criativo pelo Ministério da Cultura, em 2014. O trabalho dedicado à construção de instrumentos alternativos também culminou na pesquisa e criação do Pampeano Disco Sonoro, primeiro hand pan do Brasil, instrumento musical que chama a atenção pelo formato e sonoridade e atualmente é uma referência no país. Além de fabricar artesanalmente o artista toca o instrumento, que vem aprimorando a cada nova criação.
Giancarlo também atua como arte-educador popular da Rede Brasileira de Arteducadores (ABRA) e é um dos Coordenadores do projeto Cauê – Ciranda de Sabênças Populares na comunidade de São Caetano da Moeda Velha. É produtor musical e cultural e assina trilhas sonoras para dança e áudio visuais e eventos culturais, dentre eles o Dándole Cuerda – Encontro Latinoamericano de Cantautores que contou em 2018 com a presença de 16 artistas de oito países e o II Fórum do Bem Viver, encontro de arte-educadores com a presença de 50 pessoas de várias partes do Brasil e de outros países.
Milongador foi indicado ao Prêmio Açorianos e a participação de Giancarlo Borba em projetos coletivos de música no Brasil e em países da América Latina, sua atuação como ambientalista e arte-educador mais de 25 anos de estrada abriram janelas mundo afora que ampliaram sua expressão e apuraram sua percepção musical. Se no primeiro trabalho ele cantou sonoridades que refletiam o Sul do Sul, sem nunca ter saído da região, neste segundo álbum revela as andanças que, nos últimos anos, o fez peregrinar pelo Brasil e vários países vizinhos. Destas viagens e experiências surgiram novas parcerias, que se traduziram em uma linguagem sonora diferente, com elementos culturais de um país-continente vivo e presente em uma América Latina colorida e diversa. Para o cantautor, seu novo perfil expressa uma pegada folk brasileira – latino-americana, com raízes na música do Sul.
Por Onde Vamos é temperado por influências de ritmos da região natal de Giancarlo, com referências à milonga, ao chamamé, à zamba e à chacarera, além do diálogo musical que incluiu arranjos criados e executados por músicos de várias partes do Brasil. A diversidade de instrumentos utilizados – a maioria executada pelo autor do álbum – promove uma música regional que, no caminhar, torna-se universal, continua em busca de conexão constante com referências universais. Baixo acústico, bombo leguero, clarinete, flautas, udu, didgeridoo, berimbau de boca, shruti box, violão, guitarron, cuatro venezolano, charango, viola estão presentes nos arranjos das doze faixas.
O novo disco abraça histórias de reivindicações pela terra, e reúne composições inéditas – dentre elas parcerias com Déa Trancoso, Sol Bueno, Paulo Nunes, Martim César, Alan Otto e Raquel Laurino. Acordem Meninos, uma das canções, está na trilha sonora do longa-metragem recém-lançado pelo diretor Sílvio Tendler, A Bolsa ou a Vida. Também é marcante a releitura de uma canção do grupo Tambo do Bando e outra de Pedro Munhoz, além de versão em português da canção Soltar, da argentina Analia Garcetti. Para finalizar o álbum, Giancarlo Borba contou com apoio da Lei Aldir Blanc (LAB), importante conquista da classe trabalhadora da arte e da cultura.
Serviço: Lançamento do álbum Por Onde Vamos
Data: 14/maio, 18h
Local: Pousada Verde Folhas – Casa Branca/Brumadinho
Ingressos: R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia) na bilheteria e no site: https://www.sympla.com.br/show-de-lancamento-do-album-por-onde-vamos-de-giancarlo-borba__1567421
Informações: 31 99973-7653