1544 – Aldy Carvalho (PE) lança Tempo-menino, quinto álbum da carreira, e estreita os laços entre o erudito e o popular mais uma vez

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As canções do petrolinense que também é escritor, cordelista e violonista, têm raízes fincadas no Nordeste e são revestidas por linguagem musical não estereotipada, cujas letras apresentam um interessante diálogo entre as peculiaridades de Euclides da Cunha, de Guimarães Rosa e Ariano Suassuna e a universalidade de Manuel Bandeira.

Depois da trilogia composta pelos álbuns Alforje, Cantos d’Algibeira e SerTão andante, o petrolinense Aldy Carvalho lançou Tempo-menino, álbum já disponível nas plataformas digitais e em formato físico com um belo encarte e ficha técnica das músicas, arte de capa e contracapa assinada pelo artista plástico e músico Ivan Jubran. A faixa título, Tempo-menino, é composição do próprio compositor e cantor pernambucano em parceria com Rubenio Marcelo, poeta e compositor cearense radicado em Campo Grande (MS) O álbum traz ainda apresentação do ensaísta e educador Ely Veríssimo. 

Neste novo disco desse cantador láááááá do sertão, como se auto apresenta o poeta e compositor beradeiro, encontramos também Guaxinim, que fez parte da trilha sonora do filme Cantigas: o Sertão e suas danças, do diretor Luciano Peixinho (Petrolina/PE, 2019), e Meu Sertão, parceria entre Aldy e o jornalista Humberto Mesquita para o documentário Descendentes do sertão (Brasil, 2021).

Aldy Carvalho, além de poeta, cantador e compositor, é escritor e violonista que mescla e condensa de maneira peculiar seu universo de origem, o Nordeste. A atmosfera nordestina se revela com uma linguagem musical não estereotipada e que nos apresenta um interessante diálogo entre o sertão e suas mazelas Euclidianas; o colorido sonoro de Guimarães Rosa; a alegria farsesca de Ariano Suassuna e o meio urbano com a temática universalizada de Manuel Bandeira. “Tive os primeiros contatos com a música através de meu pai, o compositor João Joaquim de Carvalho, que me despertou o gosto pelo universo popular: a prosa, a poesia, a música e o teatro”, conta Aldy, com orgulho das suas profundas raízes fincadas na cultura popular. “Neste universo residem informações importantes na minha formação e posterior influência na criação do meu trabalho de compositor, cantador. Meu trabalho de compositor, povoado de xotes, baiões, toadas, martelos, emboladas, toadas, modinhas, sagas e fábulas”, prosseguiu. “Um ajuntado de cantigas e imagens, o lirismo do Sertão, das léguas que andei”.

Em seu trabalho Aldy Carvalho procura harmonizar aspectos aparentemente díspares ou polarizados da cultura brasileira. E sem o saudosismo do retirante, consegue lançar um olhar urbano sobre a cultura popular, retirando daí a matéria prima de uma obra que estreita os laços entre o erudito e o popular, entre o regional e o universal, num movimento dialético que acentua a permanência dos polos concorrentes, sintetizados em canções que recompõem as veredas abertas por outros artistas. A discografia, além da trilogia já mencionada, contem ainda Redemoinho, afora a participação especial em Espelho d’água, do cantador Dércio Marques e nos volumes 5 e 6 da série Festivais do Brasil. Carvalho compôs música original para o documentário Memórias da boca, (São Paulo, 2015); para o filme Cantigas: o Sertão e suas danças, de Luciano Peixinho, e para o documentário Descendentes do sertão, de Mesquita.

A faceta literária do filho ilustre de Petrolina já brindou amigos e fãs como este blogueiro com livros de contos Memórias de alforje: 5 contos do cantador (Multifoco, 2018) e VIA-SACRA: O caminho da luz, em parceria com o poeta João Gomes de Sá (Nova Alexandria, 2019); os cordéis A História das Copas do Mundo em cordel (Luzeiro, 2010); A Ganância de um Preguiçoso (Luzeiro, 2011) e No Reino dos Imbuzeiros (Luzeiro, 2011). Seu poema/música Giralume foi inserido na obra didática Campo Aberto: Educação do campo: 4° e 5° anos, pela Global Editora.

O ensaísta e educador Ely Veríssimo, em apresentação do álbum, assim falou do cantador:

Tempo-Menino é como uma caixa de brinquedos guardada no sótão da nossa memória e que, um dia, procurando outra coisa, encontramos, maravilhados, aquele tesouro que pensávamos perdido. E reconhecemos, no desgaste dos cantos, da caixa e do cantor, o sentimento que experimentamos na primeira vez que brincamos. Estão, lá, nossos cenários heroicos, em que enfrentamos vilões e dragões pra defender a bem-amada; o cheiro de terra molhada nos dias de chuva, o alarido das brincadeiras e das festas, mas, também, o desejo de mudar o mundo. Estão lá os primeiros amores e as primeiras dores que eles, invariavelmente, causam.

Mas, esse tempo-menino, que já foi nosso tempo e não é mais, é contraditório também porque surge congelado, como um retrato na parede que vai ganhando movimento à medida em que os pífaros, a zabumba, a sanfona e a rabeca começam a tocar e produzir aquele incontrolável balanço cintura abaixo. E o que era retrato imóvel, ganha forma de matinê de cinema. E a criança madura que antes apenas sentia, pela retina cansada da vida, a textura dos brinquedos, agora é o próprio brincar na sonoridade que rompe a tessitura do tempo do trabalho e reinstala o tempo da vida, do tempo menino, inconsequente como Eros.”

Mais adiante, Veríssimo acentuou:

Aldy guarda-se do presente bárbaro no amor das coisas, do corpo, do idílio, do sonho, enquanto finca as estacas do porto sempre por achar, dos trilhos que o trem há de percorrer na direção da utopia. Se o presente nos parecia ausente em sua obra, é porque ele não pode ser dito, mas apenas vivido, percorrido, sofrido. É nele, porém, que se desenha o futuro, andante, semovente, como o sertão do poeta”.

Outros críticos fazem coro a Veríssimo e também não poupam elogios mais do que merecidos:

É um trabalho diferente do chamado forró, quase sempre vulgar e barulhento demais. Seu canto é sereno, sua voz é limpa, bonita, melodiosa, agradável”, na opinião de Dirceu Soares, do já extinto Jornal da Tarde (SP).

Sua voz tem timbre original. Seus versos são inspirados, seu jeito natural. É hora de se falar direto ao coração, os bons poetas sabem disso”, assinou Júlio Lerner, jornalista, produtor e apresentador de programas de rádio e televisão da cidade de São Paulo.

Uma das coisas lamentáveis no mundo artístico é que artistas de valor, que fazem os maiores sacrifícios para chegarem ao disco, tenham seus trabalhos esquecidos na batalha da divulgação. Aldy Carvalho é autor de todas as faixas. Todos são temas bem brasileiros das coisas simples que coloca numa forma enternecedora dentro de arranjos perfeitos para a excelente formação que arregimentou”, opinou Aramis Millarch, do jornal Estado do Paraná.

Os contatos para contratar apresentações e adquirir as obras de:

Aldy Carvalho podem ser feitos pelo endereço eletrônico pazinko@gmail.com. Há mais informações sobre ele em http://www.aldycarvalho.blogspot.com;

https://m.facebook.com/aldy.carvalho;

e https://open.spotify.com/artist/0ZgbXQKrj3idC91dmj5jEs

Leia na revista Ritmo Melodia entrevista de Aldy Carvalho ao jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa, em fevereiro de 2017:

https://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/aldy-carvalho/

Saiba mais sobre Aldy Carvalho aqui no Barulho d’água Música ao clicar no linque abaixo:

 https://barulhodeagua.com/tag/aldy-carvalho/

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