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Xeque Mate. segundo trabalho do baterista e músico paulista Mário Negrão Borgonovi, comemora os 50 anos de carreira do músico. À época do primeiro, Madeira Em Pé (1980), o autor ainda assinava apenas Mário Negrão e trouxe a público um álbum autoral considerado como um dos pioneiros da música instrumental brasileira, revelando um olhar musical sobre o meio ambiente, Conhecido como músico de estúdio, passou boa parte de sua carreira tocando com astros da música popular brasileira como Baden Powell, Antonio Adolfo, Paulo Moura, Raphael Rabello, Carlos Lyra, Claudete Soares, Clara Nunes, Chico Buarque, Egberto Gismonti, Leila Pinheiro, MPB-4, Paulinho Nogueira, Quarteto em Cy, Rosinha de Valença, Sérgio Ricardo, Toquinho, Vinícius de Moraes e Orquestra Sinfônica Brasileira, entre tantos outros. Agora, fez questão de observar que Mário Negrão foi uma marca que o acompanhou durante toda a carreira, pois Negrão é o sobrenome de sua mãe, mas neste segundo resolveu homenagear o pai, já falecido, motivo pelo qual o sobrenome dele, Borgonovi, é usado no álbum e na assinatura.
Disponível em formato físico e nas plataformas digitais pela produtora e gravadora Kuarup, Xeque Mate mostra músicas sobre o foco da bateria, seu instrumento de devoção; um exemplar foi enviado graciosamente á redação do Barulho d’água Música pelo diretor artístico do selo, Rodolfo Zanke, en nome do qual agradecemos a toda a equipe da gravadora. As composições foram concebidas pensando na adequação da levada (groove) de samba com a condução rítmica nos pratos, o que conferiu às faixas uma estética típica de jazz. São nove músicas autorais. gravadas com arranjos dos maestros Gilson Peranzzetta, Cristóvão Bastos, Ugo Marota e Dom Salvador. O nome das músicas do álbum são lembranças da infância do autor, que na criação, fez correlações desses termos populares com a imagem sonora de suas composições. As gravações do disco foram feitas em três seções no estúdio Sérgio Lima Neto, em Araras, na cidade serrana de Petrópolis, no Interior do estado do Rio de Janeiro. Foram três seções, cada uma para três diferentes músicas, resultando nas nove gravações.
A primeira seção foi feita com arranjos do maestro Gilson Peranzzetta e as composições foram: Samba Livre, Sinuca de Bico e Fogo de Palha. A segunda teve arranjos do maestro Cristóvão Bastos: Xeque Mate, Agulha no Palheiro e Maria Sem Vergonha. Os maestros Ugo Marotta e Dom Salvador cuidaram da derradeira etapa, que reúne Perfume Barato, Bitola da Mogiana e Café do Dom; Café do Dom foi criada em homenagem ao pianista paulista Dom Salvador, que ganhou a tarefa de elaborar o arranjo, feito em Nova lorque, cidade estadunidense onde vive e enviado ao Brasil para a gravação sob a regência de Marotta. Os músicos convidados para as gravações foram: Gilson Peranzzetta e Cristóvão Bastos no piano acústico e arranjos, Adaury Mothé no piano acústico (Steinway), Jamil Joanes no contrabaixo elétrico, Sérgio Barrozo e Rômulo Gomes no acústico; Mário Negrão na bateria standart com três pratos ride (condução rítmica), Rafael Rocha no trombone, Marcelo Martins na flauta e saxofone tenor, José Canuto no sax alto, Mauro Senise na flauta, Ricardo Pontes na flauta e sax alto, e Jesse Sadoc e Altair Martins no trompete e flugelhorn.
ENGENHARIA NA GAVETA
Mário Negrão Borgonovi nasceu em Campinas (SP), em 1945. Começou a estudar acordeon aos cinco anos de idade com a professora Lúcia Gomes Pinto, sobrinha-neta do maestro Carlos Gomes, o mais importante compositor de ópera brasileiro da cidade do interior paulista. Depois se transferiu para a cidade do Rio de Janeiro na década dos anos 1960 para estudar Engenharia Agronômica e Florestal. Formou-se em 1968, mas começara a estudar bateria e no segundo ano da faculdade conheceu amigos na Cidade Maravilhosa, ligados ao jazz, gênero que se tornou muito importante para sua formação musical.
Com o diploma de Engenharia já em mãos, decidiu seguir a carreira de músico e se dedicou totalmente ao estudo como aluno do regente Guerra Peixe, na Fundação Museu da Imagem e do Som. Exerceu seus primeiros trabalhos como músico profissional em casas noturnas cariocas, período no qual foi aprovado em concurso promovido pela Orquestra Sinfônica Brasileira (1972), da qual foi estagiário durante dois anos. Em sua trajetória, acompanhou como instrumentista Baden Powell, Antonio Adolfo, Paulo Moura, Raphael Rabello, Carlos Lyra, Claudette Soares, Clara Nunes, Chico Buarque, Egberto Gismonti, Leila Pinheiro, MPB-4, Paulinho Nogueira, Quarteto em Cy, Rosinha de Valença, Sérgio Ricardo, Toquinho, Vinícius de Moraes, Arthur Verocai, Cristóvão Bastos, Luiz Eça, Mauro Senise e a Orquestra Sinfônica Brasileira, por exemplo.
Macieira de Pé, seu primeiro disco solo autoral, saiu em 1980, lançado no Japão por meio da PVINE RECORD’S. Em 2012, Negrão ganhou o 1° Prêmio no Festival de Friburgo em 2000, com Samba Antigo, em parceria com o Miltinho, um dos MPB-4, e Paulinho Pinheiro. Em 2007, conclui estudos no Conservatório Brasileiro de Música pelo Centro Universitário, graduando-se em percussão e professor de bateria e percussão na mesma entidade entre 2008 e 2012. Foi percussionista da Orquestra da Universidade Católica de Petrópolis, entre 2002 e 2003. Possui mestrado pela Universidade UNIRIO (2014, com a dissertação O Prato Ride no Samba Carioca.